- A Globo recebeu em torno de 80
ligações telefônicas com queixas contra a novela. Entre as reclamações: Felipe
Barreto (Antonio Fagundes) não deveria tentar seduzir Márcia (Malu Mader) de
maneira tão sórdida; um ator como Fagundes não poderia interpretar um vilão; a
abertura da novela soava indecente por remeter à figura de Hitler; e Gilberto
Braga era imoral demais para o horário nobre.
- Após a estreia da novela, a Delegacia
Especializada em Crimes contra a Mulher, de Belo Horizonte, fechou uma agência
de encontros, que leiloava uma virgem de 18 anos por Cr$ 200 mil, em anúncio publicado
no Estado de Minas, jornal de maior circulação regional. Em depoimento, o proprietário
da agência negou que o anúncio fosse verdadeiro: era apenas uma estratégia de
marketing, inspirada em O Dono do Mundo.
- A crítica tratou de buscar
semelhanças entre Felipe Barreto (Antonio Fagundes) e o cirurgião plástico Ivo
Pitanguy. Gilberto Braga desmentiu a inspiração em um dos diálogos da novela,
quando uma personagem exclamava: “Se o doutor Ivo Pitanguy cruzasse no corredor
com o doutor Felipe Barreto, nem o cumprimentaria”. O aclamado cirurgião da
vida real também se posicionou: “O cirurgião da novela não tem ética, é um
estereótipo grosseiro, e isso ajuda a transmitir uma impressão negativa dos
médicos da nossa especialidade”.
- Em julho de 1991, a advogada Sulema
Mendes de Budin entrou com uma medida cautelar para retirar O Dono do Mundo do ar, alegando que a
novela não se adequava ao horário em que era veiculada, com base no artigo 84
do Código de Defesa do Consumidor, sobre “impedimento de atividades nocivas”, e
no artigo 221 da Constituição, que prevê “respeito aos valores éticos e sociais
da pessoa e da família”. A medida não fora aceita pelo juiz Ely Barbosa, da 58ª
Vara Cível do Rio.
- Já no município de Nova Iguaçu, no
Rio de Janeiro, um movimento Pró Felipe Barreto fora criado pelo comerciante
José da Silva Gomes. O slogan da campanha era “não deixemos que este homem seja
destruído por gostar de mulher”. A
intenção era impedir a derrocada de Felipe. O movimento fora publicado em um
jornal carioca e rendeu 400 telefonemas com mensagens de apoio; a maioria, de
mulheres.
- Beija-Flor (Ângelo Antônio), a
princípio, um surfista ferroviário, se tornou exemplo de honestidade para o
brasileiro, diante de sua conduta incorruptível ao longo da novela. A Globo se
apressou em colocar no ar uma campanha exaltando o resultado de uma pesquisa
sobre corrupção do Ibope, que enalteceu o fato de Beija-Flor ter se recusado a
receber comissão pela compra de um equipamento para a produtora em que
trabalhava. 74% dos entrevistados aplaudiam a atitude do personagem.
- Por outro lado, o público repudiou
as cenas de assalto a um edifício, levadas ao ar em 23 de novembro de 1991. O
assaltante Valdomiro (Jandir Ferrari) invadia o apartamento de Constância
(Nathália Timberg) e fazia Zoraide (Jaqueline Lawrence) de refém. Assim,
conseguia também adentrar o apartamento de Olga (Fernanda Montenegro), onde
contava à Stella (Glória Pires), que após um período preso, no qual tentou se
regenerar, voltou ao crime para se vingar da morte de sua filha, com uma bala
perdida. O diálogo foi interpretado como apologia ao crime e a cena acusada de
ser “excessivamente verídica” para um programa de entretenimento, exibido num
horário em que as crianças ainda estão vendo TV. Leonor Bassères defendeu a
sequência, dizendo se tratar apenas de um gancho folhetinesco para envolver
Stella (Glória Pires) em uma situação de perigo.

- Em 1997, a Volkswagem aproveitou-se da ideia disseminada na abertura de O Dono do Mundo para lançar o novo Polo Classic Sedan, com o veículo fazendo as vezes de Chaplin. *
* colaborou Wesley Vieira
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