terça-feira, 30 de setembro de 2014



Nem só de novelas vive o Viva. Programas de humor e atrações musicais comumente ocupam lugar de destaque na grade do canal e tem suma importância para o seu desempenho na audiência. A produção dos novos episódios do Sai de Baixo, por exemplo, ocorreram após o sucesso da reprise do dominical. O mesmo vale agora para o Globo de Ouro Palco Viva, que estreia em novembro.

A TV Globo, além do seu vasto acervo dramatúrgico, possui inúmeros programas voltados para o entretenimento. Por que não dispor cada vez mais deste conteúdo no Canal Viva? Por que não deixar de lado os importados, e exaustivamente reprisados, Obsessivos Compulsivos e SOS Babá (para ficar apenas nestes dois exemplos), e investir em produtos nacionais, já exibidos pela Globo com grande repercussão e que serão, certamente, alvos certeiros da audiência no Viva?


É para apontar possibilidades ao canal que criamos O Viva Que Eu Quero Ver, seção que estreia agora aqui no blog. E, para dar início a esta coluna, voltamos aos anos 90 e trazemos para vocês leitores uma das atrações de maior apelo na época, pela inovação que propunha e o burburinho que causou: Você Decide!


Vale a pena decidir de novo
Reprise do Você Decide merece espaço no Viva

“Vale a pena ver de novo, ligar de novo e decidir de novo”. As irritantes chamadas que promoviam a volta do Você Decide ao ar, substituindo as novelas do Vale a Pena Ver de Novo, ainda estão vivas na memória do público que torceu o nariz para a reprise da atração e a deixou com o estigma de fracasso. Ledo engano. Exibido à tarde, sim, podemos dizer que o Você Decide fracassou. Mas enquanto esteve no ar no horário nobre, apesar da queda de audiência ao longo dos anos, o programa passeou tranquilamente pelo caminho do sucesso.

A queda de audiência citada, é importante ressaltar, fora totalmente proporcional ao declínio de qualidade que dominou as últimas temporadas do programa. Os episódios cômicos, que ocuparam a maior parte do período de exibição no Vale a Pena não agregaram em absolutamente nada à história da atração. Fazem parte dessa fase a série “Transas de família”, como José de Abreu e Maria Zilda, “Seria trágico se não fosse cômico”, com Betty Faria e Mário Gomes, “O doce sabor do sucesso”, com o cantor Alexandre Pires (em desempenho risível), e um, cujo título não me recordo, nem encontrei, no qual Marcello Anthony se veste de mulher para acompanhar a amante (Maria Padilha) em um retiro para mulheres. Também desta safra, os episódios que exploraram demasiadamente o erotismo, apostando inclusive na nudez de atores como Raul Gazolla (em “Vitória total e absoluta”) e Victor Fasano (em “Olha o passarinho”).

Destacam-se apenas, entre os cômicos, “Glorinha vai às compras”, que trouxe o talento de Cássia Kis Magro como a empregada doméstica que ganha um carro após fazer compras com o dinheiro dos patrões. E ainda os bons “Assim é se lhe parece”, com Fernanda Montenegro, “A mãe preta”, estrelado por Ruth de Souza (infelizmente, a menor audiência da reprise no Vale a Pena), e “A filha de Maria”, com Elizabeth Savala e Deborah Secco, exibido no Natal de 1999.

Você Decide bom, mesmo, foram os dos primeiros anos. Estes sim merecem ocupar a tela do Canal Viva. Recheados de polêmicas, o programa expôs diversos conflitos éticos e, trouxe, através do resultado de suas votações, um retrato do comportamento do povo brasileiro durante os anos 90.. Quem não se lembra de “Achados e perdidos”, episódio no qual Diogo Vilela fica com a mala de um companheiro de viagem, repleta de dólares. Entre ficar com o dinheiro, ou devolver, o público resolveu que o felizardo se aproveitaria da grana como bem entendesse. Na mesma época, o delegado que não sabia se entregava o filho criminoso à justiça (e no final, sua filha era a verdadeira bandida); a esposa que teme denunciar o assassino de um crime no motel, já que estava traindo o marido; o caso de incesto envolvendo Carlos Alberto Ricelli e Bruna Lombardi.

Os assuntos repercutiam dentro e fora do programa. Em 1993, a Polícia Militar do Rio de Janeiro conseguiu impedir a exibição de um episódio baseado na vida de Marli Pereira Viana, que, nos anos 70, provou a participação de um policial na execução de seu irmão. A própria Marli tentou barrar a exibição do episódio, “Sob o domínio do medo” (que acabou engavetado), para evitar a exposição de seu nome e uma possível deturpação dos fatos. No primeiro ano do programa, durante entrevista de Patrícia França com populares em Vitória (ES), nos famosos telões espalhados por cidades brasileiras, a Globo foi surpreendida com o testemunho de uma telespectadora que dizia ter sido coagida sexualmente ao realizar uma entrevista de emprego na Fundação Roberto Marinho, tal e qual ocorria no episódio daquela noite, “A cantada”, estrelado por Luiza Tomé. A veracidade dos temas, naquele momento, incomodava até mesmo a detentora do formato.

No caso de uma reprise no Canal Viva, certamente, os episódios “clássicos” da atração deveriam ser os primeiros a voltar. Há, claro, espaço para os mais recentes, desde que sejam bons. Haveria também a necessidade de se decidir a respeito do conteúdo da reprise: a apresentação, os telões e o resultado das votações seriam mantidos ou apenas a dramaturgia poderia ser levada ao ar? Neste segundo caso, poderiam optar por uma nova votação, talvez via internet, ou quem sabe, pela exibição dos dois finais (durante determinado período, três). E qual seria o melhor horário para a reprise do programa? Acredito que aos domingos, entre o Globo de Ouro e o Planeta Xuxa, seria o ideal. Essa faixa horário ficaria ainda mais turbinada!


Vale lembrar que a TV Globo pretende, segundo notas publicadas recentemente, retomar o Você Decide em 2015, o que inviabilizaria uma possível reprise no Viva. Caso isso não aconteça, no entanto, por que não “ver de novo, ligar de novo e decidir de novo”?

quinta-feira, 25 de setembro de 2014


Saudades dos lindos olhos...
Hoje é Dia de Maria é excelente opção para as minisséries do Viva

Fui telespectador assíduo de Meu Pedacinho de Chão, novela das 18h exibida este ano pela TV Globo, aclamada pela crítica e com audiência aquém da expectativa. Tudo o que Meu Pedacinho apresentava me seduzia: a trama singela de Benedito Ruy Barbosa; o desempenho irretocável do elenco; a produção de arte, figurinos, cenários e trilha sonora. Em todos esses aspectos, inclusive no texto, era possível notar a mão de Luiz Fernando Carvalho, um dos mais “inquietos” diretores da atualidade. Meu Pedacinho me remetia à outra obra, de grande sucesso, também dirigida (e desta vez, roteirizada) por Luiz Fernando: Hoje é Dia de Maria.

Os animais em forma de marionetes, a cantoria dos personagens, as tomadas de câmera, a trilha composta por Tim Rescala... Há muitas semelhanças no trabalho de Luiz Fernando Carvalho, à frente das duas produções. Hoje é Dia de Maria, no entanto, talvez por ter vindo antes, era muito mais interessante, lúdica e extremamente encantadora! Tanto que, dentre os aficionados em teledramaturgia, é praticamente uma unanimidade. E, por este motivo, dentre tantos outros, seria uma excelente opção para a faixa de minisséries do Canal Viva. Faixa esta que, infelizmente, fora posta do lado, desde que se iniciou a exibição de seriados às 23h10, em maio deste ano.

Desenvolvida por Luiz Fernando em parceria com Luís Alberto de Abreu, com base nas obras de Carlos Alberto Soffredini, Hoje é Dia de Maria abriu as comemorações dos 40 anos da TV Globo, em 2005. Na fábula, Maria (Carolina Oliveira) nutre esperanças de que sua Madrasta (Fernanda Montenegro) possa lhe dar todo o amor do mundo e livrar seu pai (Osmar Prado) da bebida. Mas a Madrasta, como em toda história infantil, é muito má. Desiludida, Maria parte em busca das franjas do mar e cruza com Asmodeu (Stenio Garcia), o “coisa ruim”, que lhe rouba a infância, fazendo com que ela, em um passe de mágica, se torne adulta (nesta fase, Maria esteve nas mãos de Letícia Sabatella). Crescida, Maria se apaixonada por Amado (Rodrigo Santoro), cuja triste sina implica em uma mutação bastante peculiar: durante a noite, é humano; quando o dia clareia, se transforma em pássaro. Maria adulta também se envolve com os irmãos saltimbancos Rosa (Inês Peixoto, que esteve em Meu Pedacinho de Chão, aliás) e Quirino (Daniel de Oliveira), que, apaixonado pela moça e influenciado por Asmodeu, aprisiona Amado, selando o fim da história de amor de Maria e seu pássaro.

Inúmeros detalhes me atraíram para a minissérie: Fernanda Montenegro estava fantástica como a Madrasta; Carolina Oliveira se revelou uma grata surpresa dando vida à pequena Maria; e as transformações de Asmodeu, vivido, além de Stenio Garcia, por André Valli, Emiliano Queiróz, João Sabiá e Ricardo Blat, com cada ator representando uma das diferentes faces do personagem.

O sucesso dessa primeira jornada foi tamanho que, no mesmo ano, na semana da criança, uma nova aventura foi ao ar, desta vez com Maria migrando para a cidade grande. Não vi nesta continuidade o mesmo brilho da trama inicial. Mas nada que prejudicasse o conjunto da obra. Neste desdobramento, mais uma vez, se sobressaiu o talento de Fernanda Montenegro, como Dona Cabeça, que acompanha Maria em toda a sua jornada e também narra a história, tarefa que coube a Laura Cardoso na primeira etapa da minissérie. Seria extremamente interessante se o Viva programasse Hoje é Dia de Maria para o mês da criança, haja vista que o canal sempre procura enaltecer a data com programação diferenciada (este ano, por exemplo, teremos Xuxa em dose dupla, no Globo de Ouro e no Planeta).


As crianças que acompanham o Viva merecem atenção especial. A faixa de minisséries deveria voltar. Uma nova exibição de Hoje é Dia de Maria se faz necessária. E Luiz Fernando Carvalho... Pra você, meu rapaz, palmas! Hoje e sempre!

terça-feira, 23 de setembro de 2014



Guarde este nome: Thiago Luciano. Parece familiar? É familiar sim. Thiago esteve no elenco de diversas produções globais, na última década. Seu trabalho mais marcante (acredito que não só para mim) foi o Ivan, motorista e cúmplice de Cristina (Flávia Alessandra), a grande vilã de Alma Gêmea. A partir de amanhã, Thiago volta a figurar nos créditos de uma produção dramatúrgica. Desta vez, como roteirista. É de sua autoria a série Meu Amigo Encosto, que o Viva estreia nesta quarta, às 21h, abrindo os seus investimentos em dramaturgia. Thiago atendeu ao nosso pedido para uma entrevista aqui no blog, que vai ajudar você a conhecer mais o autor e a obra em questão. Deixamos aqui o nosso desejo de muito sucesso para Meu Amigo Encosto e para o Thiago. Vamos te prestigiar, com certeza!

Thiago Luciano

- O grande público conhece seu trabalho em frente às telinhas, em novelas como Alma Gêmea e O Profeta. Como se deu a transição de sua atividade como ator para sua já premiada carreira de roteirista?

Realmente, minha carreira como ator foi o start para me aproximar de escrita. Ser ator, na essência, me ajuda muito a entender um personagem, pensar como ele. Na verdade me aproximei primeiramente da direção; aí depois veio o roteirista. E veio da necessidade de contar historias, de tirar das ideias e colocar no papel. E quando percebi que me envolvi com isso, escrevi o roteiro do longa Um Dia de Ontem, que foi uma aula pra mim. Pois eu não tinha técnica, fazia tudo de improviso e de intuição. Depois disso é que resolvi estudar as formas de escrita e conhecer as ferramentas pra poder usá-las da melhor maneira. É preciso primeiro conhecer pra depois desconstruir. E eu estava fazendo o contrário. Então comecei escrevendo curtas e rodando; daí escrevi dois longas que estou tentando captar. Na sequência, me bateu uma vontade grande de conhecer as ferramentas do teatro, e me aventurei, escrevendo duas peças. Uma já estou em busca de patrocínio para montar no ano que vem. Só depois com o boom de séries no Brasil, e acompanhando as séries de fora, é que resolvi investir nessa área e procurar conhecimento.


- Você participou do 1° Programa Globosat de Desenvolvimento de Roteiristas, em 2013, seminário que resultou na escolha de Meu Amigo Encosto para a grade do Canal Viva. Qual a importância do seminário no desenvolvimento de seu roteiro e de iniciativas do gênero para o mercado audiovisual?

Foi um programa muito importante pra mim. Pois foi ali dentro que criei a série Meu Amigo Encosto. Ao final do seminário do Robert Mckee, pediram projetos de série de TV para os participantes, pois alguns seriam escolhidos para participar dos laboratórios. Eu tinha alguns projetos de série junto com outros roteiristas e já tinha tentado vender; foi então que pensei que precisava de algo novo, fresco. Meu primeiro pensamento foi “Preciso de uma comédia!”, um caminho que ainda não tinha explorado. Nesse mesmo dia, durante o coquetel de encerramento tive o estalo da série. Então tive doze dias para entregar uma série criada para a GLOBOSAT. E com Meu Amigo Encosto entrei no laboratório. E tive a oportunidade de discutir o meu projeto com Marta Kauffman, Dan Halsted, Barry M. Schkolnick, e aprimorar a minha ideia, até fazer o pitching da série para todos os canais da GLOBOSAT. Foi então que o canal Viva se interessou.  É uma iniciativa importante para os roteiristas brasileiros. Poder ouvir um pouco do processo deles, que fazem tanto sucesso no mundo inteiro. E dessa forma podemos adaptar esse conhecimento para o mercado brasileiro.


- A série Meu Amigo Encosto foi aprimorada em uma writer’s room, da qual fizeram parte os roteiristas Tony Góes e Fausto Noro, além de Maria Carmem Barbosa, como consultora. O que tal processo agregou ao seu argumento original? Como manter a identidade do autor em um processo de discussão como este?

Trabalhei na sala com o roteirista Fausto Noro, que foi e é meu parceiro em outros projetos, com o roteirista Tony Góes e com a roteirista Helena Perin, que nos dava toda a assistência. Quem trouxe muita coisa pra gente e guiava o nosso writer’s room foi Jaqueline Cantore, sempre trazendo referencias e provocando o grupo para um melhor resultado. Uma coisa interessante e que nos preocupamos muito durante o processo foram os personagens. Gastamos quase dois meses apenas trabalhando os personagens, e isso faz uma diferença muito grande. Quando começamos a criar a escaleta e escrever os roteiros, todos já estavam íntimos dos personagens e contando a mesma historia. Quem também me ajudou muito no processo e acompanhou o trabalho desde o inicio até o final das gravações foi a produtora Mara Lobão. Ela virou uma parceira de trabalho mesmo. Tem uma visão apuradíssima sobre os roteiros e episódios prontos. Uma parceira que levo adiante.  Depois de todo o processo na sala, ainda sentei com a Maria Carmem Barbosa, que fez a supervisão. A gente trabalhou todos os roteiros, encontrando piadas e dando ritmo em diálogos. Um prazeroso encontro. Uma coisa interessante como criador da série é ver que a todo o momento eu não posso me fechar para que o projeto cresça. Muita coisa muda desde a sala que trabalhamos até o final das gravações e eu fiquei junto em todo o processo. Tudo o que veio a acrescentar eu tive que abrir e deixar o projeto crescer. Ele é vivo e não para nunca de ganhar corpo. Isso aconteceu quando o diretor Paulo Fontenelle entrou no projeto. O Paulo foi um cara que entendeu a série muito rápido e batemos uma bola boa. Então me abri para as novas ideias do Paulo e reescrevemos algumas coisas em prol do projeto. Sempre que um olhar novo e de confiança, como o dele, compra a briga do projeto, eu tenho que deixá-lo entrar de cabeça e usar suas ideias. E o fato de eu estar presente desde a criação até a montagem, faz com que a primeira ideia da serie continue viva. Não que tudo que está na tela tenha o meu dedo, mas eu não deixo escapar a ideia central. E o diálogo com o canal sempre foi muito saudável. Sempre lutando para ter o melhor projeto possível.


- Esta é a primeira produção de dramaturgia do Canal Viva, tradicionalmente conhecido por suas reprises. O que a série oferece aos tradicionais telespectadores da faixa de humor do canal, que abriga clássicos como Viva o Gordo e séries como A Diarista e Sai de Baixo?


Eu estou muito envolvido com o projeto e não tenho como olhar pra ele com o olhar virgem, de quem vê pela primeira vez. A gente nunca consegue ver a nossa obra com o frescor que merece ser visto. Meu Amigo Encosto é uma série para se ver em família. Tem o imaginário da maioria dos brasileiros que acreditam que os encostos existem e atrapalham a vida das pessoas. Tem a funcionária apaixonada. Muita confusão e gargalhadas, como diria o narrador da Sessão da Tarde. Um pouco de magia. É uma série fresca, com uma atmosfera própria. E espero que o público compre a ideia. A TV é feita para o público. Eles tem que se divertir.


- Para encerrar, gostaria que você contasse aos leitores do nosso blog um pouco mais sobre essa primeira temporada de Meu Amigo Encosto? O que podemos esperar dessa louca relação entre Ivan (George Moura) e Janjão (Danilo de Moura)?


Tenho que citar aqui que o Danilo e o George bateram um bolão. É muito bonito de ver o desenvolvimento dos personagens deles até o último episódio. Eles fizeram um ótimo trabalho. É sobre uma amizade improvável. Um cara como Ivan, solitário e com a vida de ponta cabeça, acaba encontrando um amigo. Mas ele é um encosto. Então nessa primeira temporada temos uma relação muito peculiar de um cara que tenta se livrar do encosto, mas ao mesmo tempo esse encosto é que esta movimentando a vida dele. Tirando Ivan da mesmice e levando-o para novas aventuras. Até se descobrirem amigos de verdade. Mas até lá muitas confusões acontecem. Tem a funcionaria de Ivan, Rosimary (Amanda Ritcher), que é apaixonada por ele e é um pouco sonsa. O Doutor Clint (Cadu Fávero) que é um encostologista e trata seus pacientes através de aplicativos criados por ele mesmo. Tem a Yolanda (Márcia Cabrita) na “União dos Encostos”, que é onde os encostos se encontram para trocar informações e prestar contas para a chefe. E ela fica apaixonada por Janjão. Então tem muita coisa pra acontecer nessa temporada. E o último episodio ainda tem um grande gancho para uma continuação. Tem bastante fôlego.  O mais interessante é que toda a equipe, os atores, o Paulo, a gente já conversa como se a segunda temporada estivesse certa. Já temos muita história pra contar. Dá pra seguir por muitas temporadas, porque é uma historia sobre amizade, sobre ter alguém ao seu lado. No caso do Ivan é um encosto. E não posso deixar de agradecer aqui o canal Viva por apostar nessa serie. A Leticia, Clarisse, Samuel. E todos empenhados para que seja um sucesso.


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O que vem por aí no Vivo no Viva!
Conheça nossas colunas, no ar a partir da próxima terça.

O Vivo no Viva iniciou suas atividades com muito sucesso, em um período de extrema efervescência para o canal: o da enquete que levou Tropicaliente à faixa das 15h30, a partir de novembro. Passado o burburinho em torna das reprises, e o especial que nós preparamos para que você fizesse a sua escolha, o blog abre sua “programação normal”.

Teremos novos posts, três vezes por semana (e vamos torcer para que as atividades paralelas não atrapalhem essa frequência!). Além de analisar e repercutir as atrações do Canal Viva, nós vamos também sugerir formatos, novelas, programas... Sim, porque de diretor de programação, todos nós, viciados em TV, temos um pouco. Principalmente quando se trata da grade do Viva, da qual, em geral, já sabemos o que esperar: produções consagradas já exibidas pela TV Globo. Nós sempre saberemos qual a melhor novela para aquele horário, qual programa de humor deveria voltar, e qual edição especial do Xou da Xuxa merecia ser reprisada.

Como nós não gostaríamos de sugerir nada sem contar com a participação dos leitores, convidamos vocês a participarem conosco dessa empreitada, enviando imagens, depoimentos, sugestões e textos para nossos contatos nas redes sociais: através do e-mail (vivonoviva@gmail.com), da nossa página no Facebook e de nosso perfil no Twitter.

Conheça agora as seções do blog!

 
A nossa análise dos programas exibidos pelo canal e das alterações de programação, estreias e tudo mais que for possível comentar!

Sempre que possível, iremos entrevistar celebridades que marcam presença no canal. Não deixem de conferir os depoimentos exclusivos de seus ídolos!


Você curtiu Damas da TV? Acompanha Viva o Sucesso? Tá ansioso pra curtir Meu Amigo Encosto? Vamos sugerir nesta coluna outras atrações que poderiam pintar no Viva. Use seu potencial criativo e nos envie sua sugestão!


Aproveitando o título da seção presente no site do canal, vamos resgatar as antigas colunas de fofoca das revistas especializadas em TV e trazer um painel completo de tudo o que está acontecendo no Viva!

Você sente falta das tramas que antecediam a novela da meia-noite? Vamos sugerir títulos para que, em breve, quem sabe, o Viva retome sua faixa de minisséries.

Aquela novela que arrebatou multidões, e que você deseja ver na sua madrugada, vai ganhar uma análise completa aqui.

Sabe aquela novela que tem a cara das outras já exibidas nessa faixa? Pois bem! Vamos relembrar títulos que queremos ver em breve nas nossas tardes!

Novelas que combinam com o público-alvo deste horário também tem vez aqui! As tramas que você deseja acompanhar à tarde estarão reunidas neste espaço.


Nem só de novela vive o Canal Viva! Queremos mais humor, musicais, variedades! Para os programas da linha de shows de temos esta seção!


A trajetória do Viva é revisitada nesta espécie de “documento histórico” das atrações já exibidas pelo canal. Um retrospecto dos programas e o depoimento do público viciado no Viva e dos envolvidos nas produções.


Ninguém quer ver Pecado Capital substituindo grandes sucessos. Mas e se houvesse uma faixa específica para tramas que, como o remake, não foram bem na audiência? Para o público aficionado em insucessos, propomos o Viva Cult!



Que tal uma faixa de novelas exclusiva para produções dos anos 70 e 80, que não foram sucessos estrondosos, mas ficaram marcadas na memória de quem as assistiu? Que venha o Viva Retrô!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014


Correndo por fora
Coadjuvante na enquete do Viva, Tropicaliente ganhará reprise

Surpreendendo a todos, Tropicaliente se sagrou vencedora na enquete promovida pelo Canal Viva para a escolha da próxima novela das 15h30. Como era de se esperar, os movimentos contrários à novela já tomaram conta das redes sociais. A expressão “era melhor ter ficado com Pecado Capital”, trama rechaçada pelo público em duas ocasiões, tem sido bastante empregada para definir a desilusão que a vitória de Tropicaliente causou, naqueles que esperavam por um folhetim mais antigo e ainda não reprisado (Lua Cheia de Amor) ou de maior repercussão (Despedida de Solteiro).

Honestamente falando, Tropicaliente é, dentre as três novelas que concorriam, a que menos me atrai. Sou grande fã de Despedida (que levou meus votos) e assistiria Lua Cheia, por conta da curiosidade que a novela me desperta, já que pouco me recordo de sua exibição original. Tropicaliente está mais fresca na minha memória, já que tinha mais idade em 1994 e acompanhei sua reprise em Vale a Pena Ver de Novo. A vitória da novela nos leva a refletir sobre duas questões: para que público o Viva exibe suas novelas e quem, de fato, acompanha as reprises?

No Facebook do canal, no post referente à enquete, haviam muitos comentários favoráveis à exibição de Tropicaliente. Vários internautas declaravam seu voto na novela, enquanto em perfis pessoais e no Twitter, noveleiros defendiam as outras duas tramas concorrentes. Agora, com o resultado oficial já divulgado, muitos vêm acusando o canal de fraude. Mas, haja vista as situações anteriores, envolvendo a escolha das novelas, podemos concluir que grande parte dos fãs do canal nunca estará plenamente satisfeita com o que é exibido. Mesmo sabendo quais tramas disputariam a enquete, o público insistia em clamar por outros títulos. E os que criticavam Pecado Capital, agora dizem que esta, ao menos, era mais curta do que Tropicaliente (apenas nove capítulos de diferença). Será que o público que realmente votou é o que está nas redes sociais questionando o que o Viva exibe ou o que se mantém apenas em frente à TV? Um exemplo do que estou dizendo é o repeteco de A Turma do Didi. Espezinhado na internet, elevou a audiência da faixa noturna em 119%, conforme divulgado pela assessoria de imprensa do canal. E aumento de audiência é o  que o Viva procura.

Por mais que vise atender aos pedidos dos fãs, na medida do possível, o canal sobrevive da audiência que não está nas redes sociais e sim nos aparelhos de TV por assinatura. Isso leva a crer, também, que o canal tenha dado um peso maior à determinados votos. Explica-se: na página da enquete, o votante, além de responder qual novela desejava assistir, era questionado sobre seu sexo, faixa etária e se já havia acompanhado ao menos uma das últimas três tramas do horário. Sabemos que tais novelas turbinaram os números da faixa vespertina: até História de Amor, Felicidade era a recordista de audiência das 15h30 e Anjo Mau, ao que parece, fez uma boa ponte entre as duas tramas de Manoel Carlos. É na manutenção desta audiência, advinda de uma determinada fatia do público (que o Viva conhece bem e pode mensurar em sua enquete), que o canal está interessado. Tropicaliente pode ter sido a mais votada apenas nesta faixa específica, para qual o Viva deseja falar. Isso também pode justificar a presença de Despedida de Solteiro no segundo lugar: a novela parece mais interessante ao telespectador das últimas três tramas exibidas no horário do que Lua Cheia de Amor, que pende mais para a comédia. De qualquer forma, há de se ressaltar a pouca diferença na porcentagem dos votos: Tropicaliente levou com 37%, Despedida, 33% e Lua, 30%, conforme divulgado pelo pesquisador de teledramaturgia Nilson Xavier, em seu blog no UOL.

É preciso levar em conta também os trechos que apresentaram as novelas no site do canal. Para o público que conhece bem as tramas, Tropicaliente pode não ser tão atraente. Para quem viu apenas as cenas publicadas na página da enquete, a novela de Walther Negrão soa melhor do que suas “rivais”: o pescador, sem sucesso em seu ofício, deseja voltar para a terra onde viveu um grande amor com uma grã-fina, a contragosto de sua esposa, enciumada com a situação. O vídeo de Despedida apostava no encontro dos quatro protagonistas com a prostituta Salete (Gabriela Alves), morta após a orgia; já o de Lua Cheia, trazia uma cena cômica de Genú (Marília Pêra), discutindo com um figurão em pleno camelódromo. Com a escolha dos trechos, talvez, o votante pode até ter sido sugestionado, sobre os temas abordados pelas novelas.


Muitas serão as suposições daqui até a estreia de Tropicaliente, caso o rumo das coisas não se altere novamente. O fato é que temos a próxima novela do Viva e que, acredito eu, os bons índices da faixa serão mantidos. Tropicaliente é novela de verão, perfeita para a época do ano em que estará no ar, e tem seus predicados, conforme ressaltado por Fábio Costa em seu texto-defesa, publicado aqui no blog por ocasião da enquete (leia aqui). Agradando a todos ou não, o refrão-chiclete da abertura voltará a ecoar, a partir de 10 de novembro, às 15h30 e 01h00.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

ESPECIAL

Tropicaliente parece, ao menos nas redes sociais, ser carta fora do baralho na enquete que irá decidir a próxima novela das 15h30. Concordo que, dentre as três concorrentes, esta seja a que menos apelo possui. Mas ainda assim, tem seu charme e merece voltar ao ar. Exibida em 1994, às 18h, Tropicaliente causava boa impressão com suas imagens do paradisíaco Ceará. Nem só de praia, no entanto, se fez a novela. Um bom elenco, encabeçado por Herson Capri, Sílvia Pfeifer e Regina Dourado; histórias que poderiam ser resumidas em duas linhas, mas que Walther Negrão, soube, habilmente, desenvolver; gratas revelações, como Carolina Dieckmann; e um vilãozinho de aterrorizar, Vitor Velásquez (Selton Mello). Figuras simpáticas como a de Franchico (Cássio Gabus Mendes), Gaspar (Francisco Cuoco), Adrenalina (Natália Lage) e Manuela (Cinira Camargo) deram o tom dessa novela ensolarada, que, embora não tenha ido bem em seu primeiro repeteco, merece uma nova oportunidade. E para convencer você a votar em Tropicaliente, o Vivo no Viva convocou nosso parceiro de longa data, Fábio Costa. É contigo, Fábio!
Fábio Costa foi, pode-se assim dizer, um dos primeiros amigos novelo-virtuais que fiz. Tão jovem quanto eu e tão interessado em novelas quanto eu, Fábio era tratado como referência em antigas comunidades do Orkut. Foi lá que nasceu nossa amizade, em uma conversa sobre a icônica Roda de Fogo, de Lauro César Muniz. E, coincidentemente hoje, Fábio estará à frente, representando a Editora Giostri, do lançamento do box “Obras completas de Lauro César Muniz”, que leva ao público os 16 textos teatrais que constituem a obra do autor. Apesar do compromisso com sua atividade profissional, Fábio encontrou tempo e atendeu ao pedido do blog: defender a zebra Tropicaliente aqui no #Team. Obrigado, Fábio, e sucesso, sempre!

#TeamTropicaliente
por Fábio Costa

Dentre as três novelas que concorrem à vaga atualmente ocupada por História de Amor nas reprises do canal Viva, Tropicaliente, de Walther Negrão, é a mais recente (foi ao ar em 1994) e, talvez, a menos desejada por boa parcela do público que rejeitou (em duas ocasiões) a reapresentação do remake de Pecado Capital (1998/99) e prefere produções mais antigas e marcantes.

Escrita pelo mesmo autor de Despedida de Solteiro (1992/93), que também concorre, e sem qualquer pretensão revolucionária tal qual sua “irmã”, Tropicaliente foi uma grande vitrine das belezas naturais do Ceará, cenário para o romance entre Ramiro Suarez (Herson Capri), um humilde pescador, e Letícia Velásquez (Sílvia Pfeifer), requintada, culta, de família rica, filha do empresário Gaspar Velásquez (Francisco Cuoco).

Os dois não puderam se casar e cada um foi para o seu lado, embora o sentimento não tenha deixado de existir. Letícia se casou com Jordí (Jonas Bloch), pai de seus filhos Vítor (Selton Mello), típico rebelde sem causa, e Amanda (Paloma Duarte). Ramiro se uniu a Serena (Regina Dourado) e com ela teve Cassiano (Márcio Garcia) e Açucena (Carolina Dieckmann).

Letícia volta a Fortaleza depois de anos afastada, viúva, e reencontra Ramiro. Isso prejudica as intenções do arquiteto François (Victor Fasano), que pretende se casar com ela. Ainda, as duas famílias se entrelaçam também graças ao romance que surge entre Vítor e Açucena. Vítor é um rapaz perturbado, afetado pela ausência do pai, por cuja morte acusa Letícia.

Cassiano, o filho mais velho de Ramiro e Serena, namora Dalila (Carla Marins), a bela filha de Samuel (Stenio Garcia) e Ester (Ana Rosa). Samuel é grande amigo de Ramiro e seu companheiro nas lutas pelos direitos dos pescadores da aldeia em que moram. Tem com Ester um filho, Davi (Delano Avelar), que trabalha na empresa dos Velásquez e tem vergonha de sua origem pobre. Em seu desejo de ascender socialmente ele fica noivo de Olívia (Leila Lopes), filha de Bonfim (Edney Giovenazzi), amigo de Gaspar, e Isabel (Lúcia Alves), típica perua, de bom coração e tiradas ótimas sobre tudo e todos.

Em meio a esses personagens encontramos uma das melhores figuras da história: Franchico (Cássio Gabus Mendes), um rapaz meio malandro, espertalhão, que não sabe bem de onde veio nem o que pretende, e se infiltra entre ricos e pobres. É ele, por exemplo, que ajuda François em seu romance com Letícia, bem como se aproxima de Gaspar para encontrar um jeito de vencer na vida sem fazer força.

Produzida num momento em que a dramaturgia global buscava outros cenários para suas tramas além do eixo Rio-São Paulo – Sonho Meu (1993/94), de Marcílio Moraes e Lauro César Muniz, sucesso que a antecedeu no horário, se passava em Curitiba –, Tropicaliente incentivou o turismo no Ceará a ponto de lotar os hotéis durante os chamados meses de baixa temporada.

Em especial, é compreensível que muitos telespectadores que desejem rever Tropicaliente pensem assim por ser esta uma novela que evoca a infância da geração que hoje gira em torno dos 30 anos. As novelas das seis marcam a memória afetiva porque em geral eram as que assistíamos ao chegar da escola ou das brincadeiras na rua com os amigos, têm um gosto de infância, e esta é uma época na qual em geral não temos o senso crítico que se apura com a idade. É meu caso pessoal, por exemplo; na época da novela eu contava apenas sete anos.

Acho que “vale a pena ver de novo” Tropicaliente – para aproveitar o nome da sessão de reprises da “mãe” do Viva – para apreciar o ótimo trabalho de Regina Dourado como Serena, protagonista da história ao lado de Herson Capri e Sílvia Pfeifer; a beleza desta, que melhorou como atriz a cada trabalho; o Franchico de Cássio Gabus Mendes e sua irmã Adrenalina (Natália Lage), em sua amizade com o filho de Bonfim e Isabel, Pessoa (Guga Coelho), embalados por Chico Science & Nação Zumbi com “A Praieira”; os mistérios guardados pelo velho pescador Bujarrona (Nelson Dantas); a trama folhetinesca irresistível que envolve Davi, Dalila, Samuel e Ester; ver jovenzinhas em início de carreira as futuras Jade e Maysa (de O Clone), Giovanna Antonelli e Daniela Escobar; a participação destacada de Cleyde Blota do meio para o fim da novela; o veterano Francisco Cuoco num papel interessante, de esteio da família e dos negócios, ao mesmo tempo em que não abria mão de aproveitar a vida.

Não foi exatamente uma novela marcante, que tenha se tornado clássica. Motivos para rever Tropicaliente são buscados mais em carinho pessoal, memória afetiva mesmo, do que em justificativas calcadas na história da teledramaturgia, e seu lamentável esticamento – fase em que o casal Ramiro e Letícia resolve viver junto, numa cabana na praia – prejudicou muito o saldo final. Mas nem só de clássicos vive a teledramaturgia, assim como nem só de clássicos deve viver um canal como o Viva.

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ESPECIAL

Dois nomes ajudaram a fazer de Despedida de Solteiro o grande sucesso que a novela foi. O primeiro, um jovem loiro, de cabelos longos, que em 18 capítulos levou às adolescentes da época ao delírio, e se tornou uma das marcas registradas da trama. O segundo, o grande capitão, aquele que esteve no comando desta “embarcação” tão complicada de ser conduzida, cuidando da produção e dando o tom correto ao texto de Walter Negrão. João Vitti e Reynaldo Boury participam, hoje, do especial sobre as novelas que disputam a vaga de substituta de História de Amor. Mais curiosidades sobre Despedida de Solteiro e sobre estes dois nomes da teledramaturgia brasileira você confere nas entrevistas abaixo.
Reynaldo Boury

Na galeria dos grandes nomes da teledramaturgia brasileira, Reynaldo Boury merece lugar de destaque. De auxiliar de câmera, passou a editor, até assumir, como diretor, a novela A Moça que Veio de Longe, na Excelsior (1964). Migrou para a TV Globo em 1970 e lá esteve à frente de grandes sucessos, como Selva de Pedra, a primeira versão de Sinhá Moça e Tieta. Até se deparar com uma nova missão: implantar, em tempo recorde, a novela das 18h que substituiria Felicidade. No comando de Despedida de Solteiro, Boury, mais uma vez, viu o sucesso bater à sua porta. Após um período no núcleo de teledramaturgia da TV Pública de Angola, migrou para o SBT, sendo hoje o responsável pela exitosa Chiquititas. Na manhã deste domingo, Boury, muito gentil e extremamente atencioso, respondeu a diversas perguntas sobre a novela de Walter Negrão e seus trabalhos atuais. Confira!

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- O senhor já “apagou incêndios” na TV Globo, como quando assumiu a direção do remake de Irmãos Coragem, já no segundo terço da trama. Podemos dizer que Despedida de Solteiro se deu após um “princípio de incêndio”: o cancelamento do remake de Mulheres de Areia, em virtude da gravidez da protagonista, Glória Pires. Como foi implantar Despedida de Solteiro, praticamente às pressas? Quais as suas recordações das primeiras reuniões, escalação de elenco, pré-produção e primeiras gravações? Sentiu-se satisfeito com o resultado final da novela?

Realmente, a Glória Pires faria as gêmeas, mas, por estar grávida a Globo abandonou o projeto e fomos requisitados para a Despedida de Solteiro. Nada muito complicado, pois estávamos acostumados a este procedimento. Em Tieta, as condições foram muito piores e deu muito certo. Aqui, a cidade cenográfica já estava praticamente pronta. Foi só adereçar os cenários para uma cidade do interior, pois Mulheres de Areia seria no litoral. Nada muito difícil em transformar uma peixaria em uma oficina mecânica. E o resultado da novela foi bom, pois alcançou a meta que a Globo desejava.


- Atualmente, em Chiquititas, além de um elenco de crianças e novatos, o senhor tem o jovem Ricardo Mantoanelli em sua equipe de diretores. Em Despedida de Solteiro, o ator Cláudio Cavalcanti e Carlos Manga Júnior, dois profissionais pouco requisitados para essas funções, eram seus parceiros na direção. E também tínhamos crianças (Fernanda Nobre e Patrick de Oliveira) e novatos (como Helena Ranaldi, João Vitti, Letícia Spiller e Rita Guedes). Qual a importância do “sangue novo” para a dramaturgia, tanto em frente, como atrás das câmeras? Como o senhor garimpou tantos bons nomes para Despedida de Solteiro?

Excelente elenco a Globo sempre tinha. Também foi fácil selecionar. Algumas novidades surgiram: Rita Guedes, João Vitti, Helena Ranaldi (vinda da Manchete) Letícia Spiller; todos com talento. Lembro muito bem que a Helena Ranaldi, tinha que dirigir um caminhão. Já viu, né? Boa coisa não podia sair. Rita Guedes vinha do interior, e falava um pouco “caipirez”. Mas ambas se saíram muito bem. Foi fácil administrar. A Fernanda Nobre foi uma “cria” nossa. Menina esbanjava talento. Então foi só ir administrando. Deu certo. Com os dois diretores também aconteceu o mesmo. Carlos Manga Júnior também se revelou. Pena que não seguiu na dramaturgia; preferiu dirigir comercial, bem mais rentável. Claudio Cavalcanti foi meu parceiro em outros trabalhos. Grande talento da televisão brasileira. Ricardo Mantoanelli está começando na dramaturgia e se saindo muito bem. A Patrulha Salvadora foi uma dificuldade que ele resolveu com maestria. Tem futuro. E garimpar talentos sempre foi o nosso objetivo. Com Carrossel e agora, com Chiquititas, isso está sendo realizado.


- Como tem sido seu trabalho à frente do núcleo de dramaturgia do SBT? A aposta no segmento infantil prosseguirá? E a qual linha se dedicará o segundo horário de novelas da emissora?

O SBT precisa manter este filão infantil. Precisamos sempre seguir a faixa etária dos 05 aos 10 anos. Renovando sempre, pois as idades vão subindo e é necessário manter as crianças com uma novela saudável, familiar, onde todos possam assistir sem constrangimentos: avós, pais, filhos e netos. Novelas realizadas por uma família, para as famílias curtirem. O segundo horário de novelas, com certeza, surgirá na hora oportuna. O Silvio Santos é um mestre e não deixará esta oportunidade passar.
João Vitti

Não há quem ouça falar de Despedida de Solteiro e não se recorde, imediatamente, do Xampu. O jovem de longos cabelos loiros, que estreava na TV naquele junho de 1992, teve uma passagem meteórica pela novela, mas que se tornou fundamental para o desenvolvimento de uma das tramas paralelas, a de Bianca (Rita Guedes, que também estreava). João Vitti se tornaria conhecido em todo o país. Despedida de Solteiro seria o primeiro passo para uma carreira de sucesso que inclui, dentre outros, o Lúcio, de Éramos Seis, o jornalista Serafim, de O Cravo e a Rosa, o Jorge Luiz, de O Direito de Nascer, o Paulo, de Essas Mulheres, e o Joabe, de Rei Davi (para citar, apenas, meus trabalhos preferidos do ator). Cotado para o elenco de Os Dez Mandamentos, próxima novela da Record, João arrumou um tempinho para conceder, via Facebook, seu depoimento sobre Despedida de Solteiro para o nosso blog.

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- Em uma recente entrevista ao jornal Extra, você declarou, a respeito da escalação de seu filho, Rafael Vitti, para a nova temporada de Malhação: “Sinto Rafael mais maduro aos 18 do que eu quando estreei, aos 25”. Acredita que hoje a TV está mais estruturada para amparar novos talentos? Como se deu sua estreia na novela e como vê o trabalho de seu filho, ao lado de Felipe Camargo, seu companheiro de elenco em Despedida?

Atualmente se tem um cuidado maior com a preparação do ator (seja ele estreante ou veterano) para uma obra na televisão. Há um preparo anterior com uma série de workshops que permitem ao ator iniciar seu trabalho com mais segurança e conhecimento sobre o personagem que irá interpretar. Por exemplo: o Rafael teve um mês de preparo com seus colegas de elenco da Malhação. Tiveram aulas de fono, expressão corporal, interpretação, música e até diálogos com psicólogo para entenderem o universo em que iriam trabalhar e lidar com tranquilidade com todos os aspectos que envolvem uma exposição de imagem na Globo. Eu, como espectador, quando assisto a Malhação, percebo o resultado desse preparo no trabalho de cada um desses meninos e meninas estreantes. Isso é maravilhoso e significa que a empresa está muito atenta ao aspecto humano do nosso ofício. Comigo, foi no susto. Me ligaram numa segunda-feira em São Paulo e na quinta da mesma semana eu vim para o Rio e já comecei a gravar no dia seguinte. Foi uma loucura. rsrs... E quando o Rafael me disse que o Felipe seria seu pai na trama, eu fiquei muito feliz e tranquilo. Uma feliz coincidência.


- Xampu, seu personagem em Despedida de Solteiro, integrava o núcleo principal da novela. Você contracenou, ainda que por pouco tempo, com grandes nomes, como Lúcia Veríssimo, Lolita Rodrigues, Paulo Gorgulho, Elias Gleiser, Felipe Camargo, Mauro Mendonça e Ana Rosa. Como era a convivência com tantos talentos nos bastidores? Quais suas cenas preferidas como Xampu?

Poxa, trabalhar com veteranos como os que você citou, foi maravilhoso, um grande aprendizado e ao mesmo tempo me trazia um senso de responsabilidade muito grande. Não posso deixar de citar o mestre Reynaldo Boury, diretor da novela, que me acolheu como um filho. Sou eternamente grato a ele por esse cuidado comigo. Gosto muito das sequências que o personagem Xampu é preso numa penitenciária. Gravamos durante uma semana no Carandiru e aquela vivência me marcou para o resto da vida.


- Por que João Vitti gostaria que o público votasse em Despedida de Solteiro para ser reprisada no Canal Viva? Quais os bons motivos que o público terá para ver, ou rever, a trama?

Adoro quando reprisam um trabalho meu. Sou mais benevolente comigo nas reprises. rsrs... Despedida de Solteiro é meu início na TV e seria bacana para as moças entre 30 e 40 anos hoje, reverem o Xampu, que naquela época era uma febre.





Em tempo: João está excursionando por algumas capitais, até dezembro, com a peça A Dama do Mar, de Henrik Ibsen (numa versão de Maurício Arruda Mendonça, dirigida por Paulo de Moraes). Em janeiro, estará em cartaz em São Paulo. E em novembro, poderá ser visto no longa O Lucro Acima da Vida.