Saudades
dos lindos olhos...
Hoje é Dia de Maria é excelente opção
para as minisséries do Viva
Fui telespectador assíduo de Meu Pedacinho de Chão, novela das 18h
exibida este ano pela TV Globo, aclamada pela crítica e com audiência aquém da
expectativa. Tudo o que Meu Pedacinho
apresentava me seduzia: a trama singela de Benedito Ruy Barbosa; o desempenho
irretocável do elenco; a produção de arte, figurinos, cenários e trilha sonora.
Em todos esses aspectos, inclusive no texto, era possível notar a mão de Luiz
Fernando Carvalho, um dos mais “inquietos” diretores da atualidade. Meu Pedacinho me remetia à outra obra,
de grande sucesso, também dirigida (e desta vez, roteirizada) por Luiz
Fernando: Hoje é Dia de Maria.
Os animais em forma de marionetes, a
cantoria dos personagens, as tomadas de câmera, a trilha composta por Tim
Rescala... Há muitas semelhanças no trabalho de Luiz Fernando Carvalho, à
frente das duas produções. Hoje é Dia de
Maria, no entanto, talvez por ter vindo antes, era muito mais interessante,
lúdica e extremamente encantadora! Tanto que, dentre os aficionados em
teledramaturgia, é praticamente uma unanimidade. E, por este motivo, dentre
tantos outros, seria uma excelente opção para a faixa de minisséries do Canal
Viva. Faixa esta que, infelizmente, fora posta do lado, desde que se iniciou a
exibição de seriados às 23h10, em maio deste ano.
Desenvolvida por Luiz Fernando em parceria
com Luís Alberto de Abreu, com base nas obras de Carlos Alberto Soffredini, Hoje é Dia de Maria abriu as
comemorações dos 40 anos da TV Globo, em 2005. Na fábula, Maria (Carolina
Oliveira) nutre esperanças de que sua Madrasta (Fernanda Montenegro) possa lhe
dar todo o amor do mundo e livrar seu pai (Osmar Prado) da bebida. Mas a
Madrasta, como em toda história infantil, é muito má. Desiludida, Maria parte
em busca das franjas do mar e cruza com Asmodeu (Stenio Garcia), o “coisa
ruim”, que lhe rouba a infância, fazendo com que ela, em um passe de mágica, se
torne adulta (nesta fase, Maria esteve nas mãos de Letícia Sabatella).
Crescida, Maria se apaixonada por Amado (Rodrigo Santoro), cuja triste sina
implica em uma mutação bastante peculiar: durante a noite, é humano; quando o
dia clareia, se transforma em pássaro. Maria adulta também se envolve com os
irmãos saltimbancos Rosa (Inês Peixoto, que esteve em Meu Pedacinho de Chão, aliás) e Quirino (Daniel de Oliveira), que,
apaixonado pela moça e influenciado por Asmodeu, aprisiona Amado, selando o fim
da história de amor de Maria e seu pássaro.
Inúmeros detalhes me atraíram para a
minissérie: Fernanda Montenegro estava fantástica como a Madrasta; Carolina
Oliveira se revelou uma grata surpresa dando vida à pequena Maria; e as
transformações de Asmodeu, vivido, além de Stenio Garcia, por André Valli, Emiliano
Queiróz, João Sabiá e Ricardo Blat, com cada ator representando uma das
diferentes faces do personagem.
O sucesso dessa primeira jornada foi
tamanho que, no mesmo ano, na semana da criança, uma nova aventura foi ao ar,
desta vez com Maria migrando para a cidade grande. Não vi nesta continuidade o
mesmo brilho da trama inicial. Mas nada que prejudicasse o conjunto da obra. Neste
desdobramento, mais uma vez, se sobressaiu o talento de Fernanda Montenegro,
como Dona Cabeça, que acompanha Maria em toda a sua jornada e também narra a
história, tarefa que coube a Laura Cardoso na primeira etapa da minissérie. Seria
extremamente interessante se o Viva programasse Hoje é Dia de Maria para o mês da criança, haja vista que o canal
sempre procura enaltecer a data com programação diferenciada (este ano, por
exemplo, teremos Xuxa em dose dupla, no Globo
de Ouro e no Planeta).
As crianças que acompanham o Viva merecem
atenção especial. A faixa de minisséries deveria voltar. Uma nova exibição de Hoje é Dia de Maria se faz necessária. E
Luiz Fernando Carvalho... Pra você, meu rapaz, palmas! Hoje e sempre!
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