Nem só de novelas vive o Viva.
Programas de humor e atrações musicais comumente ocupam lugar de destaque na
grade do canal e tem suma importância para o seu desempenho na audiência. A
produção dos novos episódios do Sai de
Baixo, por exemplo, ocorreram após o sucesso da reprise do dominical. O
mesmo vale agora para o Globo de Ouro
Palco Viva, que estreia em novembro.
A TV Globo, além do seu vasto acervo
dramatúrgico, possui inúmeros programas voltados para o entretenimento. Por que
não dispor cada vez mais deste conteúdo no Canal Viva? Por que não deixar de
lado os importados, e exaustivamente reprisados, Obsessivos Compulsivos e SOS
Babá (para ficar apenas nestes dois exemplos), e investir em produtos
nacionais, já exibidos pela Globo com grande repercussão e que serão,
certamente, alvos certeiros da audiência no Viva?
É para apontar possibilidades ao canal
que criamos O Viva Que Eu Quero Ver,
seção que estreia agora aqui no blog. E, para dar início a esta coluna,
voltamos aos anos 90 e trazemos para vocês leitores uma das atrações de maior
apelo na época, pela inovação que propunha e o burburinho que causou: Você Decide!
Vale
a pena decidir de novo
Reprise do Você Decide merece espaço
no Viva
“Vale a pena ver de novo, ligar de
novo e decidir de novo”. As irritantes chamadas que promoviam a volta do Você Decide ao ar, substituindo as
novelas do Vale a Pena Ver de Novo,
ainda estão vivas na memória do público que torceu o nariz para a reprise da atração
e a deixou com o estigma de fracasso. Ledo engano. Exibido à tarde, sim, podemos
dizer que o Você Decide fracassou.
Mas enquanto esteve no ar no horário nobre, apesar da queda de audiência ao
longo dos anos, o programa passeou tranquilamente pelo caminho do sucesso.
A queda de audiência citada, é
importante ressaltar, fora totalmente proporcional ao declínio de qualidade que
dominou as últimas temporadas do programa. Os episódios cômicos, que ocuparam a
maior parte do período de exibição no Vale
a Pena não agregaram em absolutamente nada à história da atração. Fazem
parte dessa fase a série “Transas de família”, como José de Abreu e Maria
Zilda, “Seria trágico se não fosse cômico”, com Betty Faria e Mário Gomes, “O
doce sabor do sucesso”, com o cantor Alexandre Pires (em desempenho risível), e um, cujo título não me recordo, nem encontrei, no qual Marcello Anthony se veste de mulher para acompanhar a amante (Maria Padilha) em um retiro para mulheres. Também desta safra, os episódios que exploraram demasiadamente o erotismo,
apostando inclusive na nudez de atores como Raul Gazolla (em “Vitória total e
absoluta”) e Victor Fasano (em “Olha o passarinho”).
Destacam-se apenas, entre os cômicos,
“Glorinha vai às compras”, que trouxe o talento de Cássia Kis Magro como a
empregada doméstica que ganha um carro após fazer compras com o dinheiro dos
patrões. E ainda os bons “Assim é se lhe parece”, com Fernanda Montenegro, “A
mãe preta”, estrelado por Ruth de Souza (infelizmente, a menor audiência da
reprise no Vale a Pena), e “A filha
de Maria”, com Elizabeth Savala e Deborah Secco, exibido no Natal de 1999.
Você
Decide bom, mesmo,
foram os dos primeiros anos. Estes sim merecem ocupar a tela do Canal Viva.
Recheados de polêmicas, o programa expôs diversos conflitos éticos e, trouxe,
através do resultado de suas votações, um retrato do comportamento do povo brasileiro
durante os anos 90.. Quem não se lembra de “Achados e perdidos”, episódio no
qual Diogo Vilela fica com a mala de um companheiro de viagem, repleta de
dólares. Entre ficar com o dinheiro, ou devolver, o público resolveu que o
felizardo se aproveitaria da grana como bem entendesse. Na mesma época, o
delegado que não sabia se entregava o filho criminoso à justiça (e no final,
sua filha era a verdadeira bandida); a esposa que teme denunciar o assassino de
um crime no motel, já que estava traindo o marido; o caso de incesto envolvendo
Carlos Alberto Ricelli e Bruna Lombardi.
Os assuntos repercutiam dentro e fora
do programa. Em 1993, a Polícia Militar do Rio de Janeiro conseguiu impedir a
exibição de um episódio baseado na vida de Marli Pereira Viana, que, nos anos
70, provou a participação de um policial na execução de seu irmão. A própria
Marli tentou barrar a exibição do episódio, “Sob o domínio do medo” (que acabou
engavetado), para evitar a exposição de seu nome e uma possível deturpação dos
fatos. No primeiro ano do programa, durante entrevista de Patrícia França com
populares em Vitória (ES), nos famosos telões espalhados por cidades
brasileiras, a Globo foi surpreendida com o testemunho de uma telespectadora
que dizia ter sido coagida sexualmente ao realizar uma entrevista de emprego na
Fundação Roberto Marinho, tal e qual ocorria no episódio daquela noite, “A
cantada”, estrelado por Luiza Tomé. A veracidade dos temas, naquele momento,
incomodava até mesmo a detentora do formato.
No caso de uma reprise no Canal Viva,
certamente, os episódios “clássicos” da atração deveriam ser os primeiros a
voltar. Há, claro, espaço para os mais recentes, desde que sejam bons. Haveria
também a necessidade de se decidir a respeito do conteúdo da reprise: a
apresentação, os telões e o resultado das votações seriam mantidos ou apenas a
dramaturgia poderia ser levada ao ar? Neste segundo caso, poderiam optar por
uma nova votação, talvez via internet, ou quem sabe, pela exibição dos dois
finais (durante determinado período, três). E qual seria o melhor horário para
a reprise do programa? Acredito que aos domingos, entre o Globo de Ouro e o Planeta
Xuxa, seria o ideal. Essa faixa horário ficaria ainda mais turbinada!
Vale lembrar que a TV Globo pretende,
segundo notas publicadas recentemente, retomar o Você Decide em 2015, o que inviabilizaria uma possível reprise no
Viva. Caso isso não aconteça, no entanto, por que não “ver de novo, ligar de
novo e decidir de novo”?
Maravilhoso deve reprisar sim.. Adorei o blog
ResponderExcluir