ESPECIAL
Tropicaliente parece, ao menos nas redes sociais,
ser carta fora do baralho na enquete que irá decidir a próxima novela das
15h30. Concordo que, dentre as três concorrentes, esta seja a que menos apelo
possui. Mas ainda assim, tem seu charme e merece voltar ao ar. Exibida em 1994,
às 18h, Tropicaliente causava boa
impressão com suas imagens do paradisíaco Ceará. Nem só de praia, no entanto,
se fez a novela. Um bom elenco, encabeçado por Herson Capri, Sílvia Pfeifer e Regina
Dourado; histórias que poderiam ser resumidas em duas linhas, mas que Walther
Negrão, soube, habilmente, desenvolver; gratas revelações, como Carolina
Dieckmann; e um vilãozinho de aterrorizar, Vitor Velásquez (Selton Mello). Figuras
simpáticas como a de Franchico (Cássio Gabus Mendes), Gaspar (Francisco Cuoco),
Adrenalina (Natália Lage) e Manuela (Cinira Camargo) deram o tom dessa novela
ensolarada, que, embora não tenha ido bem em seu primeiro repeteco, merece uma
nova oportunidade. E para convencer você a votar em Tropicaliente, o Vivo no Viva
convocou nosso parceiro de longa data, Fábio Costa. É contigo, Fábio!
Fábio Costa foi, pode-se assim dizer,
um dos primeiros amigos novelo-virtuais que fiz. Tão jovem quanto eu e tão
interessado em novelas quanto eu, Fábio era tratado como referência em antigas
comunidades do Orkut. Foi lá que nasceu nossa amizade, em uma conversa sobre a icônica
Roda de Fogo, de Lauro César Muniz. E,
coincidentemente hoje, Fábio estará à frente, representando a Editora Giostri,
do lançamento do box “Obras completas de Lauro César Muniz”, que leva ao público
os 16 textos teatrais que constituem a obra do autor. Apesar do compromisso com
sua atividade profissional, Fábio encontrou tempo e atendeu ao pedido do blog:
defender a zebra Tropicaliente aqui
no #Team. Obrigado, Fábio, e sucesso, sempre!
#TeamTropicaliente
por Fábio Costa
Dentre as três novelas que concorrem à
vaga atualmente ocupada por História de
Amor nas reprises do canal Viva, Tropicaliente,
de Walther Negrão, é a mais recente (foi ao ar em 1994) e, talvez, a menos
desejada por boa parcela do público que rejeitou (em duas ocasiões) a
reapresentação do remake de Pecado
Capital (1998/99) e prefere produções mais antigas e marcantes.
Escrita pelo mesmo autor de Despedida de Solteiro (1992/93), que
também concorre, e sem qualquer pretensão revolucionária tal qual sua “irmã”, Tropicaliente foi uma grande vitrine das
belezas naturais do Ceará, cenário para o romance entre Ramiro Suarez (Herson
Capri), um humilde pescador, e Letícia Velásquez (Sílvia Pfeifer), requintada,
culta, de família rica, filha do empresário Gaspar Velásquez (Francisco Cuoco).
Os dois não puderam se casar e cada um
foi para o seu lado, embora o sentimento não tenha deixado de existir. Letícia
se casou com Jordí (Jonas Bloch), pai de seus filhos Vítor (Selton Mello),
típico rebelde sem causa, e Amanda (Paloma Duarte). Ramiro se uniu a Serena
(Regina Dourado) e com ela teve Cassiano (Márcio Garcia) e Açucena (Carolina Dieckmann).
Letícia volta a Fortaleza depois de
anos afastada, viúva, e reencontra Ramiro. Isso prejudica as intenções do
arquiteto François (Victor Fasano), que pretende se casar com ela. Ainda, as
duas famílias se entrelaçam também graças ao romance que surge entre Vítor e
Açucena. Vítor é um rapaz perturbado, afetado pela ausência do pai, por cuja
morte acusa Letícia.
Cassiano, o filho mais velho de Ramiro
e Serena, namora Dalila (Carla Marins), a bela filha de Samuel (Stenio Garcia)
e Ester (Ana Rosa). Samuel é grande amigo de Ramiro e seu companheiro nas lutas
pelos direitos dos pescadores da aldeia em que moram. Tem com Ester um filho,
Davi (Delano Avelar), que trabalha na empresa dos Velásquez e tem vergonha de
sua origem pobre. Em seu desejo de ascender socialmente ele fica noivo de
Olívia (Leila Lopes), filha de Bonfim (Edney Giovenazzi), amigo de Gaspar, e
Isabel (Lúcia Alves), típica perua, de bom coração e tiradas ótimas sobre tudo
e todos.
Em meio a esses personagens
encontramos uma das melhores figuras da história: Franchico (Cássio Gabus
Mendes), um rapaz meio malandro, espertalhão, que não sabe bem de onde veio nem
o que pretende, e se infiltra entre ricos e pobres. É ele, por exemplo, que
ajuda François em seu romance com Letícia, bem como se aproxima de Gaspar para
encontrar um jeito de vencer na vida sem fazer força.
Produzida num momento em que a
dramaturgia global buscava outros cenários para suas tramas além do eixo
Rio-São Paulo – Sonho Meu (1993/94),
de Marcílio Moraes e Lauro César Muniz, sucesso que a antecedeu no horário, se
passava em Curitiba –, Tropicaliente
incentivou o turismo no Ceará a ponto de lotar os hotéis durante os chamados
meses de baixa temporada.
Em especial, é compreensível que
muitos telespectadores que desejem rever Tropicaliente
pensem assim por ser esta uma novela que evoca a infância da geração que hoje
gira em torno dos 30 anos. As novelas das seis marcam a memória afetiva porque
em geral eram as que assistíamos ao chegar da escola ou das brincadeiras na rua
com os amigos, têm um gosto de infância, e esta é uma época na qual em geral
não temos o senso crítico que se apura com a idade. É meu caso pessoal, por
exemplo; na época da novela eu contava apenas sete anos.
Acho que “vale a pena ver de novo” Tropicaliente – para aproveitar o nome
da sessão de reprises da “mãe” do Viva – para apreciar o ótimo trabalho de
Regina Dourado como Serena, protagonista da história ao lado de Herson Capri e
Sílvia Pfeifer; a beleza desta, que melhorou como atriz a cada trabalho; o Franchico
de Cássio Gabus Mendes e sua irmã Adrenalina (Natália Lage), em sua amizade com
o filho de Bonfim e Isabel, Pessoa (Guga Coelho), embalados por Chico Science
& Nação Zumbi com “A Praieira”; os mistérios guardados pelo velho pescador
Bujarrona (Nelson Dantas); a trama folhetinesca irresistível que envolve Davi,
Dalila, Samuel e Ester; ver jovenzinhas em início de carreira as futuras Jade e
Maysa (de O Clone), Giovanna
Antonelli e Daniela Escobar; a participação destacada de Cleyde Blota do meio
para o fim da novela; o veterano Francisco Cuoco num papel interessante, de
esteio da família e dos negócios, ao mesmo tempo em que não abria mão de
aproveitar a vida.
Não foi exatamente uma novela
marcante, que tenha se tornado clássica. Motivos para rever Tropicaliente são buscados mais em
carinho pessoal, memória afetiva mesmo, do que em justificativas calcadas na
história da teledramaturgia, e seu lamentável esticamento – fase em que o casal
Ramiro e Letícia resolve viver junto, numa cabana na praia – prejudicou muito o
saldo final. Mas nem só de clássicos vive a teledramaturgia, assim como nem só
de clássicos deve viver um canal como o Viva.
***
Leia mais sobre Tropicaliente, no blog Agora é Que São Eles. Clique aqui!
Obrigado, amigo Duh! Foi um prazer e um privilégio escrever no blog sobre TROPICALIENTE, contribuir para esta votação democrática após tanta mumunha em relação ao horário. É uma novela despretensiosa e sem qualquer novidade, mas que tem também seus apetrechos. E, para os que desaprovam sua escolha, PECADO CAPITAL valeria bem mais a pena. Para se pensar... rs
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