“Adeus muchachos;
companheiros desta vida. Adeus amigos; meus camaradas! Já chega o tempo de
empreender a retirada; chegou o dia do adeus, rapaziada!”. O bolero de Gardel, “abrasileirado”
por nomes como Francisco Alves, dá o tom de Despedida
de Solteiro. Um rapaz, prestes a se casar, se despede das farras com
moçoilas de vida fácil, ao lado de três amigos. Mas um crime o impede de subir
ao altar e sua vida, bem como a de seus companheiros, muda radicalmente após
sete anos na prisão, pagando por um crime que não cometeu. Com esse mote,
Walther Negrão desenvolveu uma de suas melhores novelas e conquistou uma das
maiores audiências do horário das 18h nos anos 90. Negrão, infelizmente, não
pode nos conceder uma entrevista sobre a trama, esta semana. Mas se comprometeu
a fazê-lo nos próximos dias e, com Despedida
de Solteiro vencendo a enquete ou não, disponibilizaremos aos nossos
leitores tal conteúdo. Por outro lado, temos o excelente texto de Thiago
Henrick, parceiro do nosso blog, sobre a novela. Votantes em Despedida de Solteiro ou indecisos, não
deixem de conferir!
Thiago Henrick conhece o cenário
musical brasileiro (e internacional) como ninguém. Mas o que me fez amigo deste
advogado de 32 anos foi outra de suas paixões: as novelas. E mal sabia que,
assim como eu, Thiago acompanhou Despedida
de Solteiro assiduamente. Ao publicar sobre a enquete do Viva em minha página
no Facebook, TH foi o primeiro a se manifestar: votaria em Despedida. E para entender os motivos pelos quais ele escolheu a
trama de Walther Negrão, convidei esse querido amigo para participar desta seção
do blog. TH, muito obrigado por ter aceitado, pelo excelente texto e pela
amizade de sempre. Segue a defesa do nosso brilhante advogado em favor de Despedida de Solteiro!
#TeamDespedidaDeSolteiro
por Thiago Henrick
Novela de Walter Negrão de 1992, feita
às pressas para suprir o adiamento de Mulheres
de Areia, em decorrência da gravidez de Glória Pires. Ivani havia sido
taxativa: “Sem Glória, eu não faço”.
A exemplo de Pecado Capital de 1975, também feita na correria, com reaproveitamento
do elenco que estaria em Roque Santeiro
(que foi censurada naquele ano) e se tornou um clássico absoluto do mundo das
novelas, Despedida de Solteiro foi
uma produção bem caprichada (até por ter sido feita a toque de caixa), e é, de
longe, uma das novelas mais inspiradas de Negrão.
Um crime afeta a vida de quatro
jovens, julgados e condenados por ele. Porém, eles não tiveram culpa: tudo
fazia parte de um plano do diabólico Sérgio Santarém (Marcos Paulo, em atuação
excelente). Com a condenação dos quatro, as histórias de seus familiares tomam
rumos inesperados na cidade de Remanso. A noiva de João Marcos (Felipe
Camargo), Lenita (Tássia Camargo), une-se ao mandante do crime, Sérgio
Santarém, julgando ser João realmente culpado. Xampu (João Vitti), outro dos
jovens condenados, não resiste e morre na prisão, prejudicando o romance entre
seu colega de condenação Pedro (Paulo Gorgulho) e sua irmã Flávia (Lúcia
Veríssimo). E Paschoal (Eduardo Galvão), o quarto jovem condenado, mal sabe que
sua irmã Marta (Lucinha Lins) se viu em grandes apuros após sua prisão, tendo
que inclusive abandonar seu filho recém-nascido para assumir os negócios da
família.
A simplicidade da trama me encantou. A
cidade fictícia de Remanso era acolhedora, cheia de moradores “comuns”, com
anseios e receios típicos das pessoas interioranas. Lembro também que Despedida tinha ganchos bem delineados e foi muito além do crime
que traçava sua espinha dorsal, dando espaço para que o elemento humano fosse
bem atuante na história.
Foi uma novela agradabilíssima,
despretensiosa em termos de inovação ou audiência, mas comprometida com o
interesse do público, que se manteve até o fim. Eu lembro que a trama da
Lucinha Lins era a que mais me prendia. Senti a dor daquela mãe que teve que
abandonar o filho, adotado pelo bonachão Vitório (Elias Gleizer), que virou
logo aquele avozão amigo da criançada. Todas as crianças da época (e eu era
mais uma) queriam ter um avô querido como ele.
Ana Rosa fez a, na minha opinião,
melhor personagem feminina da novela. Soraya era interesseira, tinha pinta de
madame, queria uma vida melhor e criticava a que levava seu marido, Cirineo
(Mauro Mendonça), um mecânico simpático que tinha a companhia de sua filha Nina
(Helena Ranaldi, estreando na Globo), que “pegava no pesado” como o pai. Já
Soraya tinha, ao seu lado, a outra filha, Bianca (Rita Guedes, também estreando),
mimada e fútil como ela.
As mocinhas da trama ficaram a cargo
de Tássia Camargo (Lenita) e Lúcia Veríssimo (Flávia); seus respectivos
mocinhos eram João Marcos (Felipe Camargo) e Pedro (Paulo Gorgulho). Apesar de
o antagonista maior ser Sérgio Santarém (Marcos Paulo), apaixonado por Lenita,
eu considero como casal principal da novela Pedro e Flávia. As pessoas torciam
cotidianamente por ambos.
Despedida está longe de ser uma novela
emblemática ou marcante em termos de teledramaturgia, mas dentre as três novelas
que concorrem à reprise no Viva, é a mais agradável, sem dúvidas. Ela seguirá a
“simplicidade especial” apresentada em História
de Amor e certamente não fará a audiência do canal a cabo declinar. E ainda
será uma ótima oportunidade para apresentar essa história tão encantadora a
quem não teve oportunidade de vê-la. É meu voto!
***
Leia mais sobre Despedida de Solteiro, em um texto de minha autoria, no blog Zappiando, de Paulo Ricardo Diniz. Clique aqui!
Ótimo texto, Th! Mas não me convenceu!
ResponderExcluirÉ quero ver a Kika Jordão, fofo!