Guarde este nome: Thiago Luciano. Parece
familiar? É familiar sim. Thiago esteve no elenco de diversas produções
globais, na última década. Seu trabalho mais marcante (acredito que não só para
mim) foi o Ivan, motorista e cúmplice de Cristina (Flávia Alessandra), a grande
vilã de Alma Gêmea. A partir de amanhã,
Thiago volta a figurar nos créditos de uma produção dramatúrgica. Desta vez,
como roteirista. É de sua autoria a série Meu
Amigo Encosto, que o Viva estreia nesta quarta, às 21h, abrindo os seus
investimentos em dramaturgia. Thiago atendeu ao nosso pedido para uma
entrevista aqui no blog, que vai ajudar você a conhecer mais o autor e a obra
em questão. Deixamos aqui o nosso desejo de muito sucesso para Meu Amigo Encosto e para o Thiago. Vamos te prestigiar, com certeza!
Thiago
Luciano
- O grande público conhece seu
trabalho em frente às telinhas, em novelas como Alma Gêmea e O Profeta.
Como se deu a transição de sua atividade como ator para sua já premiada
carreira de roteirista?
Realmente,
minha carreira como ator foi o start para me aproximar de escrita. Ser ator, na
essência, me ajuda muito a entender um personagem, pensar como ele. Na verdade
me aproximei primeiramente da direção; aí depois veio o roteirista. E veio da
necessidade de contar historias, de tirar das ideias e colocar no papel. E
quando percebi que me envolvi com isso, escrevi o roteiro do longa Um Dia de Ontem, que foi uma aula pra
mim. Pois eu não tinha técnica, fazia tudo de improviso e de intuição. Depois
disso é que resolvi estudar as formas de escrita e conhecer as ferramentas pra
poder usá-las da melhor maneira. É preciso primeiro conhecer pra depois
desconstruir. E eu estava fazendo o contrário. Então comecei escrevendo curtas
e rodando; daí escrevi dois longas que estou tentando captar. Na sequência, me
bateu uma vontade grande de conhecer as ferramentas do teatro, e me aventurei,
escrevendo duas peças. Uma já estou em busca de patrocínio para montar no ano
que vem. Só depois com o boom de séries no Brasil, e acompanhando as séries de
fora, é que resolvi investir nessa área e procurar conhecimento.
- Você participou do 1° Programa
Globosat de Desenvolvimento de Roteiristas, em 2013, seminário que resultou na
escolha de Meu Amigo Encosto para a
grade do Canal Viva. Qual a importância do seminário no desenvolvimento de seu
roteiro e de iniciativas do gênero para o mercado audiovisual?
Foi
um programa muito importante pra mim. Pois foi ali dentro que criei a série Meu Amigo Encosto. Ao final do seminário
do Robert Mckee, pediram projetos de série de TV para os participantes, pois
alguns seriam escolhidos para participar dos laboratórios. Eu tinha alguns
projetos de série junto com outros roteiristas e já tinha tentado vender; foi
então que pensei que precisava de algo novo, fresco. Meu primeiro pensamento
foi “Preciso de uma comédia!”, um caminho que ainda não tinha explorado. Nesse
mesmo dia, durante o coquetel de encerramento tive o estalo da série. Então
tive doze dias para entregar uma série criada para a GLOBOSAT. E com Meu Amigo Encosto entrei no laboratório.
E tive a oportunidade de discutir o meu projeto com Marta Kauffman, Dan
Halsted, Barry
M. Schkolnick, e
aprimorar a minha ideia, até fazer o pitching da série para todos os canais da
GLOBOSAT. Foi então que o canal Viva se interessou. É uma iniciativa importante para os
roteiristas brasileiros. Poder ouvir um pouco do processo deles, que fazem
tanto sucesso no mundo inteiro. E dessa forma podemos adaptar esse conhecimento
para o mercado brasileiro.
- A série Meu Amigo Encosto foi aprimorada em uma writer’s room, da qual
fizeram parte os roteiristas Tony Góes e Fausto Noro, além de Maria Carmem
Barbosa, como consultora. O que tal processo agregou ao seu argumento original?
Como manter a identidade do autor em um processo de discussão como este?
Trabalhei
na sala com o roteirista Fausto Noro, que foi e é meu parceiro em outros
projetos, com o roteirista Tony Góes e com a roteirista Helena Perin, que nos
dava toda a assistência. Quem trouxe muita coisa pra gente e guiava o nosso writer’s
room foi Jaqueline Cantore, sempre trazendo referencias e provocando o grupo
para um melhor resultado. Uma coisa interessante e que nos preocupamos muito
durante o processo foram os personagens. Gastamos quase dois meses apenas
trabalhando os personagens, e isso faz uma diferença muito grande. Quando
começamos a criar a escaleta e escrever os roteiros, todos já estavam íntimos
dos personagens e contando a mesma historia. Quem também me ajudou muito no
processo e acompanhou o trabalho desde o inicio até o final das gravações foi a
produtora Mara Lobão. Ela virou uma parceira de trabalho mesmo. Tem uma visão
apuradíssima sobre os roteiros e episódios prontos. Uma parceira que levo
adiante. Depois de todo o processo na sala, ainda sentei com a Maria
Carmem Barbosa, que fez a supervisão. A gente trabalhou todos os roteiros,
encontrando piadas e dando ritmo em diálogos. Um prazeroso encontro. Uma coisa
interessante como criador da série é ver que a todo o momento eu não posso me
fechar para que o projeto cresça. Muita coisa muda desde a sala que trabalhamos
até o final das gravações e eu fiquei junto em todo o processo. Tudo o que veio
a acrescentar eu tive que abrir e deixar o projeto crescer. Ele é vivo e não
para nunca de ganhar corpo. Isso aconteceu quando o diretor Paulo Fontenelle
entrou no projeto. O Paulo foi um cara que entendeu a série muito rápido e
batemos uma bola boa. Então me abri para as novas ideias do Paulo e
reescrevemos algumas coisas em prol do projeto. Sempre que um olhar novo e de
confiança, como o dele, compra a briga do projeto, eu tenho que deixá-lo entrar
de cabeça e usar suas ideias. E o fato de eu estar presente desde a criação até
a montagem, faz com que a primeira ideia da serie continue viva. Não que tudo
que está na tela tenha o meu dedo, mas eu não deixo escapar a ideia central. E
o diálogo com o canal sempre foi muito saudável. Sempre lutando para ter o
melhor projeto possível.
- Esta é a primeira produção de
dramaturgia do Canal Viva, tradicionalmente conhecido por suas reprises. O que
a série oferece aos tradicionais telespectadores da faixa de humor do canal,
que abriga clássicos como Viva o Gordo
e séries como A Diarista e Sai de Baixo?
Eu
estou muito envolvido com o projeto e não tenho como olhar pra ele com o olhar
virgem, de quem vê pela primeira vez. A gente nunca consegue ver a nossa obra
com o frescor que merece ser visto. Meu
Amigo Encosto é uma série para se ver em família. Tem o imaginário da
maioria dos brasileiros que acreditam que os encostos existem e atrapalham a vida
das pessoas. Tem a funcionária apaixonada. Muita confusão e gargalhadas, como
diria o narrador da Sessão da Tarde. Um
pouco de magia. É uma série fresca, com uma atmosfera própria. E espero que o
público compre a ideia. A TV é feita para o público. Eles tem que se divertir.
- Para encerrar, gostaria que você
contasse aos leitores do nosso blog um pouco mais sobre essa primeira temporada
de Meu Amigo Encosto? O que podemos
esperar dessa louca relação entre Ivan (George Moura) e Janjão (Danilo de
Moura)?
Tenho
que citar aqui que o Danilo e o George bateram um bolão. É muito bonito de ver
o desenvolvimento dos personagens deles até o último episódio. Eles fizeram um
ótimo trabalho. É sobre uma amizade improvável. Um cara como Ivan, solitário e
com a vida de ponta cabeça, acaba encontrando um amigo. Mas ele é um encosto.
Então nessa primeira temporada temos uma relação muito peculiar de um cara que
tenta se livrar do encosto, mas ao mesmo tempo esse encosto é que esta
movimentando a vida dele. Tirando Ivan da mesmice e levando-o para novas
aventuras. Até se descobrirem amigos de verdade. Mas até lá muitas confusões
acontecem. Tem a funcionaria de Ivan, Rosimary (Amanda Ritcher), que é
apaixonada por ele e é um pouco sonsa. O Doutor Clint (Cadu Fávero) que é um encostologista e trata seus pacientes
através de aplicativos criados por ele mesmo. Tem a Yolanda (Márcia Cabrita) na
“União dos Encostos”, que é onde os encostos se encontram para trocar
informações e prestar contas para a chefe. E ela fica apaixonada por Janjão.
Então tem muita coisa pra acontecer nessa temporada. E o último episodio ainda
tem um grande gancho para uma continuação. Tem bastante fôlego. O mais interessante é que toda a equipe, os
atores, o Paulo, a gente já conversa como se a segunda temporada estivesse certa.
Já temos muita história pra contar. Dá pra seguir por muitas temporadas, porque
é uma historia sobre amizade, sobre ter alguém ao seu lado. No caso do Ivan é
um encosto. E não posso deixar de agradecer aqui o canal Viva por apostar nessa
serie. A Leticia, Clarisse, Samuel. E todos empenhados para que seja um
sucesso.
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