ESPECIAL
Causou surpresa a presença de Lua Cheia de Amor na enquete que irá
decidir a nova reprise do Canal Viva. Exibida entre dezembro de 1990 e julho de
1991, a novela chamou a atenção da audiência, mas não foi um estouro como
outras produções das 19h. Os que acompanharam a trama, naquela época,
lembram-se dela com saudade. Tanto pelo arrivismo de Mercedes (Isabela Garcia),
como pelo recalque da maldosa Emília (Bete Mendes); pela elegância de Laís
Souto Maia (Susana Vieira) ou a cleptomania de Isabela (Drica Moraes). Quem
ouve falar de Lua Cheia de Amor se
recorda que a novela era protagonizada por Marília Pêra, com sua Genuína
Miranda, pobre de conhecimento e rica de caráter. Mas sente saudades mesmo é da
translumbrante Kika Jordão (Arlete Salles), louca para adentrar “as portas
douradas” da alta sociedade! É sobre todos esses destaques de Lua Cheia de Amor que falamos hoje. Para
começar, uma entrevista com Ricardo Linhares, um dos autores da trama, e em
seguida a opinião de um dos membros do #TeamLuaCheiaDeAmor, nosso querido amigo
Wesley Vieira. Confiram!
Ricardo
Linhares
Ricardo Linhares iniciou sua carreira
na TV Globo com o Caso Verdade. Em
seguida, integrou a equipe de roteiristas do Viva o Gordo (que retorna hoje ao Canal Viva) e do Teletema, que seguia o formato do Caso Verdade. Sua estreia nas novelas da
casa foi como colaborador de Aguinaldo Silva, em O Outro (1987). No ano seguinte, esteve com Walther Negrão em Fera
Radical. E após Tieta, novamente com
Aguinaldo Silva e também com Ana Maria Moretzsohn, passou a autor-titular com Lua Cheia de Amor, tema dessa breve
entrevista. No Viva, já podemos ver seu texto em O Tempo e o Vento e Anos
Rebeldes, minisséries nas quais atuou como colaborador. Envolvido
atualmente com os primeiros capítulos de Babilônia,
seu próximo trabalho, às 21h, Ricardo cedeu o seu tempo para nos brindar com
suas lembranças de Lua Cheia de Amor.
Agradecemos sua gentileza e simpatia, e deixamos vocês, leitores, com a
entrevista.
***
- Você declarou em entrevista ao blog Eu Prefiro Melão, em 08 de dezembro de
2012: “Infelizmente, a minha novela (Lua
Cheia de Amor) não pode ser reprisada, apesar dos inúmeros pedidos dos
espectadores, por uma questão jurídica envolvendo os direitos dos herdeiros de
Pedro Bloch”. Essas questões foram sanadas? De que forma o Viva conseguiu a
liberação para exibir a novela, caso ela seja a vencedora da enquete? Quais
lembranças guarda desta sua primeira incursão às 19h?
Esse
tipo de negociação não passa pelos autores da novela. Em termos jurídicos, nem
sei quais diferenças existem entre uma reprise no Vale a Pena Ver de Novo e no canal Viva. Eu estou tão
agradavelmente surpreso quanto os fãs da obra.
Sessão da Tarde, seu passatempo preferido na adolescência: os jovens dos anos 90 assistiam à Lua Cheia de Amor. |
Na
época em que Lua Cheia de Amor foi ao
ar, os adolescentes assistiam às novelas – ao contrário de hoje em dia, quando
há tantas opções que a telenovela não ocupa mais uma posição de destaque entre
os afazeres da garotada no dia a dia. Quando eu era jovem, por exemplo,
assistir à Sessão da Tarde era um dos
meus programas prediletos. Hoje, os filmes não causam mais o mesmo impacto na
TV, pois estão disponíveis em diversas mídias. Lua Cheia de Amor fez muito sucesso entre os jovens de então, e
acho que faz parte da memória afetiva de uma geração, hoje por volta dos 40
anos. Assistir à reprise é como uma doce volta a outros tempos. É como
revisitar parentes distantes, com quem a pessoa perdeu contato, mas que
continuam importantes e queridos na lembrança.
- Lua
Cheia de Amor sela o início de sua parceria com Gilberto Braga, com quem
você viria a colaborar, ainda em 1991, em O
Dono do Mundo e, posteriormente, em inúmeros outros trabalhos juntos. Como
essa amizade e a afinidade profissional de vocês se intensificou ao longo
desses 24 anos que separam Lua Cheia de
Amor de Babilônia, próximo
trabalho de vocês, e o que podemos esperar dessa nova novela?
Com João Ximenes Braga e Gilberto Braga, seus parceiros de jornada em Babilônia, próxima novela das 21h. |
A
novela me marcou de diversas maneiras. Foi um trabalho muito importante na
minha parceria com Ana Maria Moretzsohn, com quem eu havia, juntamente com
Aguinaldo Silva, assinado Tieta, um
ano antes. Depois, nós escreveríamos juntos diversas outras histórias.
Tornou-se uma parceria e uma amizade para toda a vida. E foi o primeiro, e
infelizmente único até hoje, encontro profissional com a minha querida Maria
Carmem Barbosa.
Lua Cheia de Amor
foi uma novela escrita por três autores, com a supervisão de Gilberto Braga,
livremente inspirada na peça Dona Xepa,
de Pedro Bloch, e na novela homônima escrita por Gilberto. Como todo momento
feliz na vida da gente, rendeu saborosos frutos, que perduram até hoje. Um
deles foi o fortalecimento dos meus laços profissionais com Gilberto. Na
verdade, mais ou menos nessa mesma época, eu já estava colaborando com ele na
primeira versão da minissérie Anos
Rebeldes, que foi interrompida e retomada posteriormente. Além de ser um
dos dramaturgos mais importantes da história da TV brasileira, Gilberto virou
um amigo de todas as horas, companheiro profissional de tantos anos. Novelas
vão e vêm, mas a amizade permanece. E o que eu mais me orgulho da época de Lua Cheia de Amor é a minha amizade
duradoura com Gilberto e Ana Maria.
Agora,
eu, Gilberto e João Ximenes Braga estamos escrevendo Babilônia, que está prevista para estrear em março de 2015, após o
carnaval. Com direção geral de Dennis Carvalho e Maria de Médicis. Estrelada
por Glória Pires, Adriana Esteves e Camila Pitanga, a novela abordará a vida de
três mulheres fortes e ambiciosas.
Susana Vieira, belíssima como Laís Souto Maia: mais uma prova do talento da atriz. |
- Por que Ricardo Linhares gostaria
que o público votasse em Lua Cheia de
Amor para ser reprisada no Canal Viva? Quais os bons motivos que o público
terá para ver, ou rever, a trama?
São
tantos motivos... Rever a translumbrante Kika Jordão (Arlete Salles), a chique
Laís Souto Maia (Suzana Vieira), Marília Pera (a camelô Genuína) em estado de
graça, Isabela e Maurício lindos, talentosos e novinhos... Reapresentar novelas
antigas, e ainda em bom estado de conservação, como Lua Cheia de Amor, reforçam a vocação do Viva como a casa dos
sonhos dos fãs da TV brasileira.
Conheci Wesley Vieira em uma das (e não
me recordo qual) comunidades sobre teledramaturgia do agora praticamente
extinto Orkut. Wesley reside em Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, onde atua como editor-chefe
na revista Olhaí. Sempre soube
que ele era um apaixonado por teledramaturgia, mas só descobri seu apego por Lua Cheia de Amor no blog Eu Prefiro Melão, para o qual o jornalista escreveu um texto rememorando a novela. Hoje, Wesley vai em busca, novamente,
de suas lembranças da novela, pra trazer ao leitor maiores informações sobre a
trama e convencer os indecisos a votarem em uma de suas novelas preferidas. Obrigado,
Wesley, pelo ótimo texto e por sua participação no Vivo no Viva.
#TeamLuaCheiaDeAmor
por Wesley Vieira
Por que Lua Cheia de Amor merece ganhar uma reprise no Canal Viva?
1 – Nunca foi reprisada (não clamam
tanto por novelas nunca reprisadas? Taí!).
2 – É a mais antiga (se Lua Cheia de Amor vencer, vai comprovar,
de fato, o que a audiência do Viva quer: novelas antigas more and more,
please!).
3 – Movimentada e divertida (nada
melhor do que uma respirada, após assistir a densa O Dono do Mundo e a romântica e soturna A Viagem).
4 – Tem Arlete Salles como Kika Jordão
– o grande papel de sua vida. Inesquecível!
5 – Justiça seja feita, Marília Pêra,
apesar do exagero, também fez uma Genuína com dignidade. Sua personagem é
divertida e humana.
6 – Tem uma trilha sonora deliciosa (imagina,
New Kids On The Block tocando para Susana Vieira).
7 – Aliás, Susana Vieira também esteve
impecável. Sua personagem, Laís Souto Maia,
era deliciosa.
8 – Tá, ok, Lua Cheia de Amor não foi um grande sucesso e nem teve uma grande
repercussão (nem de longe foi um fracasso), mas se ela voltar no Viva, será uma
oportunidade de fugir das obviedades que já foram reprisadas na Globo. Essa
pode ser a chave para novelas como Bambolê
ou O Sexo dos Anjos ganharem uma
reprise. Let´s Go!
9 – Quem sabe, agora, como obra
fechada, Lua Cheia de Amor não ganhe
um novo olhar em sua trajetória. Porque há novelas que envelhecem bem. Há
sucessos que envelhecem mal. Em qual dessas categorias, essa novela se encaixa?
10 – Isabela Garcia fazia uma mocinha
bem ordinária. Vale a pena acompanhar a história de Mercedes, jovem que queria
arranjar um marido rico, mas renegava um grande amor, justamente por achar que
ele era pobre.
Bom, há outros motivos para listar a
volta de Lua Cheia de Amor, novela
que nem mesmo um dos autores, Ricardo Linhares, acreditava numa possível volta,
justamente por questões de direitos autorais com a família de Pedro Bloch. Foi
uma agradável surpresa tê-la nessa lista.
Genú, a dona da muamba... La La
Miranda...
Apesar de Kika Jordão ter se tornado a
marca dessa novela (aconteceu com várias outras tramas que também tiveram personagens
secundários mais relevantes que os protagonistas), Genuína Miranda, mais
conhecida como Genú, foi uma personagem divertida. “Vem chegando, minha gente,
que já tá ficando quente... Compra madame, na minha barraca, panela bem útil e
bem mais barata...” – bradava ela, em sua barraca. A dona Xepa, que era
feirante na história original, virou Genú, a mulher que perdeu sua loja por
conta dos desatinos do marido viciado em mesas de jogos. Muito honesta e
batalhadora, Genú pegou a mercadoria que restou da loja e foi para rua vender
panelas e outros objetos. Virou “a dona da muamba”, tal como exemplificado na
divertida música-tema de abertura, “La Miranda” cantada magnificamente por Rita
Lee.
Sobre a história
Genú é uma daquelas heroínas de novela
bem simplória, quase sem instrução, mas muito sábia e generosa. Filha de mãe
espanhola com pai brasileiro, ela foi muito maltratada pela vida e sem o apoio
do marido, criou os dois filhos sozinha. Seu sonho é reencontrar Diego, que
volta após 15 anos de sumiço sob a alcunha de Esteban Garcia (Francisco Cuoco).
Mulherengo e amoral, Diego se envolve com várias mulheres deixando Genú cada
vez mais desiludida com seu retorno. Seu filho, Rodrigo (Roberto Bataglin)
namora a jovem Flávia (Renata Lavíola) e se sente na obrigação de casar com ela
após a morte do sogro. No entanto, ele conhece a rica empresária Rutinha
(Sylvia Bandeira) e desiste do casamento. Mercedes (Isabela Garcia), a filha caçula, tem
um pouco de vergonha do jeito pobre da mãe e a esnoba. Romântica na medida
certa, seu sonho é encontrar um bom partido, mas como os corações são bastante
insensatos, ela se apaixona por Augusto (Maurício Mattar) e o rejeita por achar
que ele é apenas um pobre motorista de táxi que foi morar na mesma vila onde
ela vive. Ledo engano. O rapaz idealista e independente é herdeiro de uma das
maiores agências de publicidade do Brasil. Filho de Conrado (Cláudio Cavalcanti)
e da sofisticada Laís (Susana Vieira), ele não liga para o dinheiro da família
e seu sonho é montar o próprio negócio tendo suas ideias revolucionárias como
característica.
A trilha sonora
Aliás, os desencontros entre Augusto e
Mercedes eram pontuados pela linda “Heal The Pain” do astro George Michael. As
trilhas sonoras eram recheadas de grandes sucessos dos anos 90 como “Só Você
Vai Me Fazer Feliz (Can't Help Falling In Love)”, do Julio Iglesias; “Luz da
Lua (Prendi La Luna)” na voz da espanhola Ana Belén, “You Gotta Love Someone”,
do britânico Elton John; “I’m Free” do The Soup Dragons e a velha boy-band New
Kids On The Block com “Let’s Try Again”. Lembro perfeitamente das inúmeras
vezes que a propaganda da trilha internacional era veiculada e meu desejo era
ter o disco da novela. Foram preciso 10 anos para conseguir o tão sonhado
disco, ou melhor, o CD com as ótimas músicas.
Outros Personagens
Mas Lua Cheia de Amor também tinha outros personagens interessantes
como a recalcada Emília (Bete Mendes), a “boca de aratanha” que teve um caso
com Diego e vivia às turras com a vizinha Genú. Wagner (Mário Gomes) era o vilão
da história e sua meta era roubar a agência de publicidade de Conrado. Além
disso, ele vivia infernizando a vida da esposa Isabela (Drica Moraes), a filha
cleptomaníaca de Laís. A ricaça Rutinha também foi outro destaque da história.
Então, bora votar em
#LuaCheiadeAmorNoViva?
***
Leia mais sobre Lua Cheia de Amor, em um texto de Guilherme Staush, no blog Memória da TV. Clique aqui!
Adorei o motivo 8...rs!
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