- O
Dono do Mundo foi a estreia de Mauro Mendonça Filho, hoje diretor de
núcleo, nas novelas da Globo. Já a equipe de autores contou com o auxílio de
Euclydes Marinho, que colaborou com a primeira versão de sinopse. Aguinaldo
Silva também integrou o time, do qual saiu para desenvolver o argumento de Pedra Sobre Pedra, substituta de O Dono do Mundo no horário. Danuza Leão
também prestou consultoria, auxiliando Gilberto Braga no desenvolvimento dos
personagens do núcleo mais abastado da trama.
- Sílvio de Abreu, por ocasião dos
problemas enfrentados pela novela em seu início, auxiliou Gilberto Braga,
retribuindo o auxílio deste, por ocasião dos problemas enfrentados em Rainha da Sucata. Sílvio, em dupla com
Gilberto, participava da estruturação dos capítulos, mas nunca escreveu sequer
um diálogo da trama. Após a saída de Sílvio, se deu a entrada de Ricardo
Linhares, que havia acabado de concluir Lua
Cheia de Amor, se integrou ao time de O
Dono do Mundo, conforme havia sido estabelecido antes mesmo da estreia da
novela.
- O elenco de O Dono do Mundo sofreu diversas modificações, da lista inicial aos
que realmente atuaram na trama: Cleyde Yáconis daria vida à Constância Eugênia,
que acabou com Nathália Timberg. Felipe Camargo, por conta de seus conflitos
pessoais com Vera Fischer, foi substituído por Ângelo Antônio, como Beija-Flor.
Na época, o ator ainda estava concluindo as gravações de O Farol, minissérie da Manchete, o que o fez vivenciar a atípica
situação de atuar em duas emissoras ao mesmo tempo. Paulo Gorgulho passou por
situação semelhante, quando, em junho de 1991, rescindiu o contrato com a
Manchete para viver o Dr. Otávio. Tanto Gorgulho, quanto Ângelo, permaneceram
na tela da Manchete, através da reprise de Pantanal.
Dhu Moraes, Darlene Glória e Maria Helena Pader eram cotadas para viver Isabel;
a personagem ficou com esta última e se transformou em Irene. Outra alteração
de nome de personagem envolvia um dos vértices do triângulo amoroso central:
Wanda se tornou Stella (Glória Pires) na versão definitiva da sinopse, assim
como Sílvio virou Walter (Tadeu Aguiar) e Ulisses, Tabajara (Jece Valadão).
- Gilberto Braga exigiu e a
figurinista Marília Carneiro atendeu: o figurino de Felipe Barreto (Antonio
Fagundes) deveria ser “nova-iorquino”. O cirurgião também estaria sempre
portando um relógio Rolex. Já Stella (Glória Pires) possuía modelos desenhados
por Conrado Segretto.
- O arquiteto Keller Veiga,
responsável pela cenografia de O Dono do
Mundo, produziu uma simpática casa de chácara, cujo exterior e o interior
poderiam ser utilizados. A construção de painel de compensado foi planejada
devido à dificuldade de se encontrar uma locação que atendesse ao perfil dos
personagens: ali moravam Lucas (Hugo Carvana), marceneiro, e sua irmã Ester
(Odete Lara), paisagista. A casa possuía dois pisos, uma banheira em condições
de uso, e custou aproximadamente 75 mil dólares, ocupando uma área de 300
metros quadrados.
- Telas de Portinari, Lasar Segall,
Manabu Mabe, um desenho de Modigliani e as originais esculturas de Hildebrando
Lima, Maria Celina Lisboa, Agostinelli, além de quadros de Pietrina Checcacci,
adornavam os ambientes de Felipe Barreto (Antonio Fagundes), produzidos pela
diretora de arte Cristina Médicis, que pesquisou em detalhes o cotidiano de
cada profissão retratada em O Dono do
Mundo e definiu os objetos de cena adequando-os aos perfis
sócio-psicológico-culturais. “No caso dos cirurgiões plásticos, constatamos que
eles têm maior sensibilidade para as artes plásticas. E, por causa do oficio, preocupam-se
com formas harmônicas e bem proporcionadas. Muitos têm em seus consultórios
esculturas, quase sempre de bustos e corpos”, relatou Cristina.
- A opção por Charles Chaplin na
abertura partiu de uma conversa entre Boni e Hans Donner, na qual buscavam
sintetizar a figura de um “dono do mundo”. Após se decidirem por Hitler, veio a
ideia de utilizar a sequência de O Grande
Ditador, filme no qual Chaplin “brinca” com uma bola de gás que remete à
Terra. Os direitos de imagem foram conquistados mediante a promessa de não
interromper a sequência do filme e a aquisição de outras fitas de Chaplin. As
dificuldades para se entrar em acordo foram tão grandes que Hans Donner chegou
a produzir uma paródia do filme, com Breno Moroni (o Mascarado, de A Viagem), no Palácio do Catete. A
edição final da abertura consumiu três dias de trabalho e só ficou pronta às
20h10 de 20 de maio de 1991, dia de estreia da novela. No mercado
internacional, a sequência de O Grande
Ditador fora substituída por um fundo preto, no qual o “mundo de mulheres”
flutuava.
- A equipe enfrentou temperaturas
entre 6° C e 19° C negativos para gravar as 45 cenas previstas no roteiro,
ambientadas no Canadá. Passaram por Quebec, Toronto, Drumondville e Lac
Beauport. Os lugares públicos utilizados foram liberados mediante pagamento às
autoridades locais. Uma importante rodovia em Quebec testemunhou o acidente de
Walter (Tadeu Aguiar). Para a cena, a produção providenciou um carro cujo motor
não correspondeu a contento. A solução foi buscar um guincho, que rebocou o
carro até o barranco em que o mesmo deveria cair. Mas o automóvel deslizou pela
neve e não sofreu nenhum arranhão ao capotar, sendo necessário regravar a
sequência. Já para gravar em um trem, mesmo com o auxílio do embaixador Paulo
Pires, do Rio de Janeiro, a produção se viu obrigada a comprar todos os lugares
do vagão.
- Marcelo Serrado investiu nas aulas
de piano para compor o Umberto. Seu professor Sílvio Merry era também seu dublê
nas cenas em que o personagem estava ao piano.
- A novela se seguiu ao sucesso de Vale Tudo e não foram poucas as
comparações entre uma e outra. Por ocasião da estreia, Beatriz Segall comentou:
“Tenho certeza de que ele (Felipe Barreto) será a nova versão da Odete Roitman,
já que o Gilberto sabe criar e conduzir muito bem uma história”. Glória Pires,
vivendo Stella, remetia a Afonso Roitman (Cássio Gabus Mendes) que sua Maria de
Fátima tanto enganou na novela de 1988. Sobre a coincidência, Gilberto
comentou: “Várias vezes eu já escrevi uma cena em que pensei: ‘A Glorinha,
dessa vez, está do outro lado da cama’. Vamos ver até que capítulo dura essa
ingenuidade”.
- Com O Dono do Mundo, a Globo passou a exibir, antes do início de cada
capítulo, uma retrospectiva dos episódios anteriores, se inteirando da história.
A prática já havia sido testada em Araponga
e foi adotada na novela das oito como forma de aproximar o público que havia se
distanciado da trama.
- No capítulo 61, Renato Aragão, Dedé Santana e Mussum, então integrantes dos Trapalhões, participavam da inauguração do restaurante de Altair (Paulo Goulart).
- Já a atriz Aracy Balabanian surgiu
como apresentadora do programa Tribuna Livre, produzido, na história, por
Rodolfo (Kadu Moliterno). Coube a “apresentadora” coordena as perguntas dos
debatedores da atração para Felipe Barreto (Antonio Fagundes). Quando chamou
pelo auditório, no entanto, Lucas (Hugo Carvana) surgiu para denunciar o erro
médico cometido pelo profissional, que descia mais um degrau em sua carreira,
conforme Márcia (Malu Mader) planejara.
- Durante toda a novela, aliás,
Gilberto Braga usufruiu do esquema de participações especiais que tomaria a
parcela inicial do enredo de Insensato Coração. Os personagens permaneciam na
novela conforme as exigências do roteiro. Foi assim com Flávia (Cláudia Magno),
amante de Felipe, e Tavares (Paulo Figueiredo), advogado que o aconselhava a
aceitar um acordo proposto por Herculano (Stenio Garcia). E também com Vanda
(Lucinha Lins) e Valéria Renaud (Kate Lyra), responsáveis pela retomada da
ascensão do cirurgião, após a denúncia de erro médico.
- Em meio ao burburinho sobre as
alterações na novela, surge a notícia de Olga (Fernanda Montenegro) poderia ser
mãe de Márcia (Malu Mader) ou uma homossexual apaixonada pela moça. Como se
sabe, Olga era, na verdade, mãe de Felipe (Antonio Fagundes). E Fernanda
Montenegro irá viver uma homossexual em Babilônia,
próximo trabalho de Gilberto Braga, em parceria com Ricardo Linhares e João
Ximenes Braga.
- O Dono do Mundo foi esticada até 03 de janeiro de 1992 para que a Globo pudesse escalar, sem pressa, o elenco de Pedra Sobre Pedra. Na época, Boni comentou: “Estamos fazendo com a novela do Aguinaldo o que deveríamos ter feito com O Dono do Mundo. Não adianta escolher uma atriz ou ator que não se encaixe no personagem”. A emissora também temia estrear uma nova novela no final do ano, período em que a audiência caia, em média, 15%, devido as férias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário