sábado, 13 de setembro de 2014

ESPECIAL

“Adeus muchachos; companheiros desta vida. Adeus amigos; meus camaradas! Já chega o tempo de empreender a retirada; chegou o dia do adeus, rapaziada!”. O bolero de Gardel, “abrasileirado” por nomes como Francisco Alves, dá o tom de Despedida de Solteiro. Um rapaz, prestes a se casar, se despede das farras com moçoilas de vida fácil, ao lado de três amigos. Mas um crime o impede de subir ao altar e sua vida, bem como a de seus companheiros, muda radicalmente após sete anos na prisão, pagando por um crime que não cometeu. Com esse mote, Walther Negrão desenvolveu uma de suas melhores novelas e conquistou uma das maiores audiências do horário das 18h nos anos 90. Negrão, infelizmente, não pode nos conceder uma entrevista sobre a trama, esta semana. Mas se comprometeu a fazê-lo nos próximos dias e, com Despedida de Solteiro vencendo a enquete ou não, disponibilizaremos aos nossos leitores tal conteúdo. Por outro lado, temos o excelente texto de Thiago Henrick, parceiro do nosso blog, sobre a novela. Votantes em Despedida de Solteiro ou indecisos, não deixem de conferir!
Thiago Henrick conhece o cenário musical brasileiro (e internacional) como ninguém. Mas o que me fez amigo deste advogado de 32 anos foi outra de suas paixões: as novelas. E mal sabia que, assim como eu, Thiago acompanhou Despedida de Solteiro assiduamente. Ao publicar sobre a enquete do Viva em minha página no Facebook, TH foi o primeiro a se manifestar: votaria em Despedida. E para entender os motivos pelos quais ele escolheu a trama de Walther Negrão, convidei esse querido amigo para participar desta seção do blog. TH, muito obrigado por ter aceitado, pelo excelente texto e pela amizade de sempre. Segue a defesa do nosso brilhante advogado em favor de Despedida de Solteiro!

#TeamDespedidaDeSolteiro
por Thiago Henrick

Novela de Walter Negrão de 1992, feita às pressas para suprir o adiamento de Mulheres de Areia, em decorrência da gravidez de Glória Pires. Ivani havia sido taxativa: “Sem Glória, eu não faço”.

A exemplo de Pecado Capital de 1975, também feita na correria, com reaproveitamento do elenco que estaria em Roque Santeiro (que foi censurada naquele ano) e se tornou um clássico absoluto do mundo das novelas, Despedida de Solteiro foi uma produção bem caprichada (até por ter sido feita a toque de caixa), e é, de longe, uma das novelas mais inspiradas de Negrão.

Um crime afeta a vida de quatro jovens, julgados e condenados por ele. Porém, eles não tiveram culpa: tudo fazia parte de um plano do diabólico Sérgio Santarém (Marcos Paulo, em atuação excelente). Com a condenação dos quatro, as histórias de seus familiares tomam rumos inesperados na cidade de Remanso. A noiva de João Marcos (Felipe Camargo), Lenita (Tássia Camargo), une-se ao mandante do crime, Sérgio Santarém, julgando ser João realmente culpado. Xampu (João Vitti), outro dos jovens condenados, não resiste e morre na prisão, prejudicando o romance entre seu colega de condenação Pedro (Paulo Gorgulho) e sua irmã Flávia (Lúcia Veríssimo). E Paschoal (Eduardo Galvão), o quarto jovem condenado, mal sabe que sua irmã Marta (Lucinha Lins) se viu em grandes apuros após sua prisão, tendo que inclusive abandonar seu filho recém-nascido para assumir os negócios da família.

A simplicidade da trama me encantou. A cidade fictícia de Remanso era acolhedora, cheia de moradores “comuns”, com anseios e receios típicos das pessoas interioranas.  Lembro também que Despedida tinha ganchos bem delineados e foi muito além do crime que traçava sua espinha dorsal, dando espaço para que o elemento humano fosse bem atuante na história.

Foi uma novela agradabilíssima, despretensiosa em termos de inovação ou audiência, mas comprometida com o interesse do público, que se manteve até o fim. Eu lembro que a trama da Lucinha Lins era a que mais me prendia. Senti a dor daquela mãe que teve que abandonar o filho, adotado pelo bonachão Vitório (Elias Gleizer), que virou logo aquele avozão amigo da criançada. Todas as crianças da época (e eu era mais uma) queriam ter um avô querido como ele.

Ana Rosa fez a, na minha opinião, melhor personagem feminina da novela. Soraya era interesseira, tinha pinta de madame, queria uma vida melhor e criticava a que levava seu marido, Cirineo (Mauro Mendonça), um mecânico simpático que tinha a companhia de sua filha Nina (Helena Ranaldi, estreando na Globo), que “pegava no pesado” como o pai. Já Soraya tinha, ao seu lado, a outra filha, Bianca (Rita Guedes, também estreando), mimada e fútil como ela.

As mocinhas da trama ficaram a cargo de Tássia Camargo (Lenita) e Lúcia Veríssimo (Flávia); seus respectivos mocinhos eram João Marcos (Felipe Camargo) e Pedro (Paulo Gorgulho). Apesar de o antagonista maior ser Sérgio Santarém (Marcos Paulo), apaixonado por Lenita, eu considero como casal principal da novela Pedro e Flávia. As pessoas torciam cotidianamente por ambos.


Despedida está longe de ser uma novela emblemática ou marcante em termos de teledramaturgia, mas dentre as três novelas que concorrem à reprise no Viva, é a mais agradável, sem dúvidas. Ela seguirá a “simplicidade especial” apresentada em História de Amor e certamente não fará a audiência do canal a cabo declinar. E ainda será uma ótima oportunidade para apresentar essa história tão encantadora a quem não teve oportunidade de vê-la. É meu voto!

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Leia mais sobre Despedida de Solteiro, em um texto de minha autoria, no blog Zappiando, de Paulo Ricardo Diniz. Clique aqui!

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