domingo, 7 de setembro de 2014


Ah! Esse Planeta era tão gostoso!
Planeta Xuxa resgata boa fase da carreira de Xuxa

De rainha dos baixinhos à musa dos altinhos. O Planeta Xuxa, que o Canal Viva trouxe de volta neste domingo, simbolizou uma mudança significativa na carreira de uma das apresentadoras mais amadas do país. Após o término do diário Xou da Xuxa, em 1992, a loira passou por uma incursão aos domingos, com o Xuxa, e seguiu para os sábados de manhã, com a dobradinha Xuxa Park e Xuxa Hits. Este último serviu como o embrião para o Planeta, que estreou em 05 de abril de 1997, às 16h.

“Os baixinhos estavam crescendo e a necessidade de falar para eles foi crescendo também, então surgiu o Planeta”, declarou Xuxa em entrevista ao site do Canal Viva, esta semana. Convidados musicais e quadros diversos eram a tônica da atração, que ocupava um horário ingrato da programação global, vago, praticamente, desde a morte de Chacrinha e a consequente extinção do seu Cassino, já reprisado no Viva. Xuxa tomou conta do espaço e em pouco tempo o Planeta se configurou em mais um triunfo na até então inabalável galeria de sucessos da apresentadora. Seu elenco, composto por nomes como Adriana Bombom, se tornou conhecido, e os quadros Intimidade e Transformação se tornaram carro-chefe da atração.

Prova inconteste do sucesso do programa foi sua mudança para as tardes de domingo, no ano seguinte.  Em entrevista ao Estado de São Paulo, em 29 de março de 1998, Marluce Dias da Silva, então superintendente da TV Globo declarou que o programa estava migrando para os domingos para que Xuxa não fosse prejudicada pelos jogos da Copa do Mundo na França, cujo horário coincidira com a exibição do Planeta. Situação inversa ao que vimos na época do TV Xuxa, última atração da loira antes do seu afastamento das telinhas para cuidados com a saúde. Desprestigiada diante dos baixos números do programa, Xuxa era constantemente rifada da grade, tanto quando figurava nas manhãs, como quando migrou para as tardes, buscando justamente fugir das alterações de horário e cancelamento das exibições.

Com o Planeta, não houve esse mesmo estresse. Apesar de, nos últimos anos, já não registrar os bons índices do início, diante da forte concorrência com o famigerado Domingo Legal, o programa ainda garantia elevado prestígio para Xuxa. Tanto que a Globo prometera a ela, no mesmo ano, um novo programa diário, dedicado exclusivamente ao público da primeira infância. Foi a vontade de voltar a se comunicar com seus baixinhos que afastou Xuxa de Marlene Mattos, sua empresária e diretora. Por divergências no trabalho (Marlene queria que Xuxa continuasse investindo nos adultos), as duas decretaram o fim do Planeta. O tempo mostrou que Marlene não estava totalmente errada quanto à sua visão para a carreira da pupila. O Xuxa No Mundo da Imaginação sofreu com a forte concorrência, deu lugar ao TV Xuxa infantil, que também não emplacou, e por fim ao TV Xuxa, hoje fora do ar. Xuxa talvez tenha errado ao tentar angariar um novo público formado por crianças e se “esquecido” dos que a acompanharam desde o início. Tomou o caminho inverso ao de Angélica, para citar apenas um exemplo, hoje uma apresentadora segura, muito bem posta à frente do Estrelas (domingos, em horário alternativo, às 16h), que soube agregar aos seus fãs do passado um novo público. Xuxa parece ter perdido até mesmo a forma como se dirige ao telespectador. Quem a vê no Planeta Xuxa, certamente nota muito mais espontaneidade e entusiasmo do que nas últimas edições do TV Xuxa.

O tempo fora do ar e a reprise do Planeta Xuxa no Viva certamente serviram para que a apresentadora possa repensar sua trajetória e definir o caminho que iria trilhar quando retornar à TV, o que eu, como fã, espero que não demore a acontecer. Enquanto isso, vamos curtir essa nova viagem ao planeta mais gostoso de todos os tempos...


PS: Como é interessante acompanhar o programa e ver convidados que figuraram em quase todas as atrações de auditório no final dos anos 90: Claudinho e Buchecha, Molejo, Netinho e Deborah Blando, cantando o inesquecível tema de Lúcia Helena (Adriana Esteves), em A Indomada. Um painel bem diferente do que vemos no Globo de Ouro, onde a música brega que assolou os anos 80 domina a cena, mas ainda há respiros de bons momentos, tanto de canções como de intérpretes. Nos anos 90, tal respiro já inexistia, praticamente. As letras fáceis e as coreografias sensuais configuraram o final da década. E com o passar dos anos, a música brasileira acabaria por degringolar de vez!

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