Queridos leitores, peço desculpas pelo
atraso na atualização do blog, neste fim de semana. Compromissos profissionais
me impediram de publicar a entrevista com Ricardo Hofstetter na sexta, conforme
havia prometido. A nova edição da Viva Revista também saiu hoje,
excepcionalmente. Espero que gostem do conteúdo e continuem prestigiando o Vivo no Viva.
Ricardo Hofstetter
De colaborador à autor titular. A
carreira de Ricardo Hofstetter evolui dentro da soap-opera Malhação. Presente na equipe de roteiristas da trama, desde a
transição de cenário (da academia para o Múltipla Escolha), Ricardo conhece
como ninguém os meandros da novela e o gosto do público que a acompanha. Foi
Ricardo quem emplacou a temporada de maior sucesso da trama (2004), cuja
reprise o público do Viva aguarda ansiosamente. Nesta entrevista, Ricardo
relembra sua participação na equipe de Malhação
e comenta a temporada 2003, que estreia amanhã, 13h, no Viva. Ao autor, nossos
agradecimentos.
***
- Você integrou a equipe de texto de Malhação de 1998 (como colaborador) até
2009 (como autor de Malhação ID),
quase que ininterruptamente. Quais os prazeres e as dificuldades de escrever Malhação? Como manter o ritmo da temporada,
ao longo de tanto tempo no ar, e se reinventar para dar continuidade à
temporada seguinte?
Os
prazeres e as dificuldades variam de acordo com a posição que você ocupa na
equipe de roteiristas. Em Malhação,
ocupei todas essas posições, desde apenas colaborador (até 2000), passando por
escaletador (2001 e 2002), depois autor principal (2003 e 2004) e supervisor da
temporada 2005, escrita pela Izabel Oliveira e Paula Amaral. Depois me pediram
para escrever mais uma fase como autor titular e fiz a Malhação ID (2009-2010). Quando você é apenas colaborador, tudo é
festa e você se diverte muito escrevendo cenas e dando ideias, sem muitos
compromissos. Quando passa a escaletador, as dificuldades e a responsabilidade
aumentam muito. Quando passa a autor-titular tudo tem que passar pela sua mão,
a responsabilidade pelo programa é toda sua, e o nível de estresse aumenta
muito, assim como a quantidade de trabalho.
Mas como adoro escrever, mesmo sob estresse, é sempre muito divertido
estar no ar. O desafio é não parar um minuto de pensar em novas histórias ou
novos ângulos para contar histórias manjadas. Esse é o desafio de qualquer
novela no Brasil.
- Quais as suas preferências na
temporada 2003 de Malhação, em termos
de personagens, tramas e cenas?
Se
não me falha a memória, a temporada de 2003 foi o segundo ou terceiro melhor
ibope de toda a história do programa e a primeira que escrevi como autor
titular. A temporada de maior ibope de toda a história do programa foi a
seguinte, a de 2004, a fase da Vagabanda, onde também fui o autor titular.
Então acabo sendo um pouco injusto com a fase de 2003 porque todas as minhas
lembranças vão para a fase de 2004. Mas, revirando a memória, vejo que 2003 teve
coisas muito boas: os atores que faziam os pais eram fantásticos (Maitê
Proença, Totia Meirelles, Zé de Abreu e Evandro Mesquita), os protagonistas
eram a Manuela do Monte (Luísa) e o Sérgio Marone (Victor), um casal com uma
química fantástica. Lembro que o personagem da Maitê, na trama, acabava sendo
entrevistada pelo Jô Soares em seu programa e acho que foi a primeira vez que
misturamos ficção (a trama de Malhação)
com a realidade (o Programa do Jô). A
prima da Luísa, Carla (interpretada pela Nathália Rodrigues) era uma vilã da
pior espécie, que mesmo sendo recebida com todo carinho na casa da prima, fazia
de tudo para detonar o namoro de Luísa para ficar com Victor, uma grande sonsa.
E tinha o Serginho Hondjakoff e o Cauã Raymond, em seu primeiro papel na Globo,
fazendo a hilária dupla Cabeção e Maumau. Relembrando agora vejo que foi uma
fase muito legal do programa. Quem assistir não vai se arrepender.
- Malhação
2003 estreou em abril daquele ano e se encerrou em janeiro de 2004,
totalizando 190 capítulos, uma redução bastante drástica, comparada aos números
das temporadas anteriores. A que se atribuiu essa mudança, na época?
Não
foi uma mudança, na verdade o tamanho das fases variava de acordo com o fôlego
de cada história. Algumas duravam mais, outras menos. Era normal essa
diferença. Lembro que a fase de 1999, quando o cenário principal da novela
passou de uma academia de ginástica para um colégio (o Múltipla Escolha), teve
apenas 125 capítulos, bem menor do que as outras. A fase de 2003 durou o tempo
que o fôlego da história permitiu, sem criar barriga. E 190 capítulos é uma
novela longuíssima, são 10 meses no ar, é muita coisa!
- Seu último trabalho foi na novela Além do Horizonte, encerrada em maio do
ano passado. Na última semana, a colunista de TV Patrícia Kogut divulgou em
nota a sua nova parceria com Marcos Bernstein, autor da novela, em uma sinopse
“bem diferente”. Pode nos adiantar algo deste novo trabalho?
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Ricardo com a equipe de colaboradores e os autores Carlos Gregório e Marcos Bernstein, de Além do Horizonte. |
Sim,
a parceria está rolando, mas ainda não dá pra adiantar nada. A única coisa que
dá pra dizer é que será uma história bem diferente do padrão das histórias de
novelas dos últimos tempos.
Não deixe de ler a nova edição da Viva Revista. Já "nas bancas"...
Com a mudança do horário de Malhação no Viva (das 14h30 para as 13h), comecei a rever a fase Pedro e Júlia. E percebo bem a diferença entre a época Múltipla Escolha e o atual formato, cujas temporadas não mais "conversam" entre si. A fase Múltipla Escolha era mais redonda, tinha o texto mais maduro e retratava com uma certa fidelidade (claro, o que permite o folhetim) os dramas adolescentes. Os personagens eram mais carismáticos. Sempre pensei que eu não curtia mais Malhação porque cresci, mas revendo dá pra perceber claramente que a qualidade da trama caiu. Abraço!
ResponderExcluirAndré San - www.tele-visao.zip.net
Realmente, André, o nível caiu muito. Mas eu gosto demais dessa atual temporada. Sou fã do casal "Perina" rs... Abraços! Relacionei seu blog aqui nos favoritos do Vivo no Viva.
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