domingo, 18 de janeiro de 2015

Queridos leitores, peço desculpas pelo atraso na atualização do blog, neste fim de semana. Compromissos profissionais me impediram de publicar a entrevista com Ricardo Hofstetter na sexta, conforme havia prometido. A nova edição da Viva Revista também saiu hoje, excepcionalmente. Espero que gostem do conteúdo e continuem prestigiando o Vivo no Viva.

Ricardo Hofstetter

De colaborador à autor titular. A carreira de Ricardo Hofstetter evolui dentro da soap-opera Malhação. Presente na equipe de roteiristas da trama, desde a transição de cenário (da academia para o Múltipla Escolha), Ricardo conhece como ninguém os meandros da novela e o gosto do público que a acompanha. Foi Ricardo quem emplacou a temporada de maior sucesso da trama (2004), cuja reprise o público do Viva aguarda ansiosamente. Nesta entrevista, Ricardo relembra sua participação na equipe de Malhação e comenta a temporada 2003, que estreia amanhã, 13h, no Viva. Ao autor, nossos agradecimentos.

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- Você integrou a equipe de texto de Malhação de 1998 (como colaborador) até 2009 (como autor de Malhação ID), quase que ininterruptamente. Quais os prazeres e as dificuldades de escrever Malhação? Como manter o ritmo da temporada, ao longo de tanto tempo no ar, e se reinventar para dar continuidade à temporada seguinte?

Os prazeres e as dificuldades variam de acordo com a posição que você ocupa na equipe de roteiristas. Em Malhação, ocupei todas essas posições, desde apenas colaborador (até 2000), passando por escaletador (2001 e 2002), depois autor principal (2003 e 2004) e supervisor da temporada 2005, escrita pela Izabel Oliveira e Paula Amaral. Depois me pediram para escrever mais uma fase como autor titular e fiz a Malhação ID (2009-2010). Quando você é apenas colaborador, tudo é festa e você se diverte muito escrevendo cenas e dando ideias, sem muitos compromissos. Quando passa a escaletador, as dificuldades e a responsabilidade aumentam muito. Quando passa a autor-titular tudo tem que passar pela sua mão, a responsabilidade pelo programa é toda sua, e o nível de estresse aumenta muito, assim como a quantidade de trabalho.  Mas como adoro escrever, mesmo sob estresse, é sempre muito divertido estar no ar. O desafio é não parar um minuto de pensar em novas histórias ou novos ângulos para contar histórias manjadas. Esse é o desafio de qualquer novela no Brasil.

- Quais as suas preferências na temporada 2003 de Malhação, em termos de personagens, tramas e cenas?

Se não me falha a memória, a temporada de 2003 foi o segundo ou terceiro melhor ibope de toda a história do programa e a primeira que escrevi como autor titular. A temporada de maior ibope de toda a história do programa foi a seguinte, a de 2004, a fase da Vagabanda, onde também fui o autor titular. Então acabo sendo um pouco injusto com a fase de 2003 porque todas as minhas lembranças vão para a fase de 2004. Mas, revirando a memória, vejo que 2003 teve coisas muito boas: os atores que faziam os pais eram fantásticos (Maitê Proença, Totia Meirelles, Zé de Abreu e Evandro Mesquita), os protagonistas eram a Manuela do Monte (Luísa) e o Sérgio Marone (Victor), um casal com uma química fantástica. Lembro que o personagem da Maitê, na trama, acabava sendo entrevistada pelo Jô Soares em seu programa e acho que foi a primeira vez que misturamos ficção (a trama de Malhação) com a realidade (o Programa do Jô). A prima da Luísa, Carla (interpretada pela Nathália Rodrigues) era uma vilã da pior espécie, que mesmo sendo recebida com todo carinho na casa da prima, fazia de tudo para detonar o namoro de Luísa para ficar com Victor, uma grande sonsa. E tinha o Serginho Hondjakoff e o Cauã Raymond, em seu primeiro papel na Globo, fazendo a hilária dupla Cabeção e Maumau. Relembrando agora vejo que foi uma fase muito legal do programa. Quem assistir não vai se arrepender.

- Malhação 2003 estreou em abril daquele ano e se encerrou em janeiro de 2004, totalizando 190 capítulos, uma redução bastante drástica, comparada aos números das temporadas anteriores. A que se atribuiu essa mudança, na época?

Não foi uma mudança, na verdade o tamanho das fases variava de acordo com o fôlego de cada história. Algumas duravam mais, outras menos. Era normal essa diferença. Lembro que a fase de 1999, quando o cenário principal da novela passou de uma academia de ginástica para um colégio (o Múltipla Escolha), teve apenas 125 capítulos, bem menor do que as outras. A fase de 2003 durou o tempo que o fôlego da história permitiu, sem criar barriga. E 190 capítulos é uma novela longuíssima, são 10 meses no ar, é muita coisa!

- Seu último trabalho foi na novela Além do Horizonte, encerrada em maio do ano passado. Na última semana, a colunista de TV Patrícia Kogut divulgou em nota a sua nova parceria com Marcos Bernstein, autor da novela, em uma sinopse “bem diferente”. Pode nos adiantar algo deste novo trabalho?


Ricardo com a equipe de colaboradores e os autores
Carlos Gregório e Marcos Bernstein, de Além do Horizonte.

Sim, a parceria está rolando, mas ainda não dá pra adiantar nada. A única coisa que dá pra dizer é que será uma história bem diferente do padrão das histórias de novelas dos últimos tempos.



Não deixe de ler a nova edição da Viva Revista. Já "nas bancas"...

2 comentários:

  1. Com a mudança do horário de Malhação no Viva (das 14h30 para as 13h), comecei a rever a fase Pedro e Júlia. E percebo bem a diferença entre a época Múltipla Escolha e o atual formato, cujas temporadas não mais "conversam" entre si. A fase Múltipla Escolha era mais redonda, tinha o texto mais maduro e retratava com uma certa fidelidade (claro, o que permite o folhetim) os dramas adolescentes. Os personagens eram mais carismáticos. Sempre pensei que eu não curtia mais Malhação porque cresci, mas revendo dá pra perceber claramente que a qualidade da trama caiu. Abraço!
    André San - www.tele-visao.zip.net

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  2. Realmente, André, o nível caiu muito. Mas eu gosto demais dessa atual temporada. Sou fã do casal "Perina" rs... Abraços! Relacionei seu blog aqui nos favoritos do Vivo no Viva.

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