Xuxa, não se vá!
Mudança da apresentadora para Record deve prejudicar reprises no Viva
De fato, Xuxa necessita respirar novos
ares. Há muito tempo, seu desempenho em audiência deixou de ser satisfatório. Suas
ações continuam repercutindo, embora hoje Xuxa seja vista mais como uma
apresentadora rumo à aposentadoria como um elemento capaz de atrair bons
números e elevar o faturamento. Xuxa não soube conduzir sua carreira, após o
término do Planeta Xuxa, hoje em
reprise no Viva. Sua força perante o público infantil a obrigou a continuar se
comportando como Rainha dos Baixinhos, diante da necessidade de vender os
produtos de sua grife, ligados, em sua maioria, às crianças. Sabemos do apego
de Xuxa como este público (e a parabenizamos por isso, em um momento em que a
TV aberta praticamente ignora tal fatia de audiência). Entretanto, no ar, Xuxa
precisava amadurecer, tal e qual suas companheiras de infantis nas décadas de
80 e 90, Angélica e Eliana, para atrair um novo público, além dos baixinhos que
cresceram com ela. Na contramão do que seria aparentemente correto, Xuxa
abandonou o Planeta para produzir o Xuxa No Mundo da Imaginação, marcado
pela excelente produção, mas pelo fraco desempenho no Ibope. Migrou pouco
depois para o TV Xuxa, destinado a
toda família. Mas, novamente, e desta vez influenciada por alterações de
formato constantes e mudandas de horário praticamente rotineiras, não encontrou
o sucesso de seus áureos tempos.
Sou fã confesso de Xuxa, mas
reconheço: ela não aprendeu a dialogar com a grande audiência. Seu público
cativo é formado pelas crianças que a acompanharam desde o Xou. E Xuxa ainda insiste em falar apenas com eles. Não se adaptou
à nova realidade da TV: tem dificuldades com ao vivo e com entrevistas, por
exemplo. No próprio Planeta,
percebemos que seu papo com convidados musicais se resume a meia dúzia de
palavras, gírias e alguns gritinhos. A loira se saía bem apenas no ‘Intimidade’,
certamente amparada pela boa produção que preparava tais entrevistas. De
mudança para a Record, Xuxa também precisará mudar de postura: talvez um
trabalho para abandonar a voz de tom infantil, que ainda a mantém atrelada a
este público; uma boa assessoria para se preparar melhor para o palco e até
mesmo uma revisão de seus investimentos extra-TV, que devem mirar no público
adulto e feminino. Deve manter, claro, a alegria e espontaneidade que a fez a
diva de um geração de telespectadores.
Tal mudança vem cercada de dúvidas. A Record
não parece ter o mesmo tamanho que Xuxa. Assim como não tinha o tamanho de Gugu
Liberato, contratado como estrela, para posteriomente, ser relegado aos
domingos, em horário ingrato, até ter seu contrato rompido. Para Xuxa,
a emissora planeja formatar uma atração
semelhante a de Ellen DeGeneres. Xuxa, entretanto, não é Ellen. Apenas o fato
de ser loira de cabelo curto não a credencia para uma atração do tipo. A
mudança representa na carreira da apresentadora a ida de um passado de glórias à
um futuro de incertezas.
Passado de glória porque embora Xuxa
não estivesse no ar na Globo, foi lá que ela construiu seu legado. Legado este
do qual nosso texto de hoje trata, após esta longa introdução. Já foi noticiado
que Xuxa preferia ter apenas seus programas antigos no ar no Canal Viva, ao
invés de migrar para a Record, o que faria apenas considerando o fator
dinheiro. Foi dito também que o contrato da Xuxa Produções com o canal, que
possibilita a reprise do Planeta, seria o empecilho, neste momento, para a assinatura com a Record. É de se lamentar que, uma vez em sua nova emissora, Xuxa não deverá
mais figurar nos canais Globosat, como o Viva, ao menos que as partes entre em
acordo, o que não parece interessante nem para Xuxa nem para o Grupo Globo.
Estes não dariam cartaz à uma estrela da concorrência, enquanto a loira,
necessitando dar uma guinada profissional, provavelmente preferira esconder o
passado para fazer surgir o futuro.
Desta forma, talvez não possamos
acompanhar outras atrações de Xuxa no Viva. O blog enumera logo abaixo cinco
programas da Rainha dos Baixinhos, que gostaríamos de ter visto e que, ao que
parece, ficarão apenas na saudade.
Especiais
Ao longo de sua trajetória na TV Globo, Xuxa conduziu diversos programas especiais. Em sua maioria, atrações de Natal, que já rememoramos anteriormente (leia aqui). Também o humorístico Xuper Star, levado ao ar em 1991, que trazia a loira em diversos personagens, com destaque para Shirley Liz, a apresentadora de TV que conduzia um programa famoso por receber convidados em um sofá (algo semelhante ao que Xuxa, aparentemente, irá fazer na Record). Xuxa ainda dava vida à avó de Shirley, dona Cotinha, e sua empregada, Rosicleide Sueli. Completando o elenco, Guilherme Karan, como o mordomo de Shirley, e Jorge Fernando, o diretor de seu programa. Ainda, os especiais temáticos Xuxa 10 Anos e Xuxa 20 Anos, que celebraram os aniversários de sua parceria com a Globo. Lamentamos que, talvez, Xuxa não complete 30 anos de emissora, o que impede uma nova comemoração, quem sabe, através do Viva.
Paradão
da Xuxa
Musical de 1992, que surgiu,
inicialmente como um quadro do Xou da
Xuxa (o ‘Paradão dos Baixinhos’) e acabou substituindo a atração aos
sábados. Xuxa recebia cantores que ocuparam as paradas de sucesso daquela
semana; em sua maioria, artistas ligados ao universo sertanejo, em alta no período.
O tom do programa destoa do Planeta Xuxa,
sendo mais formal do que a atração do Viva. Xuxa não contava com crianças na
plateia e até o tom de sua apresentação era mais contido. Destaque para o
cenário, adornado por um enorme X giratório, que trazia os convidados ao palco,
enquanto Xuxa permanecia em um púlpito ao lado. No vídeo, Angélica entra em cena através do tal X, canta 'Quis Fazer Você Feliz' e comenta o sucesso de seu quinto LP com Xuxa.
Xuxa
Após o término do Xou da Xuxa, e seu ingresso no exterior, a apresentadora passou a
figurar na Globo apenas aos domingos. Era o Xuxa,
que ia ao ar das 14h às 15h, e buscava aproximar a loira de todos os públicos,
o que parece ser o intento da apresentadora nesse momento atual. Foi o início
de Xuxa como entrevistadora, função que ela ainda não havia desempenhado em
seus programas anteriores. A atração trazia também pautas voltadas para
adolescentes, embora a maioria de seus quadros dialogasse apenas com crianças.
O programa não teve vida longa, talvez por uma inadequação de formato ou pela
necessidade de Xuxa de se decidar aos seus planos de carreira no exterior. No
vídeo abaixo, a entrevista de estreia da apresentadora, com a eterna Hebe
Camargo.
Bobeou
Dançou
A estreia de Xuxa aos domingos se deu
com o Bobeou Dançou, também oriundo
de um quadro do Xou da Xuxa. O
programa, uma competição entre adolescentes, mirava numa possível interação de
Xuxa com os mais altinhos. A atração era conduzida por charadas e, depois, por
uma gincana passada dentro de uma casa cenográfica. O título advinha de uma das
melhores canções da apresentadora, presente no 4° Xou da Xuxa. Com uma hora de
duração, Bobeou Dançou entregava para
o então estreante Fausto Silva, que passou a conduzir o seu Domingão naquele 1989.
Xou
da Xuxa
Faltam palavras para comentar o maior
sucesso de Xuxa em sua trajetória na TV Globo. O Xou é conhecido em todo o Brasil e foi responsável pela
consolidação do fenômeno Xuxa Meneghel. Originou discos, produtos e o título de
Rainha dos Baixinhos Foi excessivamente copiado e chegou ao fim no ápice do
sucesso, diante do interesse de Xuxa de se aventurar no exterior e de um
princípio de desgaste em sua fórmula. Não sei como seria uma eventual reprise
no Viva. Acredito que os desenhos seriam rifados na edição, o que deixaria
alguns blocos sem nexo, retirando um pouco da graça da atração. Também acredito
que nem todas as edições seriam exibidas. Mas, certamente, faria (e muito) sucesso!
Também sou fã de Xuxa e espero de coração que ela encontre seu rumo fora da Globo. Não sei bem se migrar para a Record seria bom pra ela. Talvez fosse melhor parar de vez e preservar sua imagem. Adorei o texto, parabéns!!
ResponderExcluirConcordo, Daniel. Acredito que preservar o que fez de bom seria ideal para apresentadora. Não vai dar pra ela conciliar seus investimentos infantis com essa "nova" Xuxa que a Record quer criar. O ideal seria seguir no Viva, com reprises e, quem sabe, uma reverência ao passado, em programas especiais e afins.
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