terça-feira, 11 de novembro de 2014


Os números não mentem: Dancin’ Days e História de Amor, tramas que se encerraram recentemente, entraram para a história do Viva como as maiores audiências do canal, até o momento. Ao lado de A Viagem, garantiram números que levaram o Viva à liderança na faixa vespertina. Enquanto torcemos para que O Dono do Mundo e Tropicaliente, as respectivas substitutas, repitam os feitos, vamos relembrar as novelas e conferir o que elas apresentaram de melhor enquanto estiveram no ar, através dos depoimentos de telespectadores, “vivamaníacos” como eu. Meus agradecimentos a Daniel Couri, do blog Porcos, Elefantes e Doninhas, e Guilherme Staush, meu querido companheiro do Agora é Que São Eles e um dos pioneiros na preservação da memória televisiva via internet, com o Memória da TV. Os dois emitem suas opiniões sobre Dancin’ Days. Agradecimentos também a Carla Carol e Victor Morais, dois jovens que conheci no Twitter comentando as deliciosas cenas de História de Amor.


Não acompanhei a novela na época da primeira exibição, pois nasci em 1979, o ano em que a novela terminou (risos). Tenho lembranças muito vagas de uma reprise de 1982, mas como era muito novo, são apenas flashes mesmo.

No final dos anos 90, consegui que um amigo de Portugal gravasse a novela lá para mim (estava sendo exibida em 1999) e me mandasse as fitas com os capítulos. Assisti grande parte assim. Infelizmente, com o tempo, as fitas foram se desgastando ou mofando. Uns dez anos depois, baixei vários capítulos da internet, com qualidade bem ruim, e revi muitos deles. E, claro, quando saiu o DVD, fiquei muito contente e empolgado. Comprei imediatamente e pude ver tudo com qualidade ótima (apesar de ter sido bastante editada, o que, a meu ver, não prejudicou em nada a trama). E, por fim, acompanhei a exibição no canal Viva este ano. Foi muito divertido poder acompanhar a novela com os amigos de Twitter.

Sim, a reprise fortificou a ideia positiva que eu já tinha da novela. Tanto que, mesmo já tendo assistido diversas vezes e conhecendo a história de cor e salteado, acompanhei tudo novamente com a mesma empolgação. Diálogos ótimos, atuações magistrais, artistas que deixaram saudade. Reconheço que a novela teve seus pontos chatinhos, mas não chegaram a comprometer a trama.

Os destaques, na minha opinião, são muitos. Primeiro, o elenco primoroso, cheio de nomes que deixam saudade (Yara Amaral, Gracinda Freire, Lauro Corona, Lídia Brondi e até mesmo Joana Fomm, que apesar de estar viva, anda meio afastada da TV). O texto de Gilberto Braga também é outro trunfo. Ele conseguiu aproximar os personagens da realidade dos telespectadores. Era comum ouvi-los reclamando de problemas comuns do dia a dia, como o preço das coisas, o aluguel, a dificuldade de conseguir emprego, rotina do casamento etc. Os personagens eram bem ‘reais’, a trama era simples, mas envolvente. Um melodrama irresistível.

Daniel Couri

Acompanhei a primeira exibição, mas sempre lembrava de poucos detalhes da trama. Ficaram gravadas na mente apenas as cenas mais importantes da novela: o drama vivido por Júlia no início da novela, a tentativa de se aproxima da filha, a rivalidade com a irmã, sua virada triunfal, e a antológica cena da briga no capítulo final. Acompanhei, também, a reprise da novela no início dos anos 80, a edição feita pelo GNT anos depois, o DVD lançado pela Globo, e a recente reprise do Canal Viva.

Desde que pude assistir à novela (quase na íntegra), através de gravações feitas do canal GNT, e disponibilizadas na internet, pude constatar o que frequentemente era comentado nas redes sociais da internet, e até mesmo pelo próprio autor da novela (Gilberto Braga): a novela é ótima até o capítulo setenta e poucos. Após, inicia-se uma enorme barriga, com cenas cansativas, e pouco relevantes para a trama. No entanto, nunca mudei minha opinião sobre a obra. Continuo achando um dos melhores trabalhos do autor. É uma novela bem escrita, com personagens bem consistentes, e uma linearidade mantida até o final, diferente dos trabalhos subsequentes de Gilberto Braga (Água Viva, Brilhante e Louco Amor). Embora o mote principal de Dancin’ Days seja bem simples, ainda mais para os dias de hoje, a novela conseguiu me despertar um maior interesse do que Água Viva (com seu fiapo de história e sucessão de eventos), a melancólica e nada linear Brilhante, e a mexicana Louco Amor, um dos piores trabalhos do autor.

O trio feminino principal, formado por Sônia Braga, Joana Fomm e Glória Pires, foi um dos maiores trunfos da novela: a primeira, uma atriz bastante emblemática naquela década, com vários trabalhos de sucesso na TV e no cinema, e que conseguiu moldar bem as duas fases de sua personagem; a segunda, em seu primeiro grande trabalho na TV, remanejada no último segundo para seu personagem, papel que lhe caiu como uma luva; e a terceira, embora inexperiente e num papel injusto, conseguiu cativar o público. Não esquecendo o trabalho magnífico de Mário Lago, Yara Amaral, Cláudio Corrêa e Castro e Antonio Fagundes, como o fraco e inseguro Cacá. A trama, ambientada na era da disco music, ajudou a lançar moda na época, e deu um tom a mais à novela.

Guilherme Staush


Assisti a novela em 1995 / 1996 - tinha 10 / 11 anos (sou de 1985). Na reprise da TV Globo, em 2002, eu estudava à tarde, mas cantava “Crazy For You” quando via a propaganda. Me sentia a própria Renata Vasconcellos na abertura e a própria Helena monga apaixonada pelo Carlos. rs... Assistir os 209 capítulos em 2014 só reforçou, na minha opinião, a impressão de que esta é a melhor novela escrita por Manoel Carlos; uma novela das 18h com uma história que nos prende como se fosse das 20h.

Hoje entendi muito mais o contexto e atitudes dos personagens, mas não perdoei o fim, por exemplo, de “carrascos” como Joyce, Rafaela e Dalva. Deveriam ter pagado de alguma forma o mal que fizeram com as pessoas próximas, deveriam ter explorado mais a gravidez da Helena, mostrado a volta por cima do Bruno ao esquecer a Joyce e perceber que realmente ela merecia o Caio, a doçura da Dona Olga em conhecer o bisneto... Tanta coisa...

Mas o prêmio, o Oscar, o destaque, os aplausos, todos os méritos pra nossa Sheila! A vilã que mais amamos e nos vingou em algumas cenas... No fundo, todos nós somos uma “Sheila” quando amamos cegamente alguém; capaz de mentiras, intrigas, ataques, agressões, queimar coisas... Duas cenas que jamais esquecerei: quando ela pega todas as lembranças do Carlos, queima tudo na praia ao som de “Run Baby Run”... O grito de liberdade; o desapego. E claro: o atropelamento da Paulinha com direito a ir no hospital e sufocá-la com o travesseiro. Kkkkk...

Em pensar que não ouvirei mais a vinheta: “Brigas, separações, História de Amor já vai começar”. #HistóriaDeAmorNoViva e no coração!

Carla Carol

Foi o meu amor pelas novelas do Maneco que me convidou a assistir História de Amor. Gosto muito do estilo de suas obras e logo ao ver as primeiras chamadas, percebi: era mais uma daquelas deliciosas tramas que ele sabe criar como ninguém.

Ao longo de todos esses meses acompanhei a novela diariamente pelo Twitter e tenho certeza que não vou esquecer ela tão facilmente. História de Amor é dessas novelas que ficam na nossa memória por muitas razões: pela trama leve, simples, prosaica, com tudo que uma boa novela tem que ter; pelo elenco em perfeita sintonia; e pelo texto e direção que aliados tão bons eram. Eu ri tanto, eu chorei (ah sim, chorei!) me deixava envolver facilmente pelos capítulos. Maneco conseguiu extrair de mim muitos sentimentos e tenho certeza que não só de mim, pois eu acompanhava coletivamente e notava a reação semelhante do público.

Quando me pediram pra fazer um texto sobre a novela fiquei me perguntando o que ia falar, já que as qualidades eram imensas. Mas posso dizer que acima de tudo é uma novela humana. E só quem realmente acompanhou sabe do que estou falando. Quem não quis esganar a Joyce? Quem não ficou do lado da Helena quando ela sofria? Quem não quis dar um abraço bem apertado na Vó Olga? E quem não se deliciava com a Sheila e suas loucuras? As cenas marcantes foram outro ponto alto: Sheila tentando sufocar Paula com um travesseiro, a briga entre Marta e Joyce, Helena expulsando Dalva de seu apartamento, a memorável discussão entre Helena e Paula no posto de gasolina, e tantas mais.

Pra concluir, só posso dizer que considero a reprise de História de Amor no canal Viva uma das melhores coisas desse ano. Sexta, enquanto a última cena com Carlos e Helena passava, eu já podia dizer que estava com saudades desse “novelão” que tive o prazer de acompanhar. A novela fez jus ao título, e conseguiu criar uma verdadeira história de amor com cada telespectador que acompanhou.

#LembraDeMim #FuturosAmantes #HistóriaDeAmorNoVIVA


Victor Morais

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