Os números não mentem: Dancin’ Days e História de Amor, tramas que se encerraram recentemente, entraram
para a história do Viva como as maiores audiências do canal, até o momento. Ao
lado de A Viagem, garantiram números
que levaram o Viva à liderança na faixa vespertina. Enquanto torcemos para que O Dono do Mundo e Tropicaliente, as respectivas substitutas, repitam os feitos, vamos
relembrar as novelas e conferir o que elas apresentaram de melhor enquanto
estiveram no ar, através dos depoimentos de telespectadores, “vivamaníacos”
como eu. Meus agradecimentos a Daniel
Couri, do blog Porcos, Elefantes e Doninhas, e Guilherme Staush, meu querido companheiro do Agora é Que São Eles e um
dos pioneiros na preservação da memória televisiva via internet, com o Memória da TV. Os dois emitem suas opiniões sobre Dancin’ Days. Agradecimentos também a Carla Carol e Victor Morais,
dois jovens que conheci no Twitter comentando as deliciosas cenas de História de Amor.
Não acompanhei a novela na época da
primeira exibição, pois nasci em 1979, o ano em que a novela terminou (risos).
Tenho lembranças muito vagas de uma reprise de 1982, mas como era muito novo,
são apenas flashes mesmo.
No final dos anos 90, consegui que um
amigo de Portugal gravasse a novela lá para mim (estava sendo exibida em 1999)
e me mandasse as fitas com os capítulos. Assisti grande parte assim. Infelizmente,
com o tempo, as fitas foram se desgastando ou mofando. Uns dez anos depois,
baixei vários capítulos da internet, com qualidade bem ruim, e revi muitos
deles. E, claro, quando saiu o DVD, fiquei muito contente e empolgado. Comprei
imediatamente e pude ver tudo com qualidade ótima (apesar de ter sido bastante
editada, o que, a meu ver, não prejudicou em nada a trama). E, por fim,
acompanhei a exibição no canal Viva este ano. Foi muito divertido poder acompanhar
a novela com os amigos de Twitter.
Sim, a reprise fortificou a ideia
positiva que eu já tinha da novela. Tanto que, mesmo já tendo assistido
diversas vezes e conhecendo a história de cor e salteado, acompanhei tudo
novamente com a mesma empolgação. Diálogos ótimos, atuações magistrais,
artistas que deixaram saudade. Reconheço que a novela teve seus pontos
chatinhos, mas não chegaram a comprometer a trama.
Os destaques, na minha opinião, são
muitos. Primeiro, o elenco primoroso, cheio de nomes que deixam saudade (Yara
Amaral, Gracinda Freire, Lauro Corona, Lídia Brondi e até mesmo Joana Fomm, que
apesar de estar viva, anda meio afastada da TV). O texto de Gilberto Braga
também é outro trunfo. Ele conseguiu aproximar os personagens da realidade dos
telespectadores. Era comum ouvi-los reclamando de problemas comuns do dia a
dia, como o preço das coisas, o aluguel, a dificuldade de conseguir emprego,
rotina do casamento etc. Os personagens eram bem ‘reais’, a trama era simples,
mas envolvente. Um melodrama irresistível.
Daniel Couri
Acompanhei a primeira exibição, mas
sempre lembrava de poucos detalhes da trama. Ficaram gravadas na mente apenas
as cenas mais importantes da novela: o drama vivido por Júlia no início da
novela, a tentativa de se aproxima da filha, a rivalidade com a irmã, sua
virada triunfal, e a antológica cena da briga no capítulo final. Acompanhei,
também, a reprise da novela no início dos anos 80, a edição feita pelo GNT anos
depois, o DVD lançado pela Globo, e a recente reprise do Canal Viva.
Desde que pude assistir à novela
(quase na íntegra), através de gravações feitas do canal GNT, e
disponibilizadas na internet, pude constatar o que frequentemente era comentado
nas redes sociais da internet, e até mesmo pelo próprio autor da novela
(Gilberto Braga): a novela é ótima até o capítulo setenta e poucos. Após,
inicia-se uma enorme barriga, com cenas cansativas, e pouco relevantes para a
trama. No entanto, nunca mudei minha opinião sobre a obra. Continuo achando um
dos melhores trabalhos do autor. É uma novela bem escrita, com personagens bem
consistentes, e uma linearidade mantida até o final, diferente dos trabalhos
subsequentes de Gilberto Braga (Água Viva,
Brilhante e Louco Amor). Embora o mote principal de Dancin’ Days seja bem simples, ainda mais para os dias de hoje, a
novela conseguiu me despertar um maior interesse do que Água Viva (com seu fiapo de história e sucessão de eventos), a
melancólica e nada linear Brilhante,
e a mexicana Louco Amor, um dos
piores trabalhos do autor.
O trio feminino principal, formado por
Sônia Braga, Joana Fomm e Glória Pires, foi um dos maiores trunfos da novela: a
primeira, uma atriz bastante emblemática naquela década, com vários trabalhos
de sucesso na TV e no cinema, e que conseguiu moldar bem as duas fases de sua
personagem; a segunda, em seu primeiro grande trabalho na TV, remanejada no
último segundo para seu personagem, papel que lhe caiu como uma luva; e a
terceira, embora inexperiente e num papel injusto, conseguiu cativar o público.
Não esquecendo o trabalho magnífico de Mário Lago, Yara Amaral, Cláudio Corrêa
e Castro e Antonio Fagundes, como o fraco e inseguro Cacá. A trama, ambientada
na era da disco music, ajudou a
lançar moda na época, e deu um tom a mais à novela.
Guilherme Staush
Assisti a novela em 1995 / 1996 -
tinha 10 / 11 anos (sou de 1985). Na reprise da TV Globo, em 2002, eu estudava
à tarde, mas cantava “Crazy For You” quando via a propaganda. Me sentia a
própria Renata Vasconcellos na abertura e a própria Helena monga apaixonada
pelo Carlos. rs... Assistir os 209 capítulos em 2014 só reforçou, na minha
opinião, a impressão de que esta é a melhor novela escrita por Manoel Carlos; uma
novela das 18h com uma história que nos prende como se fosse das 20h.
Hoje entendi muito mais o contexto e
atitudes dos personagens, mas não perdoei o fim, por exemplo, de “carrascos”
como Joyce, Rafaela e Dalva. Deveriam ter pagado de alguma forma o mal que fizeram
com as pessoas próximas, deveriam ter explorado mais a gravidez da Helena,
mostrado a volta por cima do Bruno ao esquecer a Joyce e perceber que realmente
ela merecia o Caio, a doçura da Dona Olga em conhecer o bisneto... Tanta
coisa...
Mas o prêmio, o Oscar, o destaque, os
aplausos, todos os méritos pra nossa Sheila! A vilã que mais amamos e nos
vingou em algumas cenas... No fundo, todos nós somos uma “Sheila” quando amamos
cegamente alguém; capaz de mentiras, intrigas, ataques, agressões, queimar
coisas... Duas cenas que jamais esquecerei: quando ela pega todas as lembranças
do Carlos, queima tudo na praia ao som de “Run Baby Run”... O grito de
liberdade; o desapego. E claro: o atropelamento da Paulinha com direito a ir no
hospital e sufocá-la com o travesseiro. Kkkkk...
Em pensar que não ouvirei mais a
vinheta: “Brigas, separações, História de
Amor já vai começar”. #HistóriaDeAmorNoViva e no coração!
Carla Carol
Foi o meu amor pelas novelas do Maneco
que me convidou a assistir História de
Amor. Gosto muito do estilo de suas obras e logo ao ver as primeiras
chamadas, percebi: era mais uma daquelas deliciosas tramas que ele sabe criar
como ninguém.
Ao longo de todos esses meses
acompanhei a novela diariamente pelo Twitter e tenho certeza que não vou
esquecer ela tão facilmente. História de
Amor é dessas novelas que ficam na nossa memória por muitas razões: pela
trama leve, simples, prosaica, com tudo que uma boa novela tem que ter; pelo
elenco em perfeita sintonia; e pelo texto e direção que aliados tão bons eram.
Eu ri tanto, eu chorei (ah sim, chorei!) me deixava envolver facilmente pelos
capítulos. Maneco conseguiu extrair de mim muitos sentimentos e tenho certeza
que não só de mim, pois eu acompanhava coletivamente e notava a reação
semelhante do público.
Quando me pediram pra fazer um texto
sobre a novela fiquei me perguntando o que ia falar, já que as qualidades eram
imensas. Mas posso dizer que acima de tudo é uma novela humana. E só quem
realmente acompanhou sabe do que estou falando. Quem não quis esganar a Joyce?
Quem não ficou do lado da Helena quando ela sofria? Quem não quis dar um abraço
bem apertado na Vó Olga? E quem não se deliciava com a Sheila e suas loucuras?
As cenas marcantes foram outro ponto alto: Sheila tentando sufocar Paula com um
travesseiro, a briga entre Marta e Joyce, Helena expulsando Dalva de seu
apartamento, a memorável discussão entre Helena e Paula no posto de gasolina, e
tantas mais.
Pra concluir, só posso dizer que
considero a reprise de História de Amor no
canal Viva uma das melhores coisas desse ano. Sexta, enquanto a última cena com
Carlos e Helena passava, eu já podia dizer que estava com saudades desse
“novelão” que tive o prazer de acompanhar. A novela fez jus ao título, e
conseguiu criar uma verdadeira história de amor com cada telespectador que
acompanhou.
#LembraDeMim #FuturosAmantes #HistóriaDeAmorNoVIVA
Victor Morais
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