O
blog abre espaço para prestar uma justa homenagem a Roberto Bolaños, falecido
na última sexta (28/11). Um adeus ao nosso eterno Chaves, menino com quem nos
divertíamos na infância e que, com seu humor ingênuo, nos acompanhou na vida
adulta. Chaves é peça fundamental na
programação do SBT, que exibe o seriado há mais de trinta anos, formando uma
legião de fãs, na qual eu e, acredito, muitos leitores do blog, se incluem. Chaves é como o Viva: o passado, sempre atual. Vá
em paz, Chavinho...
domingo, 30 de novembro de 2014
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
O horário de novelas da tarde do Viva
viveu bons momentos com História de Amor.
E ao que parece, os números em alta continuam com Tropicaliente. Só que nós do blog já estamos esperando pela próxima
novela. Vamos torcer para o Viva dar uma espiada nas nossas sugestões para o
horário? Acredito que vocês, leitores, e os telespectadores do canal,
aprovariam o título que vamos apresentar hoje...
Os dois lados de uma mesma moeda
Cara & Coroa, sucesso esquecido
pela Globo, se sairia bem no Viva.

O “ineditismo” de Cara & Coroa pode implicar em um fenômeno semelhante ao visto
com O Dono do Mundo. Movidos pela
curiosidade de se conhecer uma trama exibida apenas uma vez, o público deu a novela
de Gilberto Braga uma audiência maior que a de Dancin’ Days e Água Viva,
em seu capítulo de estreia. E elementos para arrebatar o telespectador logo de
cara não faltam a Cara & Coroa.
Tão logo a trama se inicia, conhecemos Vivi (Christiane Torloni), enfermeira
que complementa sua renda trabalhando como garçonete à noite, em um pardieiro.
No submundo paulistano, Vivi conhece Margô (Rosi Campos), de quem se torna
grande amiga, e é envolvida, juntamente com ela, em um assalto a uma joalheria,
comandado por Boca (Alexandre Frota), o namorado da colega. Presas, são
alojadas em celas diferentes e surpreendidas com a presença de Fernanda
(Christiane Torloni), sósia de Vivi.
Condenada a 13 anos de prisão por
supostamente ter assassinado um desconhecido, Fernanda se ressente pelos muitos
erros que cometera no passado. Abandonou o noivo, Rubinho (Luís Mello), para se
casar com Miguel (Victor Fasano), com quem tivera um filho, Pedro (Thierry
Figueira). Entediada, deixou-se envolver por Mauro (Miguel Falabella), irmão de
Miguel, fugindo com ele para São Paulo. Lá, fora traída pelo amante com Heloísa
(Maitê Proença), e decidida a dar um fim nele, acabou por atingir o tal
desconhecido. A semelhança com sua nova companheira de cela também causa
espanto em Fernanda. Mas quem mais se surpreende, e se beneficia, das
características físicas aproximadas das duas, é Mauro.
Próxima de conquistar a liberdade,
Fernanda sofre um derrame, que a mantém em coma. Interessado em usufruir do
patrimônio do irmão, Mauro engendra um ardiloso plano, que consiste em colocar
Vivi no lugar da sósia, para que assim seja possível à “Fernanda” assinar o
divórcio com Miguel e tomar posse da parte que lhe cabe. Sem ter alternativa,
após fugir da cadeia com Margô, Vivi aceita a proposta e parte para o
reencontro com os familiares da amiga combalida. O regresso de “Fernanda”
coloca todos em Porto do Céu, litoral do Rio de Janeiro, em polvorosa. Sua mãe
Guilhermina (Marilena Ansaldi) e suas sobrinhas Leninha (Mônica Fraga) e
Natália (Alessandra Negrini) se envergonham de suas atitudes do passado; o
ex-marido Miguel não quer vê-la nem pintada de ouro e, assim como seu pai,
Antenor (Carlos Zara), deseja mantê-la afastada de Pedro; Nadine (Lúcia
Veríssimo), médica que namora Miguel, teme a proximidade da rival. Apenas
Rubinho, o noivo abandonado, e Aníbal (Hugo Carvana), o pai, se animam com a
chegada da moça.
Na pele da amiga, Vivi tenta se
aproximar de Pedro. No entanto, é impedida por Miguel de se aproximar da Ilha
do Adeus, pequeno oásis em que o bonitão vive com o pai e o filho. Mauro também
é persona non grata por lá. Tanto que para comover o pai e conseguir estadia leva
consigo para o lugarejo a pequena Belinha (Luiza Curvo), sua filha com Heloísa.
E também Margô, que passa a usar o codinome de Regininha, para esconder de
todos que é uma foragida da justiça. O tempo passa e a Fernanda, interpretada
por Vivi, começa a cair na graça dos que a odiavam. Primeiro, de Rubinho, iludido
com a retomada do romance; depois, Pedro, que se afeiçoa a mãe. E mais adiante,
Miguel.

Temendo ficar sem sua provável mina de
ouro, Mauro resolve seduzir a apagada Natália. A jovem que segue o rígido
padrão moral imposto pela avó, Guilhermina, não resiste às cantadas baratas e a
promessa de que ele irá se separar de Heloísa. Entrega sua virgindade a Mauro, sem
imaginar que ele irá usar seu poder de influência sobre ela para chantagear
Guilhermina: quer os terrenos que pertencem a matriarca para expandir o hotel
de Porto do Céu, que ele ganhara do pai. Enquanto articula contra a família de
Fernanda, Mauro solta as rédeas de Vivi. Mas a moça pouco usufrui de sua
liberdade. Após se entregar a Miguel em um barco, Vivi decide partir de Porto
do Céu, ao constatar que está apaixonada por ele e afeiçoada a Pedro. Mauro se
aproveita do momento de fragilidade da moça e vai até Miguel, exigindo metade
de seu patrimônio, usando a procuração supostamente assinada por Fernanda.
Além da decepção por ter sido traído,
mais uma vez, pela mulher que ama, Miguel sofre um duro golpe por parte do
amigo Rômulo (Antonio Grassi), que passa a fornecer informações de seus
negócios a Mauro, enquanto se relaciona secretamente com Heloísa. Rômulo é
casado com Laurinha (Louise Cardoso, infelizmente mal aproveitada durante a
narrativa), diretora da escola local, onde estudam suas filhas, Júlia (Juliana
Barone), namorada de Pedro, e Kika (Natália Lage, sempre bem!). Seus pais,
Kléber (Mauro Mendonça) e Leda (Arlete Montenegro) são donos do restaurante
mais badalado da cidade; seu irmão mais novo, Cosme (Marcos Pasquim), é delegado
em Porto do Céu e noivo de Leninha; já o mais velho, Rubinho, é professor e
advogado. E o primeiro a revelar que conhece toda a farsa de Vivi. Após a fuga,
a mocinha se hospeda numa pensão de quinta, enquanto batalha por um emprego.
Quando a polícia invade o local, para desmontar um prostíbulo clandestino que
funciona ali, Rubinho dá guarita a Vivi e diz saber que ela não é Fernanda.
Confiando em sua amizade, a moça confessa todo o plano de Mauro e é convencida
a voltar a Porto do Céu, para lutar contra Mauro, tendo Rubinho como seu
representante perante e a lei.
Com o fôlego renovado, Vivi procura
Mauro e diz que irá revelar a troca de identidades caso ele não deixe sua “sobrinha”
Natália em paz. A moça está cada vez mais apaixonada e, ao descobrir pela avó
que Mauro desejava apenas as terras que cercavam o hotel, toma um vidro de
comprimidos, numa tentativa de suicídio que só não se concretiza por conta do
rápido atendimento médico. No entanto, a morte de Guilhermina, após uma
acalorada discussão com a neta, a respeito de Mauro, faz com que Natália
mergulhe em uma depressão profunda, principalmente ao constatar que o vilão só
queria mesmo os terrenos, a esta altura, já doados por Guilhermina. O melhor
remédio para Natália, no entanto, está para chegar: é o esportista Guiga
(Márcio Garcia), que aporta em Porto do Céu na companhia da modelo Debbie
(Cláudia Liz). A presença da top amedronta Cícero (Wolf Maya), patriarca da,
até então, família mais ajustada de Cara
& Coroa. Ele é casado com Martina (Cláudia Alencar, ótima!), uma
ex-jogadora de vôlei, que tão logo descobre que o marido teve um caso
clandestino com Debbie, propõe sociedade a Guiga em uma loja de artigos
esportivos, mas com a condição de que Cícero e sua ex-amante acreditem que os
dois estão tendo um romance.
Dois meses se passam. Mauro pressiona
Vivi a assinar, como Fernanda, a separação, agora exigida por Miguel, de forma
que ele possa ficar livre para se casar com Nadine. Esta, por sua vez, constata
que Vivi não passa de uma impostora, ao comparar sua ficha médica atual com a do
passado. E Cacilda (Arlete Salles), segunda mulher de Aníbal, também descobre
toda a armação, ao encontrar a carta em que Vivi confessava seus delitos,
escrita antes do aniversário de Pedro e do beijo em Miguel. A esta altura,
Rubinho já provou a inocência de Vivi e Margô e constatou a morte de Boca, em
uma briga no presídio. Sem ter porque continuar fugindo, Vivi decide procurar a
verdadeira Fernanda, ao descobrir que ela não estava morta, como Mauro lhe
dissera. Diante do corpo inerte da sósia, Vivi confessa todo o plano e que está
grávida de Miguel. E é surpreendida por uma risada monstruosa de Fernanda, que
revela estar fingindo por todo esse tempo por medo da ira de Mauro e Heloísa.
Agora, entretanto, sabendo que Vivi já preparou o terreno, Fernanda decide
regressar a Porto do Céu.
Disposta a destruir Mauro e Heloísa,
Fernanda torna a seduzir o vilão. Iludido com a possibilidade da ex-amante
ainda amá-lo, e de assim conseguir os bens que ela ainda tem em comum com Miguel,
o malvado se deixa envolver, despertando a ira de Heloísa, que planeja a morte
da rival. Liga para ela e marca um encontro em um despenhadeiro, de onde
planeja atirar Fernanda, simulando um suicídio. O tiro, porém, sai pela
culatra. Mauro, no intuito de impedir os planos da esposa, acaba por jogar
Heloísa das pedras. A saída de Maitê Proença da novela, na época, gerou
burburinho, uma vez que a personagem era de extrema importância no enredo e a
atriz desempenhava muito bem o seu papel.
A morte de Heloísa é testemunhada por Natália, que nada conta, já que Mauro a ameaça. O terrorismo é tamanho que a mocinha tenta, mais uma vez, dar fim à sua vida, se atirando no mar. Desta vez, é salva por Guiga, alertado por Leninha, que, desencantada com Cosme, começa a se interessar pelo esportista. Já Fernanda chega ao local do encontro, com Rubinho, logo depois. E assim, tia e sobrinha se tornam suspeitas, mesmo com Mauro induzindo o delegado Cosme a investigar apenas a possibilidade de suicídio. Enquanto vive sob suspeita, Fernanda beija Miguel, que confessa a Nadine que, desta vez, beijou a verdadeira ex-mulher, causando um novo rompimento com a médica, que tenta submetê-la a um exame de sangue e sanar suas dúvidas. Já Cacilda continua acreditando estar diante da impostora e pressiona Fernanda a se revelar. Vivi passa a ser um fantasma na vida da sósia, que não admite a paixão de Rubinho pela ex-companheira de cela. Ao confessar que possui um aneurisma que pode se romper a qualquer momento, Fernanda consegue balançar o noivo que abandonou e os dois terminam na cama.

O troca-troca de Fernanda e Vivi é
ameaçado por Margô, que, num descuido, diz a Belinha que a bebê é filha de
Miguel e “Fernanda”. A notícia se espalha e chega aos ouvidos do pai da
criança, que logo convida a amada para viver com ele. Vivi aceita, mesmo
sabendo que pode se prejudicar caso haja algum desajuste em seu acerto com
Fernanda que, por sua vez, confessa o plano das sósias a Rubinho e passa a
desfrutar do auxílio do rapaz. O professor chega a convencer Fernanda a
procurar o auxílio de Heitor. O médico lhe propõe uma cirurgia, mas alerta para
o risco de severas sequelas: estaria ele querendo salvar ou dar um fim a vida
de mulher que matou seu pai? Outro problema torna a vida de Fernanda mais
atribulada: Vivi se recusa viajar para a Itália com Miguel, despertando a
atenção do amado, para seus trejeitos e sua falta de traquejo social. Sem ter
como fugir, no entanto, da viagem, Vivi se encanta pela Itália, cenário que
Fernanda já conhecia, e se atrapalha toda no italiano. Miguel nota a farsa e passa
a rejeita-la. Vivi decide deixar a cena, já que Fernanda resolve se submeter à
cirurgia proposta por Heitor. As sequelas são inevitáveis: Fernanda perde a
visão e o médico é acusado por Nadine e Rubinho de estar querendo destruir a
mulher que matou seu pai. Só que quem assassinou o tal homem foi
Mauro. Ele alterou a cena do crime, de forma a levar Fernanda à cadeia.
Um novo
homicídio irá engrossar a lista de crimes do vilão. Ao chantagear Cícero,
usando seu caso com Debbie, e despertar a ira de Martina, que promete descobrir
todos os seus podres, o loiro é surpreendido pela presença de Jarbas (Dartagnan
Jr.), fotógrafo que lhe forneceu elementos para a extorsão, e que dias depois,
aparece morto. As evidências incriminam Cícero, o que auxilia Mauro; a esta
altura, tendo Debbie como sua parceira de vilanias. Mais o jogo está prestes a
virar: instruída por Fernanda, Natália decide revelar ao juiz, na ação que
julga a doação de terras feita por Guilhermina, que viu Mauro assassinar
Heloísa. E Antenor descobre que o filho falsificou sua assinatura para se desfazer
dos imóveis da família. Sem querer prejudicar o rapaz, no entanto, Antenor
registra uma nova assinatura em cartório e doa os bens restantes a Miguel e
Pedro, deixando Mauro possesso. A presença de Bruna (Maria Padilha),
ex-namorada de Jarbas que seduz Mauro de forma a provar seu envolvimento neste
crime, atordoa o vilão, que a associa à falecida Heloísa. E, uma vez atordoado,
revela em alto e bom som, acreditando que a nova amante está dormindo, a
armação que levara Fernanda para a cadeia.
A esta altura, Natália já descobriu a farsa de Fernanda e Vivi e passou a instigar Rubinho a descobrir se as sósias possuem algum parentesco. Através de uma medalhinha encontrada por Irmã Domitila (Ida Gomes), no orfanato em que Vivi fora abandonada, a história começa a se elucidar. Natália descobre uma joia idêntica nos pertences de Guilhermina, o que deixa Aníbal atordoado. E vai até o orfanato, com o pretexto de entregar presentes nas noites de Natal, conversar com a freira Domitila, que nada pode fazer para ajuda-la. A chegada de Juan Caruso (Francisco Milani) à cidade, no entanto, trará novos desdobramentos ao drama das sósias. Ex-marido de Cacilda e pai de seu filho, Pepe (Walther Verve), Juan se envolveu, no passado, com Constância (Maria Helena Dias), uma mulher misteriosa que sente calafrios ao ver Fernanda e Vivi juntas. Ela assume ser mãe de Vivi e induz todos a acreditarem que Juan é o pai da moça. Mas após um acidente de carro que a deixa à beira da morte, Constância resolve abrir o jogo: ela roubou uma das gêmeas de Guilhermina. Sua filha com Juan morreu poucas horas depois do nascimento. Aproveitando-se do fato da avó de Natália ter tido gêmeas naquele mesmo dia, Constância foi até o quarto dela e colocou sua filha morta no lugar de uma das meninas; no caso, Vivi. Ao se casar de novo, abandonou a menina em um orfanato, temendo que seu marido descobrisse o crime que cometera.
Nesse meio tempo, Mauro continua
aprontando. Ao encontrar Nandinha, a filha de Vivi e Miguel, o vilão surta e
promete que irá impedir a menina de roubar a herança que é de sua filha.
Procura Miguel e diz a ele que é o pai da bebê, o que Vivi confirma, temendo as
ameaças de Mauro de fazer mal à sua filha. O que o loiro sequer imagina é que
Heitor, após um severo tratamento psiquiátrico, se recorda do crime que vitimou
seu pai, e inocenta Fernanda da culpa que ela carregou por tantos anos, por
supostamente ter matado um inocente. Inconformada com sua cegueira, Fernanda
dispensa Rubinho, que enlouquece longe da amada. Ele chega a se despir dentro
da igreja, recitando versos do Apocalipse de São João, para desespero do pároco
Marcos (Emiliano Queiróz). Fernanda, enquanto isso, se envolve com Heitor, e se
preocupa com o processo que move contra Mauro, uma vez que quer reaver as
terras que Guilhermina doou a ele. O vilão exige que Vivi se passa pela irmã
perante o juiz, abrindo mão em definitivo das terras. Sem sucesso, Mauro
incendeia o fórum, impedindo o julgamento da ação.
Agora aliados, Fernanda e Heitor
retornam a Porto do Céu, visando impedir os empreendimentos de Mauro. Eles
convocam a imprensa para alertar que o anexo do hotel está sendo construído em
terras que não são dele. Pedro também comunica ao grupo japonês que pretendia
investir no hotel que as terras seguem em litígio. Os japoneses se revoltam com
a informação e oferecem um punhal para que Mauro cometa suicídio. Sem medo de
enfrentar o vilão, Fernanda o procura e o ameaça de morte, caso ele apronte
algo contra Pedro. Nem assim, o malvado sossega. Atenta contra o sobrinho e é
descoberto por Bruna, a quem acaba matando com um tiro. Cosme assiste a tudo e
prende Mauro em flagrante. Aproveitando-se do desajuste mental do vilão, Heitor
consegue fazer com que ele confesse seus crimes.
Na cadeia, bancando o arrependido,
Mauro faz as pazes com o pai, enquanto engendra, com o auxílio de Amorim
(Carlos Vereza), seu novo comparsa, uma perigosa fuga. Durante sua
transferência para outra penitenciária, Mauro liquida os policias que o
conduziam, e escreve, no asfalto, a palavra “vingança”, deixando todos os seus
inimigos atentos. Mauro não demora a agir. Sequestra Natália, que é salva por
Aníbal e Pedro, ficando os dois sob a mira do revólver do malvado. Vivi e
Miguel assumem o lugar de ambos, mas Mauro quer mesmo é se acertar com
Fernanda. Com a visão recuperada, ela imobiliza o ex-amante e parte com ele em
um avião, que irá jogar, minutos depois, no mar, causando a morte de ambos.
Vivi e Miguel estão livres para amar e Rubinho termina como começou: sozinho.
Cara & Coroa também deu espaço às fantasias de Antonio Calmon. Belinha, filha de Mauro e Heloísa, via o espírito de um garoto, Geninho (Luiz Fernando Camarão), que deixava um dos quadros da sala de Antenor para brincar com ela. O fantasminha também leva Anselmo (Tony Tornado), marinheiro e irmão de Dinda (Chico Xavier), fiel escudeira de Antenor, a Porto do Céu, para fisgar o coração de Margô. Geninho é, na verdade, antepassado de Antenor. Apaixonado por Marina, mãe de Guilhermina, fora morto por Alberto, que era obcecado pela moça. A história toda é desvendada por Natália, que após ter uma visão com a bisavó, lê seu diário e descobre que a união de sua família com a de Mauro e Miguel é amaldiçoada por conta do amor não concretizado de Marina e Geninho.
Ganha destaque na trama o núcleo
jovem. O namoro de Pedro e Júlia é abalado pela chegada de Diana (Danielle
Winits), que vive um relacionamento aberto com Mobral (Heitor Martinez). A moça
também encanta Fabinho (Carmo Dalla Vecchia), filho de Cícero, enquanto sua
irmã, Nadja (Maria Maya) caí de amores por Mobral. E Júlia, que parecia sobrar
nessa história toda, acaba descobrindo muitas afinidades com Alex (Bruno
Marques), que por sua vez, já namora a escritora Clara (Carol Machado).
A trama de Cara & Coroa pode ser resumida em quatro atos: Vivi assume o lugar de Fernanda; depois, Fernanda é quem toma para si sua identidade; as duas se unem para ser a mesma pessoa, e por fim, passam ambas a viverem em Porto do Céu. Uma engenharia complicada que Antonio Calmon administrou muito bem, Wolf Maya regeu com primazia a direção, o elenco competente não desapontou em nenhum momento, e a ótima trilha sonora (em especial, a internacional) marcou aquele 1995. Vale a pena ver de novo, no Viva!
Viva
o Palco Viva!
Novas edições comprovam a falta que
musicais fazem à TV
O Globo
de Ouro Palco Viva, estreia da última segunda-feira (17), é mais uma
empreitada do Canal Viva na consolidação de suas produções próprias. Assim como as
reedições do Sai de Baixo, veiculadas
ano passado, a atração padece com as inevitáveis comparações. No entanto, diferentemente do
programa humorístico, sempre atual, o Globo
de Ouro Palco Viva aposta em um formato hoje praticamente extinto na
televisão brasileira. Exatamente por este motivo, a atração exigiu muito
cuidado em sua concepção e execução. E o Viva se saiu muito bem nessa
recriação.
Os tempos são outros. A TV mudou. A
forma de se ouvir música não é mais a mesma. Estamos longe de ficar, como nos
anos 80, a espera de uma atração que nos apresente a parada de sucesso da
semana, fosse ela veiculada no rádio ou na TV. Portanto, o Globo de Ouro Palco Viva surge como uma tentativa de se
estabelecer, novamente, o hábito de se consumir música no meio televisivo e reatar o
vínculo do público com grandes nomes do cenário musical brasileiro; hoje, em
franca decadência. Sendo assim, talvez não fossem necessárias as apresentações
de cantores atuais, com seus hits exaustivamente disseminados em playlists
Brasil afora e a imagem desgastada pela exposição constante. O Globo de Ouro Palco Viva ressuscitaria
apenas os elementos que fizeram seu sucesso no passado, e que, ao que parece,
garantiram a repercussão destas novas edições: durante a apresentação de
músicos tarimbados, as redes sociais registraram grande soma de comentários
elogiosos. O mesmo não se viu quando cantoras como Anitta e Valesca Popozuda
subiram ao palco, completamente deslocadas das outras atrações exibidas. Poderíamos
ter tido a chance de apreciar apenas os profissionais “das antigas”; hoje,
infelizmente, quase que em sua maioria, ignorados pela grande mídia.
A presença de novos nomes nas
reedições de determinadas músicas, no entanto, foi uma escolha acertada. Certos talentos que já nos
deixaram não poderiam ficar de fora desta nova versão da parada musical. Caso de
Agepê, muito bem defendido por Diogo Nogueira, com ‘Deixa Eu Te Amar’. E também
de Renato Russo e seu Legião Urbana, cuja voz de Thiaguinho enalteceu ‘Será’ e
prejudicou ‘Pais e Filhos’, tamanha foram as firulas do cantor na tentativa de
recriar a canção. A ótima Panamericana também reverenciou o Legião Urbana,
assim como Cazuza, e ainda prestou uma homenagem aos Titãs. É pena que a banda
não tenha participado, por falta de convite ou incompatibilidade de agendas, conforme
acontecera com Rosanah. O mesmo para Rita Lee, cuja ‘Mania de Você’ foi muito
bem defendida por Tulipa Ruiz. Cabe também elogios a Nina Becker, que veio com ‘Frisson’, de Tunai. Não se pode incluir neste meio, no entanto, a versão de
Marcelo Janeci para ‘Menina Veneno’, do Ritchie.
O repertório selecionado para a
atração tem se mostrado interessante. Alguns deslizes não chegaram a
comprometer, mas merecem ser anotados: ‘Ouro de Tolo’, nem de longe, é uma das
melhores composições de Raul Seixas, e tampouco fora bem executada pela banda
Tono. E Alcione, ao entoar ‘Meu Ébano’, flertou com as novas gerações, mas
desprezou as antigas, acostumada a ver a Marrom no palco do Globo de Ouro cantando sucessos como ‘Estranha
Loucura’. O episódio “novelas”, exibido na última sexta, trouxe Guilherme
Arantes em sua melhor forma, como há muito tempo não víamos. E mostrou que Baby
do Brasil ainda ostenta os deliciosos timbres de quando ainda era Baby Consuelo
e embalava Água Viva com o seu ‘Menino
do Rio’. O mesmo para Ney Matogrosso e Milton Nascimento, com uma das melhores
apresentações até o momento (‘Coração de Estudante’, com Wagner Tiso). Infelizmente,
outros cantores foram prejudicados pela ação do tempo. É delicioso rever Kátia, Peninha e Dalto, nomes hoje pouco lembrados, e triste constatar que
Sidney Magal não possui o mesmo tom de outrora.
O canal acertou ao abrir as novas
edições do programa com um retrospecto da trajetória do Globo de Ouro. É importante contextualizar as novas gerações, que
desconhecem a importância da parada musical para a TV, para os músicos e o
grande público. Nas edições da atração e nas cenas dos próximos capítulos das
novelas da época é que tínhamos acesso a novos hits. Um tempo longínquo deste
de agora, em que qualquer um publica sua canção na internet e em instantes pode
ser alçado ao mais novo ídolo do Brasil (o próprio site da atração dá essa
possibilidade aos visitantes no “Momento É Com Vocês”). O Globo de Ouro era a consagração de muita gente que batalhou para
viver de música até chegar aos dez mais.
E apresentar o Globo de Ouro também era sinônimo de sucesso. Que o diga César
Filho, até hoje reverenciado pelo seu desempenho em frente à atração, fosse
acompanhado por Cláudia Abreu, Cláudia Raia ou Isabela Garcia (a mais famosa
das apresentadoras). Juliana Paes e Márcio Garcia estão muito bem nas passagens
entre os números musicais. Embora não haja a aparente espontaneidade existente
nas edições da TV Globo, podemos constatar que o texto elaborado conseguiu
passar a impressão de entrosamento necessária à dupla.
Até o final da semana, temos ainda
quatro edições do Globo de Ouro Palco
Viva. O resultado final parece excelente, apesar dos pequenos deslizes aqui
citados. Uma ode ao passado, uma grande homenagem a talentos da música, e um
alerta para as novas gerações: músicas e músicos surgem e permanecem através de uma carreira
calcada em trabalho, parcerias e boas composições; não em sucessos efêmeros e
capas de revistas. Que possamos ver mais edições deste especial e também do Globo de Ouro original (cujos episódios
dos últimos anos de existência já foram exaustivamente reprisados).
sábado, 22 de novembro de 2014
O Viva
Retrô, horário de novelas que o blog sugeriu para o Canal Viva, se revelou
um grande sucesso! O texto sobre Amor com
Amor se Paga, do meu amigo Zé Filho, bateu recorde de visualizações, tão
logo fora postado. Hoje, resgatamos outra trama das 18h, mas desta vez dos anos
70. Tenho certeza que vocês também adorariam rever este sucesso...
Epa,
mais vale uma xepa na tela da gente...
Apenas o talento de Yara Côrtes já
vale reprise da trama no Canal Viva
Cresci ouvindo elogios à Dona Xepa, por parte de familiares e
amigos. Tão logo tive a oportunidade, busquei todo o material possível sobre a
trama de Gilberto Braga, adaptada a partir da peça teatral de Pedro Bloch.
Nunca me entusiasmei, no entanto, com a atualização da trama, Lua Cheia de Amor, nem com a nova
adaptação do texto original, Dona Xepa,
exibida na Record. O filme homônimo, porém, se revelou uma grata surpresa. Alda
Garrido, que já havia imortalizado a personagem no teatro, vive Dona Xepa com
maestria. Ainda assim, sonho em ver, um dia, o trabalho de Yara Côrtes, dando
vida a esta que, sem sombra de dúvida, é mãe abnegada mais famosa da
teledramaturgia brasileira. No Viva, já tivemos a oportunidade de conferir o
talento de Yara em Top Model, História de Amor e A Viagem, ainda no ar. Mas nenhuma dessas atuações foi capaz de
superar o papel que a consagrou.
Dona
Xepa não foi um marco
apenas na vida de Yara Côrtes. A novela simbolizou um novo tempo no horário das
18h. Era a primeira novela contemporânea na faixa, desde que o horário fora
fixado, em 1975. Também a primeira a abandonar as adaptações literárias,
apostando em um texto concebido originalmente para o teatro. E, até aquele
momento, foi a mais ousada das novelas do horário. Cenas na piscina, com
mocinhas de biquíni e mocinhos com um copo de uísque na mão, tomaram o espaço
até então ocupado por fazendas coloniais e vestidos pesados. Os ideais de
libertação dos escravos eram substituídos pelos intentos de ascender
profissional e socialmente.
A novela, no entanto, tinha um pezinho
no passado. Dona Xepa começa em
fevereiro de 1975. Feirante, Xepa, ou Carlota Soares da Costa (Yara Côrtes),
fora abandonada pelo marido há tempos, e se viu obrigada a trabalhar dia e
noite, para que nada faltasse aos filhos. Conseguiu dar aos dois, Edson
(Reynaldo Gonzaga) e Rosália (Nívea Maria), educação e regalias acima das que
tivera quando na idade deles. Imbuída das melhores intenções, Xepa almeja
alcança-los intelectualmente, mas não obtém sucesso em suas investidas. Às
voltas com seus problemas financeiros, tem dúvidas se deve pagar sua licença de
feirante ou a mensalidade do curso pré-vestibular do primogênito. Ou seja: ou
ela trabalha ou o filho estuda. Enquanto a mãe queima os neurônios em busca de
uma solução, Edson pensa em sair de casa, passando a dividir o aluguel com os
amigos Ronaldo (Nardel Ramos) e Daniel (Edwin Luisi), moço boa-praça, eterno
apaixonado por Rosália. Arrivista, a moça pretende se afastar o quanto for
possível de suas origens humildes. E para atingir seus intentos, mira no editor
de revistas Ivan (João Paulo Adour).
Ivan é tão ambicioso quanto Rosália.
Funcionário da editora Becker, pertencente à família que ostenta tal sobrenome,
ele pouco se importa com a suburbana. Só tem olhos para Heloísa (Fátima
Freire), a filha dos patrões, Henrique (Ênio Santos) e Isabel (Ida Gomes, outra
atriz que deixou saudades), a quem pretende conquistar, precipitando sua
escalada dentro do grupo editorial. Rosália, em sua busca pela riqueza de modo
fácil, também esbarra na família Becker. Conhece Otávio (Cláudio Cavalcanti),
primogênito de Henrique e Isabel, e inicia um romance com ele. O rapaz, no
entanto, não revela sua condição financeira, o que a leva a crer que ele é tão
ou mais pobre do que ela e, consequentemente, terminar o romance. Manter sua
fortuna camuflada ajuda Otávio a afugentar interesseiras; sempre rechaçou quem
se aproxima dele com interesse no patrimônio de sua família. Obcecado por
conquistas difíceis, Otávio despreza a riquinha Gisa (Patrícia Bueno), que lhe
parece muito óbvia, e cai de amores por Helena (Ísis Koschdoski), que lhe não
dá a mínima por ser absolutamente apaixonada por Edson, seu namoradinho de
infância, que a ampara no momento em que ela perde o pai, Saraiva (Fregolente).
Desprezada por Ivan e por Otávio,
Rosália parte em busca de outro bom partido. O eleito é Heitor (Rubens de
Falco), que corresponde às investidas da moça, se revelando um completo
apaixonado. Rosália o ludibria, negando sua origem, e por pouco não é
descoberta por Edson, que, por entender as razões da irmã de querer fugir da
superproteção da mãe, consente em esconder suas mentiras. Edson também está em
busca do seu lugar ao sol e tem dúvidas se lá há espaço para a abnegada Xepa.
Após ganhar um concurso de contos, ingressa no fechado círculo de intelectuais cariocas,
onde é tratado como um escritor em ascensão, e realiza seu sonho de ir morar
sozinho, acreditando que já não é de bom tom morar na vila pobre em que vive
com a mãe não é. Edson também procura descobrir o paradeiro do pai. Investiga
Corina (a ótima Zeni Pereira), feirante amiga de Xepa, e descobre que o pai
trabalhara em uma rádio, onde consegue informações que dão conta da data de seu
desaparecimento. É desta forma que ele passa a pressionar a mãe para descobrir
o que acontecera com Joel (Castro Gonzaga), o marido que se escafedeu sem dar
explicações.
Após a decepção com a saída do filho
de casa, e os desentendimentos causados pelo esposo sumido, Xepa enfrenta a
rejeição de Rosália. Prometendo lua-de-mel na Europa, Heitor consegue leva-la
ao altar, sem que ela descubra sua verdadeira condição financeira. Milionário
de berço, Heitor viu o pai, Raul Pires Camargo (Antônio Patiño), perder toda a
sua fortuna, o que leva Glorita (Ana Lúcia Torre, excelente!), sua madrasta, ao
desespero. Glorita almeja figurar entre os colunáveis do Rio de Janeiro e tem
verdadeira obsessão por Isabel Becker. Dona de uma boutique, na qual trabalha
Regina (Ângela Leal), grande amiga de Xepa, Glorita costuma usar as roupas de
sua loja e devolvê-las para que sejam vendidas às parcas madames que frequentam
o estabelecimento. A pobre Rosália, enfim, continuará tão pobre quanto sempre
fora.
Para bancar a viagem de lua-de-mel,
Heitor entrará em dívidas e assinará diversas promissórias. É a forma que ele
encontra de manter o status que aparenta; homem de classe que é e fazendo jus à
boa fama que conquistou como diretor do escritório de advocacia mantido pelo
pai. O dinheiro que conseguira levantar, no entanto, não é suficiente para
bancar a festa de casamento. Enquanto busca um jeito de impedir Xepa de
participar da recepção (o que já fizera anteriormente no noivado, onde deixou a
feirante restrita à cozinha), Glorita faz uso do dinheiro que a feirante
consegue vendendo doces para fora para promover a festa. O matrimônio,
entretanto, é ameaçado por Daniel. Trabalhando como fotógrafo numa revista de
fotonovelas, o jovem consegue se tornar diretor da editora Becker, onde assume
a revista Passarela e conquista a confiança de Joice (Marlene Figueiró),
profissional experiente na redação, enfrentando a oposição de Ivan,
principalmente após seu envolvimento com Heloísa. Indo à igreja, Daniel intima
Rosália, mas é impedido por Regina, a esta altura trabalhando como atriz e
apaixonada por Otávio, de promover um escândalo maior. Também Xepa, por pouco, não
causa um grande burburinho. Ela quase não participa da cerimônia, uma vez que
Glorita lhe dá bebida com sonífero, a qual Xepa não bebe porque é impedida por
Cleonice (Marina Miranda), sua amiga que trabalha na casa de grã-finos.
Casada, Rosália se afasta cada vez
mais da mãe, a quem passa a visitar apenas uma vez por semana, esquecendo-se
das promessas de tirá-la do meio em que vivia. Pouco depois, se descobre
grávida. Completamente apaixonado pela esposa, e ansioso pela chegada do bebê,
Heitor simula o roubo de um valioso colar, aplicando um golpe em sua
seguradora. Rosália encontra a joia em meio aos pertences do marido, ao mesmo
tempo em que descobre que Heitor e o pai desviaram uma grande quantia das
empresas de Henrique Becker. Decidida a ir embora do apartamento de Glorita,
Rosália telefona para o marido, que, desesperado, parte em disparada ao seu
encontro, sofrendo um acidente de carro que lhe tira a vida. Logo em seguida,
Raul é preso, e Rosália, sentindo-se culpada, decide permanecer no apartamento
de Glorita, que irá fazer de tudo para afastar Xepa da neta, considerando sua
presença prejudicial à menina, Maria Carolina, cujo nascimento transfere a ação
da novela para 1976.
A imprensa da época resumira o perfil da feirante
da seguinte forma: “Dona Xepa é representante de uma classe menos privilegiada
que chega a sacrifícios incomensuráveis para que os filhos estudem e cheguem a
posições de destaque dentro da sociedade”. E Gilberto Braga completou: “Até que
ponto os filhos que não pediram esses sacrifícios ficam implicados em retribuir
material e afetivamente o que lhes foi dado? E os pais, que tanto deram de si,
não cobrarão essa dívida, no futuro?”. O Canal Viva poderia nos conceder a
chance de ver, ou rever, a novela, e saber se a trama foi feliz em sua
abordagem. Por Xepa, por Yara Côrtes e por nós... #ReprisaViva!
terça-feira, 18 de novembro de 2014
O Vivo
no Viva adoraria continuar revendo minisséries no Canal Viva, como as
exibidas desde o início do canal até maio deste ano. Por este motivo, vamos
continuar nossas sugestões de títulos aqui. Depois do sucesso Hoje é Dia de Maria, em outubro, hoje resgatamos
a pouca lembrada Meu Marido.
Difícil veredicto
Meu Marido traz homem dividido entre
esposa e advogada
O Viva já resgatou minisséries
aclamadas por público e crítica; sucessos de audiência que marcaram a história
do gênero no Brasil. Mas nem todas as apostas nesse ramo de dramaturgia se
sobressaíram. Algumas como Contos de
Verão e Sex Appeal, já reprisadas
pelo Viva, passaram em brancas nuvens. O mesmo caso se aplicada a nossa
sugestão de hoje, Meu Marido. Pouco
lembrada, e até porque não dizer, obscura, a minissérie de Euclydes Marinho
recorre a um tema já visto no cinema e também na teledramaturgia brasileira,
como em Império: o envolvimento de
advogadas com seus clientes. O mote, presente na novela de Aguinaldo Silva
através de Carmem (Ana Carolina Dias) e Orville (Paulo Rocha), norteou também
outra obra de Euclydes Marinho, a confusa Desejos
de Mulher.
Na novela das 19h, Júlia Moreno (Glória
Pires) via seu marido, Renato (Cássio Gabus Mendes), envolvido em um escândalo
financeiro. Para defendê-lo, contratava a advogada Fernanda (Deborah Evelyn),
que se apaixonava pelo acusado. Júlia, por sua vez, se envolvia com Chico Maia
(Eduardo Moscovis), jornalista interessado em defender Renato perante a
sociedade. A trama não deu certo e Deborah Evelyn e sua Fernanda acabaram
afastadas, diante das muitas alterações as quais a novela foi submetida. Talvez
em Meu Marido, por se tratar de uma
obra de apenas 08 capítulos, Euclydes tenha se saído melhor. Júlia, Renato,
Fernanda e Chico, de Desejos de Mulher,
aqui correspondiam a Maria (Elizabeth Savala), Carlos (Nuno Leal Maia), Carmem
(Imara Reis) e Bruno (Vicente Barcellos).
Carlos Zanata, um cidadão acima de
qualquer suspeita, se vê acusado por porte de cocaína, na noite de Natal. Antes
de entrar em casa, onde Maria e os filhos o esperam para a ceia, é abordado por
policiais que, após uma varredura em seu veículo, encontram grande quantidade
de entorpecentes no estofamento do carro. Com o marido em cana, Maria se vê
obrigada a batalhar para provar sua honestidade. Encontra Carmem, criminalista
que assume a defesa do réu, ao mesmo tempo em que passa a se relacionar
amorosamente com ele. O caso ganha repercussão com este envolvimento e Maria,
que segue ao lado do marido, só encontra apoio em Bruno, jornalista que tenta
ajuda-la a reunir provas que inocentem Carlos. O que ela, nem ele, esperavam é
que no decorrer das investigações surgissem indícios que fariam cair por terra
a suposta integridade do outrora insuspeito pai de família.
Carlos, enfim, se revela um homem
honesto. Auditor de contas da União, ele havia encontrado irregularidades em
uma hidrelétrica e recusado suborno para arquivar o processo. Por este motivo,
fora envolvido na cilada relacionada às drogas. Uma vez preso, aceitou o acordo
tentado anteriormente, em troca de sua liberdade. Ao final, rejeitado por
Carmem, que não suportava a convivência com ele, confessa a Maria que sempre
soube quem o enviara à prisão, conta sobre o acordo feito na cadeia, devolve o
dinheiro do suborno e reabre o processo que irá apurar as irregularidades na
hidrelétrica. Só não tem pleno sucesso em seus intentos porque Maria,
decepcionada, se recusa a retomar o casamento.
Meu
Marido foi concebida
como uma novela de aproximadamente 130 capítulos, que discutiria o casamento.
Com a alteração de formato, deu-se preferência ao lado policial da trama,
favorecendo o que Euclydes Marinho classificou em entrevistas, na época, como
‘drama noir’. Com estreia prevista para 09 de outubro de 1990, substituindo Riacho Doce, a minissérie foi
reprogramada para maio de 1991 diante das alterações as quais o elenco inicial
foi submetido, o que protelou as gravações. Nívea Maria deixou o papel de Maria
para Elizabeth Savala, enquanto Carlos Vereza e Juca de Oliveira recusavam o
protagonista Carlos. Na estreia, em 07 de maio, seus capítulos já estavam
concluídos. A trilha sonora coube a Wagner Tiso e a direção a Walter Lima Jr.,
aclamado cineasta que, na ocasião, já havia dirigido Inocência (1983) e Ele, o
Boto (1987), além de episódios especiais do Globo Repórter.
A minissérie chegou ao final de sua
exibição no dia 17 de maio, mesma data em que Meu Bem Meu Mal, então cartaz das 20h30, se encerrava. Na segunda
seguinte, estrearia O Dono do Mundo,
em exibição no Viva. Reprisada apenas para o Distrito Federal, em virtude das
eleições para prefeito, em 1996, Meu
Marido merecia um repeteco no Viva. Estamos no aguardo!
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
Já sabemos que Pedra Sobre Pedra é a
próxima novela das 14h30 do Viva. Mas depois da trama das 20h, quem sabe não
poderemos acompanhar um dos maiores sucesso das 18h nos anos 80: Direito de Amar. Tramas da década
dificilmente figuram neste horário, mas não custa nada nos mobilizarmos para
conseguir rever um grande sucesso como este...
Pelo
direito de se emocionar
Público das tardes do Canal Viva se encantaria
com Direito de Amar
Rio de Janeiro, última noite do ano de
1900. Nasce um novo século, o XX. Nasce um grande amor, o de Adriano (Lauro
Corona) e Rosália (Glória Pires). Renasce o horário das 18h da TV Globo, após
uma interrupção de três meses e uma reprise tapa-buraco de Locomotivas, de Cassiano Gabus Mendes. A Noiva das Trevas, radionovela de Janete Clair, ganhou força nas
mãos de Walther Negrão e brilho através da direção primorosa de Jayme
Monjardim, tornando-se Direito de Amar,
uma das mais belas produções globais da década de 80. A julgar apenas pela
estética, a novela já seria uma ótima escolha para a faixa das 14h30 do Viva. Entretanto,
Direito de Amar possui outros inúmeros
elementos que justificam sua exibição.
Lembro de ter visto a novela em sua
reprise no Vale a Pena Ver de Novo,
numa versão de aproximadamente 80 capítulos. Minhas lembranças mais fortes dizem
respeito à reta final, onde Rosália passa os dias enclausurada em uma torre,
sob constante vigilância de um ermitão. Apenas mais uma das muitas provações
pelas quais fora obrigada a passar, antes de se unir ao seu amado. Rosália era
uma mocinha romântica; jamais sofredora. Seu comportamento diante das
adversidades surpreendera seus pais, encantara Adriano e fez despertar no
temido Senhor de Montserrat (Carlos Vereza) um amor tão grande que o mesmo quase
se redimira perante os telespectadores, tamanha era a sua devoção à mocinha.
Quando a novela se inicia, Montserrat
está em vias de executar a dívida de Augusto (Edney Giovenazzi), industrial
que, diante da eminente falência, pensa em suicídio. É impedido, no entanto,
pela chegada da filha, Rosália, que será sua tábua de salvação, ainda que isto
lhe custe o seu “direito de amar”. Encantado com a menina, e acreditando ainda
ser um homem forte e viril, Montserrat exige a mão de Rosália em casamento,
como pagamento da promissória. Para ele, “não faz sentido que uma dívida passe
de um século para outro”. Na mesma noite, durante um baile de máscaras, Rosália
dança com um misterioso alguém, que lhe propôs um brinde não só ao início de
1901, como também a todos os anos subsequentes. Montserrat observa a cena e, preocupado
com os arroubos da juventude aos quais Rosália está sujeita, decide precipitar
seu matrimônio: promete esperar Rosália por três anos, mas quer que seu
casamento civil seja realizado imediatamente. Apesar de ter aceitado a
proposta, Augusto sucumbe a culpa e adoece, fazendo com que sua mulher Leonor
(Esther Góes) aceite os termos de Montserrat. Ingenuamente, Rosália assina a
certidão de casamento, na presença dos pais, de Montserrat e de um juiz que
reconhece a legitimidade do documento. Está casada! E para que Montserrat não atente
contra a moral da sua agora esposa, Leonor e Augusto a levam para um colégio
interno. Na clausura, Rosália só faz recordar o belo mascarado de olhos azuis
com quem dançou.
Ele é Adriano, que, por ironia do
destino, vem a ser filho de Montserrat. Médico, por influência do amigo Jorge
Ramos (Carlos Zara), opositor de seu pai, Adriano está de volta ao Rio de
Janeiro, obstinado a cuidar da tia adoentada, Joana (Ítala Nandi), que
Montserrat mantém trancafiada no sótão de sua nefasta mansão. Na mesma noite em
que conhece Rosália, Adriano salva o pai após um acidente com sua carruagem e
aceita seu pedido, para que volte a morar na casa onde fora criado, e que
tantas lembranças ruins causam ao rapaz. Uma vez ali, Adriano só se sente bem
na presença de Berenice (Célia Helena) e Raimundo (Rogério Márcico), caseiros
da residência. Dois anos se passam e Adriano também segue obstinado a
reencontrar aquela que conheceu na passagem do século.
Eis que Montserrat decide visitar sua
prometida no internato e toma conhecimento de sua paixão pelo homem com que ele
a viu dançar no baile de máscaras. Desconfiado de que o rapaz em questão é o
seu herdeiro, Montserrat pede a Leonor e Augusto que busquem Rosália, para
realizarem o casamento religioso o mais rápido possível. A precipitação tem
razão de ser. Adriano, como médico, visitara o colégio interno e, tão logo
cruzou seu olhar com o de Rosália, a abordou com as mesmas palavras que usara
no baile. Estavam juntos novamente; desta vez, sem máscaras. O que Rosália
sequer imagina, e que lhe causará grande decepção quando descobrir, é que
Adriano, enquanto esteve sozinho, namorou Paula, a invejosa prima da moça.
Paula representa uma pedra no sapato
do casal protagonista. Filha dos hilários Manel (Elias Gleiser) e Catarina
(Yolanda Cardoso), donos da confeitaria onde a boêmia local se reúne, Paula se
interessa por Adriano na mesma noite em que o médico conhece Rosália. Ardilosa,
prometeu a prima que descobriria quem era o tal rapaz mascarado, mas ao invés
disso, tratou de se apresentar com a moça com quem ele dançou. Desmentida pelo
próprio Adriano, a vilã continuou insistindo, até os dois firmarem compromisso.
Compromisso este desfeito tão logo ele reencontra seu grande amor, o que leva
Paula até Montserrat, confirmando as suspeitas do banqueiro de que Rosália está
encontrando seu amado. Pegos em flagrante por Raimundo, que os observava a
mando de Montserrat, Adriano e Rosália são surpreendidos pela espantosa
revelação que Paula lhes faz. “Você não pode ter o filho porque já pertence ao
pai!” é a frase com a qual a prima malvada põe fim aos sonhos românticos de
Rosália.
Revoltado, Adriano promete a Ramos que
não irá mais ver Rosália e rechaça uma carta apaixonada da moça, intermediada
por Tonica (Betty Gofman), sua grande amiga. Descrente com relação ao amor que
o médico dizia sentir, Rosália aceita subir ao altar com Montserrat. Mas o que
parecia resignação, a princípio, simboliza uma nova fase na vida da moça.
Encerrada a cerimônia, Rosália dá as costas ao noivo e diz que, uma vez casada,
passa a ser emancipada; portanto, dona de seu nariz. É assim que ela deixa a
igreja rumo à pensão da mal falada Esmeralda (Cinira Camargo), onde passa a
trabalhar como faxineira. Após receber a maledicente Paula, que enxota jogando
um balde de água em sua cabeça, Rosália é surpreendida por um Adriano, ainda
mais apaixonado. A união leva a um plano de fuga, fracassado por conta de uma
epidemia de febre amarela no orfanato local.
Direito
de Amar evocava as
lembranças do início daquele próximo centenário no Rio de Janeiro. Das
previsões de Nostradamus que faziam as personagens temer pela virada do século,
passando pelos intelectuais e artistas boêmios, até a campanha de Oswaldo Cruz
pelo saneamento básico. A abordagem da febre amarela surgiu para dinamizar o
perfil contestador de Rosália. Interessada em angariar recursos para os
cuidados médicos, a jovem concordou em posar, praticamente despida, para o
pintor Danilo (João Carlos Barroso), que confeccionava cartões postais. Diante
da repercussão negativa de sua atitude, que a afasta até mesmo de Adriano,
Rosália se vê obrigada a aceitar o convite de Montserrat para se mudar para a
mansão. Ela assim o faz, após ser intimidada, em plena luz do dia, por supostos
homens de bem, que a achacavam por conta de suas poses sensuais nos cartões.
A atitude de Rosália surpreende
Montserrat e entristece Adriano. Ciente de que agora tem a mulher sob seus
domínios, o vilão se aproveita de um jantar em que reúne toda a família, sua e
da esposa, para dizer que ele e Augusto realizaram um ótimo negócio com o
casamento. O clima de animosidade se instala na mansão e não cessa nem mesmo
quando Rosália confessa a Adriano que preferiu mudar para a casa de Montserrat
do que ir para a residência dos pais apenas para ficar perto do amado. A
situação se complica após Paula simular uma noite de amor com Adriano, que,
dopado, não tem como argumentar diante da insistência de Manel, para que o
médico repare o mal que fez a sua filha. Satisfeita com o sucesso de sua
empreitada, Paula desfila de vestido de noiva pela confeitaria e atira seu
buquê no colo de Rosália, ali em companhia de Montserrat. Inconformada com a
traição de Adriano, a protagonista se deixa envolver pelo vilão, com quem vai
cavalgar e sofre um pequeno acidente. Submetida aos cuidados de seu grande
amor, Rosália, mais uma vez, se rende à paixão. O que ela não esperava é que
Adriano, envolvido com o anarquismo, fosse ser baleado durante uma passeata
pública, inviabilizando uma nova fuga do casal.

Após o tiro que imobiliza Adriano, Rosália
decide ajuda-lo a se recuperar. Ao tomar conhecimento do fato, Montserrat envia
os policiais à pensão de Esmeralda, onde o médico se refugiou. Adriano acaba
preso e Ramos, o verdadeiro doutor anarquista, que vem ajudando os grevistas em
suas passeatas, se entrega à justiça também. Eis que Adriano é libertado,
enquanto Ramos é enviado para uma prisão distante do Rio de Janeiro. Ao
interceder pelo médico, Rosália é surpreendida por uma exigência do marido: ela
terá que cumprir os seus deveres de esposa. Após a libertação de Ramos, sem ter
como fugir da promessa, Rosália se deita com Montserrat e só não é deflorada
porque Joana irrompe o quarto, bradando aos quatro ventos que está sendo vítima
de uma traição. Para fugir do assédio do marido, Rosália também conta com a
ajuda de Mercedes (Suzana Faini, ótima!), governanta da mansão, apaixonada pelo
patrão. Um novo fato, no entanto, irá conter os intentos de Montserrat: Ramos e
Adriano abrem o túmulo de Bárbara e descobrem que ele está vazio; sendo assim,
a primeira esposa do vilão está viva. Ao tomar conhecimento do caso, Rosália
recusa-se a deitar com Montserrat, por ele estar cometendo o crime de bigamia.
A recuperação da lucidez de Joana
levam ao paradeiro de Bárbara: tratava-se da mulher louca presa no sobrado; ou
seja, Montserrat manteve a esposa trancafiada, enquanto todos acreditavam que
ela estava morta. A chegada da verdadeira Joana, irmã gêmea de Bárbara que
vivia em Paris como Nanette, uma cortesã, elucida em definitivo a trama. E
expõe outro segredo: Ramos é o verdadeiro pai de Adriano. Para não ser preso
por bigamia, Montserrat ignora as reações do médico e do suposto filho, e foge
para a torre onde passou a manter Rosália trancafiada, desde que tomou
conhecimento, por intermédio de Paula, que a mocinha iria fugir com Adriano.
É
a ardilosa vilã quem vai ao encontro de Adriano no porto, relembra que está
grávida dele (mentira, é claro!), e diz não ter conhecimento do paradeiro de
Rosália; a esta altura, mantida sob a vigilância de um ermitão, Cipriano (André
Valli). Descoberto por Ramos, Montserrat o convoca para um duelo. Ciente de seu
fracasso, em todas suas investidas (em especial, na conquista do coração de
Rosália), Montserrat aponta sua arma para o alto e se deixa balear por Ramos.
Já Paula é desmascarada enquanto está no altar com Adriano, pela chegada de Cirineu
Farfan (Carlos Gregório), que diz ser o pai da criança que ela espera. Eis que,
em 1904, Adriano finalmente poderá cumprir o que prometera a Rosália no
primeiro encontro dos dois: será um ano muito feliz, começando, aliás, com o
casamento dos dois, enfim vivendo o amor em sua plenitude.
Além da trama deliciosamente folhetinesca, outros elementos fizeram de Direito de Amar um grande sucesso: sua trilha sonora primorosa; cenografia, figurinos e direção de arte; e o elenco, que trazia ainda Rômulo Arantes (Nelo), Priscila Camargo (Alice), Tim Rescala (o responsável pela trilha sonora de Meu Pedacinho de Chão, aqui interpretando Bodoque), Narjara Turetta (Mariana) e Rosana Garcia (Marizé). Uma grande novela, que com certeza, todo telespectador do Viva adoraria rever. Queremos #DireitoDeAmarNoViva!
Deixo vocês, leitores, com um vídeo publicado por 93Fr1, com o capítulo 155 de Direito de Amar, incluindo trechos de intervalo. Uma curiosidade de ordem pessoal: este capítulo fora exibido um dia após o meu nascimento, em 13 de agosto de 1987.
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